CAPITULO I: Processos de organização da cultura e a institucionalização do Serviço Social: Dermacações do principio educativo na prática do assistente social |
O conformismo mecanicista como principio educativo no processo de institucionalização do Serviço Social. |
- “Nos marcos da organização do americanismo engendram-se as condições sócio - históricas em que se intensifica o processo de institucionalização do Serviço Social nos Estados Unidos [...]”Pg.39. Parágrafo 01;
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- “O Serviço Social como profissão, consolida-se e expande-se, nas três primeiras décadas deste século, consubstanciada na organização e difusão do conjunto de inovações organizacionais na produção e no trabalho, introduzidas com a linha de montagem nos moldes fordista/tayloristas.” Pg.39. Parágrafo 02;
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- “A prática profissional inscreve-se nesses processos a partir da mediação do sistema de controle social em que se situam as práticas assistenciais, considerando, sobretudo o agravamento da questão social e as exigências postas pelo novo padrão produtivo e de trabalho; vincula-se, pois a necessidades históricas de imprimir as referidas práticas um cunho educativo “ressocializador” [...]” Pg.39 e 40. Parágrafo 02 e 01;
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- “Este processo de profissionalização é mediatizado pelas experiências assistenciais estratégias de formação de quadros especializados nesta área desenvolvidas pelo Estado, igreja e outros setores [...].”Pg.40. Parágrafo 02;
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- “A questão assistencial recoloca-se, pois, no âmbito das novas estratégias de controle social desenvolvidas pelo capital sobre o trabalho. Estas estratégias tendem a subsumir as experiências assistenciais, filantrópicas e caritativas de origem laica e religiosa [...]”Pg.40. Parágrafo 03;
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- “Entre as mediações mais importantes sobressaem as configuradas pela ação social, assistencial e filantrópica desenvolvida pelo Estado por instituições laicas e religiosas - especialmente as Sociedades de Organização da caridade européia e norte- americanas e a igreja católica - e principalmente as formas de manifestação [...] movimentos revolucionários e operários [...]”Pg.41. Parágrafo 02;
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- “A profissionalização do assistente social na Europa e nos Estados Unidos ocorre no mesmo período histórico, compreendido entre a fase final do século XIX e as três primeiras décadas do XX.” Pg.41 e 42. Parágrafo 03 e 01;
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- “[...] As primeiras escolas de formação profissional para atuação do campo da assistência social e da filantropia, em Nova York (Escola de Filantropia Aplicada) e em Amsterdã em 1899, impulsionando e mediatizada peãs Sociedades de Organização da Caridade européiase americanas e pela ação e doutrina social da igreja católica [...]”Pg. 42. Parágrafo 01;
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- “[...] Embora seguindo percursos diferentes, o Serviço Social europeu e o norte americanoaproximam-se na perspectiva reacionária em relação aos movimentos revolucionários que marcaram o iniciodo século XX, especialmente a vitoriosa Revolução Russa em 1917.” Pg. 42. Parágrafo 02;
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- “As funções pedagógicas - persuasivas e coercitivas - para as quais foram requisitados os assistentes sociais inserem esses profissionais nas formas de organização do consentimento e da adesão das classes subalternas à “nova” ordem do capital [...] conectam, portanto, a prática profissional com estratégias e mecanismos sociopolíticos, culturais e institucionais, necessários para o enquadramento da reprodução social aos padrões morais de sociabilidade e do controle político sobre os subalternizados.” Pg. 42. Parágrafo 03;
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- “O princípio educativo que funda a estruturação destas funções traduz-se na necessidade do estabelecimento de um conformismo social no seio da sociedade.”
