AS SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO
Por: ThaynaVarotto • 8/5/2019 • Trabalho acadêmico • 4.861 Palavras (20 Páginas) • 516 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CAMPUS BAURU, Av. Eng. Luís Edmundo Carrijo Coube, 14-01
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA
BRUNA SILVA GALERA
LIZANDRA DE OLIVEIRA TELLES
THAYNÁ CAROLINA VAROTTO
VALDEMIR SILVA DA COSTA
SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO
BAURU
2018
1 Introdução
A polinização é uma interação ecológica essencial para o funcionamento do meio ambiente, pode ser conceituada como o transporte de pólen da antera até o estigma da própria flor ou de outras flores, sendo mediada por vetores bióticos ou abióticos (ARAÚJO et al., 2009). Esse transporte faz parte da reprodução de gimnospermas e angiospermas que darão origem à novas plantas.
Segundo Ollerton (2006) apud Rech; Avila; Schlindwein (2014) ”angiospermas e polinizadores formam juntos um dos maiores grupos de organismos em interação, dominando a paisagem terrestre em biomassa e sustentando boa parte das cadeias ecológicas e o mutualismo de polinização conecta mais de meio milhão de espécies”.
Por serem processos ecológicos estratégicos nas comunidades, estudos da dispersão e da polinização têm grande importância no entendimento das variáveis envolvidas na organização da comunidade (YAMAMOTO; KINOSHITA; MARTINS, 2007).
Para Janzen (1970) apud Yamamoto; Kinoshita; Martins (2007) “as relações entre planta, polinizador e dispersor são muito importantes na estruturação das comunidades, pois podem influenciar na distribuição espacial, na riqueza, na abundância de espécies e na estrutura trófica”.
Para Corlett & Turner (1997) apud Yamamoto; Kinoshita; Martins (2007) “a polinização e dispersão são processos ecológicos críticos que afetam o sucesso reprodutivo das plantas”; por serem promotores do fluxo de genes (YAMAMOTO; KINOSHITA; MARTINS, 2007), quando não são efetivados podem levar à perda de espécies vegetais.
Cada característica floral geralmente é interpretada como adaptações para atrair e explorar certos tipos de polinizadores e excluir outros; tendo como um exemplo estão as flores polinizadas por animais: podem ter corola vistosa, glândulas odoríferas, e serem produtoras de néctar; em contrapartida as flores polinizadas pelo vento normalmente tem estames numerosos e acentuados (BIOMA MARINHO DA BAHIA, 2012).
Ao conjunto de adaptações que as plantas possuem - cores, formas, odores, horário de abertura das flores e recursos oferecidos - e que estão ligadas à atração de polinizadores dá-se o nome de síndrome de polinização (PERUQUETTI; TEIXEIRA; COELHO, 2017).
Existem síndromes de polinização bióticas e abióticas, diferenciadas pelo veículo em que o grão de pólen é dispersado.
Segundo Faegri & Pijl (1979) apud Araújo et al. (2009) “as síndromes de polinização bióticas podem ser de vários tipos: melitofilia (polinizada por abelhas), psicofilia (por borboletas), falenofilia (por mariposas), cantarofilia (por besouros), miofilia (por moscas), ornitofilia (por pássaros, em especial, beija-flores), quiropterofilia (por morcegos)”.
Para Opler et al. (1980) apud Yamamoto; Kinoshita; Martins (2007) “a co-evolução é presente na polinização, no qual as pressões seletivas atuam sobre as estratégias de polinização e frutificação, em decorrência também do ambiente em que as plantas ocorrem, da forma da planta, da predação, competição entre espécies que dependem dos mesmos polinizadores e da estacionalidade climática”.
Conhecer os atributos florais e as síndromes de polinização de uma comunidade vegetal pode contribuir para a compreensão da sua dinâmica e conservação (BIOMA MARINHO DA BAHIA, 2012); bem como para Griz & Machado (2001) apud Yamamoto; Kinoshita; Martins (2007) “pode contribuir para o entendimento da biologia reprodutiva no nível de comunidade, permitindo a comparação de diferentes tipos de vegetação, e o direcionamento de pesquisas mais específicas para compreensão de como ocorre o compartilhamento e competição por recursos e os efeitos na estrutura da comunidade”.
2 Recursos florais e atrativos
A relação entre flor e visitante é estabelecida, na maioria das vezes, por meio de um recurso floral. O recurso para ser efetivo, deve atender a pelo menos uma das três principais necessidades dos animais: alimentação, reprodução e construção de ninho (AGOSTINI; LOPES; MACHADO, 2014).
Os recursos florais podem ser divididos em duas principais classes: os nutritivos (pólen, néctar, lipídeos e tecidos florais) e os não nutritivos (resinas e fragrâncias) (AGOSTINI; LOPES; MACHADO, 2014).
A necessidade alimentar é responsável pela maioria das visitas às flores, diversos estudos relatam que polinizadores obtêm alimento das plantas que visitam. O pólen, néctar, óleo e água satisfazem bem essa necessidade (AGOSTINI; LOPES; MACHADO, 2014).
Embora a polinização seja definida como uma interação mutualística, sempre há conflito de interesses entre os participantes com relação aos custos energéticos da interação. Para entendermos o processo é necessário avaliar independentemente os integrantes: a planta precisa que a transferência de pólen seja eficaz com o mínimo de gasto energético possível, desta forma precisa do visitante correto, animais que tenham um ajuste físico ideal às flores que sejam capazes de carregar os grãos de pólen e que forrageiem no período adequado, assim as plantas podem ajustar suas recompensas visando um lucro mínimo para seus visitantes, garantindo que o animal visite o máximo de flores possíveis; em contrapartida os visitantes florais desejam obter um lucro máximo por forrageamento e exercer o mínimo de esforço para extrair o recurso e se locomover entre as plantas, desta forma ele escolherá cuidadosamente a planta, o local e o período que ele focará para a busca do seu alimento (AGOSTINI; LOPES; MACHADO, 2014).
Visitantes florais grandes, por exemplo, possuem custos energéticos altos e necessitam de muito néctar ou pólen, sendo um elevado custo para as plantas – para algumas plantas esse polinizador é vantajoso-, já visitantes
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