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- “O principio educativo, a rigor, significa uma adequação do processo ideológico formadorde determinado modo de vida-cultura as necessidadese imperativosde um tipo de racionalização produtiva [...].”Pg. 43. Parágrafo 01;
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- “[...] sob o ponto de vista das exigências da produção fordista/tayloristas, esse conformismo supões o equilíbrio psicofísico puramente mecânico [...] um conformismo mecanicista” Pg. 43. Parágrafo 02;
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- “Para avançar nesta discussão sobre o conformismo mecanicistana organização da culturae apreender suas repercussões na função pedagógica do assistente social na sociedade, constitui um ponto de partida a analise gramsciana sobre o americanismo e o fordismo, considerando fundamentalmente dois pontos.” Pg. 43. Parágrafo 03;
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- “O primeiro refere-se às preocupações de Gramsci com a constituição do americanismo a partir do padrão fordista/taylorista, visando compreender a recomposição “da unidade entre as relações sociais de produção, as novas exigências de acumulação capitalista [...].” (Souza, 1992:4). O segundo ponto corresponde tanto influência da formação da cultura – americanismo - no processo de institucionalização do Serviço Social que se define a partir desse padrão cultural, tendo o ordenamento societário instaurado pelo [...] o Welfare State como principal mediação, quanto o desenvolvimento teórico metodológico da profissão [...].” Pg. 44. Parágrafo 01;
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- “Articulação fordismo/taylorismo fudam-se, pois numa combinação da “subordinação técnica do trabalho á maquina, implementada pela supervisão externa e reforçada por novos métodos de estimular a motivação subjetiva do trabalhador” (Clarke1991: 138)” Pg. 45. Parágrafo 04;
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- “A analise de Gramscisobre a organização do americanismo alicerçar-se na unidade orgânica entre a relação estrutura /superestrutura , em que a determinação da estrutura não é mecânica [...] em que a superestrutura reagem sobre a estrutura , a política sobre a economia.” Pg. 46. Parágrafo 02;
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- “O fordismo apresenta-se como uma verdadeira arma nas mãos da classe dominantes contra a combatividade e a unidade operária desenvolvendo a formação de um tipo de trabalhador coletivo por meio do qual se erigiu uma nova classe operariae uma nova classe média (GRASMCI, 1976).” Pg. 47. Parágrafo 01;
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- “O novo homem fordiano corresponde, na verdade a um complexo humano (o trabalho coletivo), isto é, um componente de uma empresa como “uma máquina que não deve desmontada com frequênciae ter suas peças renovadas constantemente sem perdas ingentes (GRASMCI 1976:397-8).” Pg. 47. Parágrafo 02;
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- “A referido padrão produtivo colocou como exigência a quebra da resistência dos trabalhadores qualificados em relação aos novos métodos industriais, tendo em vista a necessária disciplina e sujeição dos mesmos à intensidade do trabalho fabril.” Pg. 47. Parágrafo 03;
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- “Entender o assistente social como intelectual não significa um superdimensionamento das funções políticas da profissão, nem tampouco desloca a intervenção profissional para o terreno do militantismo político.” Pg. 49. Parágrafo 02;
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- “[...] No processo histórico real de formação dos intelectuais, duas modalidades: uma referente ao surgimento do intelectual orgânico como parte do processo de constituição histórica das classes sociais como classe para si [...] outra modalidade dá conta da categoria dos intelectuais tradicionais, isto é, das camadas intelectuais preexistentes [...] suas funções intelectuais, principalmente via mediação partidária [...]”Pg. 50. Parágrafo 02 e 04;
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- “O entendimento de que o assistente social como um intelectual do tipo tradicional pode constituir-se em intelectual orgânico, seja do proletariado, seja da burguesia.” Pg. 51. Parágrafo 02;
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- “Como intelectual profissional, o assistente social sempre desempenha funções intelectuais na sociedade, porque de acordo de com a concepção gramsciana [...] todos os homens como intelectuais, na medida em que são todos filósofos [...].” (Gramsci, 1978c: 11) Pg. 52. Parágrafo 02;
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- “A classe detentorado capital, em seu processo de constituição desenvolve as mais amplas camadas de intelectuais.[...] a burguesia constrói sistematicamente esses intelectuais, seja na escola, seja no mundo da produção[...].’’Pg. 52. Parágrafo 03;
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- “Quanto à formação do intelectual vinculado as classes subalternas especialmente ao operariado fabril, (Gramsci 1979:8) considera - contrariando a tese taylorista do desenvolvimento de atitudes maquinais no trabalhador fabril[...].”Pg. 53 e 54. Parágrafo 03 e 01;
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- “[...] O americanismo imprime uma nova ética do trabalho e do consumo, empreendendo uma verdadeira reforma moral. A ética do trabalho e do consumo associa-se a uma nova ética sexual, sustentada na tese de que o desenvolvimento de um novo tipo de homem, adequado á racionalização da produção e do trabalho[...]. ’’Pg. 55. Parágrafo 02;
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- “As iniciativas puritanas e o proibicionismo se articulam, fundamentalmente, para neutralizar os perigos que o uso desregrado dos altos salários pode acarretar no desenvolvimento do novo trabalhador”. Pg. 55. Parágrafo 03;
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- “Para Gramsci (1976:404), “os altos salários constituem uma forma transitória de retribuição”, fazem parte da estratégia persuasiva necessária para a seleção e manutenção dos trabalhadores aptos para o novo sistema de trabalho.” Pg. 56. Parágrafo 02;
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- “Além disso, o salário elevado é considerado pelos industriais americanos como uma “arma de dois gumes”, sendo necessário “que o trabalhador gaste ‘racionalmente’ a maior quantidade de dinheiro, para manter, renovar e, possivelmente, aumentar a sua eficiência muscular nervosa, e não para destruí-la ou diminuí-la”. Pg. 56. Parágrafo 03;
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- “Uma consequência, do novo padrão de reprodução fordista possibilitou o reordenamento do grupo familiar, transformando-o em célula básica de consumo”. (SOUZA, 1992:31). ”Pg. 57. Parágrafo 03;
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- “A organização e o desenvolvimento dos serviços de inspeção e acompanhamento do trabalhador e sua família pela burguesia industrial integram as condições que intensificam a consolidação do campo ocupacional dos assistentes sociais, que tem o agravamento da questão social como eixo central e considerando-se as novas exigências do padrão de acumulação bem como o crescimento da massa de desempregados.” Pg. 57. Parágrafo 05;
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- “Nessas condições, redimensiona-se ao sistema de controle social, colocando-se demandas em relação ao desenvolvimento de um trabalho técnico especializado junto aassistência social, parte integrante desse sistema, na qual se insere os assistentes sociais’’ Pg. 57 e 58. Parágrafo 05 e 01;
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- “Assim o conformismo mecanicista como principio educativo fundante da função pedagógica do assistente social, face aos processos de racionalização da assistência social integrada ao sistema de controle social do capital sobre o trabalho [...] materializa-se no interior da profissão a partir de dois movimentos complementares” Pg. 57 e 58. Parágrafo 02;
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- “[...] O taylorismo, como suporte filosófico e técnico de cunho positivista, fundamental na organização do americanismo, imprime, naquele momento, a direção do desenvolvimento tecnológico alcançado e incorporado pela profissão, no afã de adequar-se as exigências da nova racionalização da produção e do trabalho.” Pg. 59. Parágrafo 03;
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- “Nos parâmetros tayloristas da administração cientifica, enfatizam a visão tecnicista positivista subjacente ao pensamento conservador sobre a realidade.” Pg. 60. Parágrafo 02;
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- “Convém reafirmar, então, o pressuposto de que o taylorismo e a filosofia neotomista revelam-se, assim, principais matrizes de emanam as orientações pedagógicas da prática do assistente social em sua inserção no movimento de constituição e consolidação da cultura dominante.” Pg. 61. Parágrafo 02;
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- “Nos termos de Taylor (1985:43-4), sempre haverá pobreza, miséria e infelicidade. Nenhum sistema de administração, nenhum expediente sob o controle dum homem ou grupo de homens pode assegurar a prosperidade permanente a trabalhadores e patrões [...]. Sustentamos, entretanto, que sob a administração cientifica, fases intermediárias serão muito mais prósperas, felizes e livres.” Pg. 63. Parágrafo 01;
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- “A orientação pedagógica neotomista [...] fortalece a proposta do taylorismo quanto à necessidade de quebrar a resistência do trabalhador à nova racionalidade produtiva, na medida em que apregoa como exigênciada construção do bem comum o empenho moral e material [...] sob essa orientação, as desigualdades sociais são naturalizadas como inerentes às peculiaridades humanas [...].” Pg. 63. Parágrafo 02 e 03;
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- “A sociabilidade como elemento natural a pessoa humana requer, pois, que a vida social seja erigida sob a perspectiva de que as aspirações supratemporais coloquem - se hierarquicamente a qualquer dimensão temporal. Assim a intervenção cristã na sociedade, tendo em vista tornar a vida terrena verdadeiramente humana, é o cerne do chamado humanismo integral de Maritain [...].” Pg. 64. Parágrafo 01;
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- “O conteúdo doutrinário e estratégico das encíclicas Rerum Novarum (1891), e Quadragésimo Anno (1931) como orientações para uma intervenção cristã frente à questão social. A questão social é então entendida como questão de moral” Pg. 65. Parágrafo 01;
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- “Na sociedade capitalista, sob esse ponto de vista, a questão social traduz-se no quadro de miséria dos operários, produto das relações entre estes e os patrões”. Pg. 65. Parágrafo 02;
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- “O desenvolvimento profissional do Serviço Social, como parte do movimento contraditório que marca a constituição da cultura dominante, não ocorre de forma linear nem determinista, mas numa relação contraditória e complexa entre estrutura e superestrutura”. Pg. 65. Parágrafo 04;
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- “Em consequência, o desenvolvimento da função pedagógica do assistente social reflete esse movimento mediatizado por processos no âmbito da superestrutura [...]”. Pg. 65. Parágrafo 05;
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- “Nas contradições inerentes ao desenvolvimento do padrão fordista/taylorista/keynesiano, ao mesmo tempo em que intensifica e amplia formação do operário-massa, referencia primeira de uma sociabilidade centrada no homem maquina, afirma o trabalhador como produtor coletivo [...]”. Pg. 66. Parágrafo 02;
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- “A concentração urbana do operariado – imposta pela acumulação fordista - ao mesmo tempo é responsável pelo desenraizamento e perda da identidade desta classe [...]”. Pg. 67. Parágrafo 03;
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- “[...] os anos 50 e 70 constituíram um cenários de lutas marcadamente anti-imperialista e, muitos casos revolucionários, bem como de lutas sindicais por melhores salários e ampliação de gastos sociais [...]”Pg. 67. Parágrafo 04;
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- “Essas lutas travam-se na contextualidade de concorrência entre a expansão do imperialismo ocidental sob a hemorragia dos Estados Unidos e o avanço do bloco coletivista de Estado (Braga, 1997), ou seja, o chamado socialismo real[...].”Pg. 68. Parágrafo 01;
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- “As reflexões até aqui desenvolvidas apontam a interconexões entre a função pedagógica do assistente social e o conformismo mecanicista na organização da cultura dominante, bem como entre a citada função e o processo de construção de um novo principio educativo- novo conformismo - fundado nas expressões de luta e de enfretamento das classes subalternas à ordem capitalista, na perspectiva de sua emancipação [...].”Pg. 68. Parágrafo 03;
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O compromisso fordista /keynesiano - base da cultura do “bem-estar” |
- “A cultura do bem estar organiza-se a partir dos anos 30 e 40, em que se sobressaem como referências centrais a crise mundial do sistema capitalista [...].”Pg. 69. Parágrafo 01;
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- “A crise dos anos 30 é considerada a primeira grande crise mundial do capitalismo no século XX, segundo Altvater (1987)[...]. Esta crise expressou-se em todos os setores da vida social, atingindo todo o mundo capitalista [...].”Pg. 70. Parágrafo 03;
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- “A crise dos anos 30 é resultante das contradições do desenvolvimento inicial do regime de acumulação intensiva do capital, com base na primeira onda de taylorização e mecanização fordista nas duas primeiras décadas do século XX (Bihr, 1998)”. Pg. 71. Parágrafo 02;
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- “Deve se considerar que, nesse período de lutas do operariado europeu contra a exploração econômica e a opressão política, na perspectiva de emancipação, constituem fator decisivo na formação do Welfare State [...]. Esta influencia deve ser entendida a partir das tendências do movimento operário social - democrático”. Pg. 72. Parágrafo 02;
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- “Seguindo Bihr (1998), a variante reformista propugna reformas estruturais, conciliando interesses da burguesia e do proletariado, visando estabelecimento de um compromisso possível entre classes” Pg. 73. Parágrafo 03;
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- “A tendência reformista do referido movimento colocou-se como hegemônica no estabelecimento do chamado compromisso fordista/keynesiano, pacto que se estabelece entre classes traduzindo-se no consenso garantidor da socialização do custo de produção [...].”Pg. 74. Parágrafo 03;
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- “A luta pela seguridade social, o proletariado ocidental perde sua negatividade ao afirmar-se “positivamente”, no limite dos seus interesses e direitos assumidos de forma particular.” Pg. 75. Parágrafo 03;
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- “A conquista da seguridade social, ou seja, dos chamados direitos sociais, ao mesmo tempo em que se converte num dos principais mecanismos para obter a adesão e o consentimento das classes subalternas à ordem capitalista [...].” Pg. 76. Parágrafo 03;
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- “[...] As lutas das classes subalternas, suas conquistas sociais e políticas, nos limites do compromisso fordista/keynesiano, constituíam a base da nova dominação do capital” Pg. 79. Parágrafo 02;
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- “O padrão fordista de produção e do trabalho inspirado em uma filosofia prática, constitui a base material e ideológica da uma racionalização produtiva, a partir do qual desdobram – se códigos morais norteadores da reorganização de uma nova ordem intelectual e moral [...]”Pg. 81. Parágrafo 01;
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- “Assim, o horizonte societário instaurado pelas experiências do welfare State nos países centrais coloca-se como bandeira de luta nos países periféricos, especialmente no Brasil” Pg. 82. Parágrafo 02;
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