MACRORGANISMOS

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS –UNIPAC

CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO

APOSTILA SOBRE MACRORGANISMOS:

MOSCAS, FORMIGAS, ARACNÍDEOS E OFÍDIOS

PROF. Dra. Keila G. F. Colen

2009

3.3.4 MOSCAS E FORMIGAS

3.3.4.1 Moscas

        Pertencem à ordem Díptera. Entre as moscas de interesse médico-sanitário destacam-se as das famílias Muscidae (mosca doméstica), Calliphoridae (varejeiras), Tabanidae (mutucas) e Oestridae (berne).

        Pesquisadores observaram que em condições normais de vida, a mosca doméstica pode transmitir diversos agentes patogênicos, como vírus, bactérias (como por exemplo Rickettsia – causadoras de febre tifóide e febre maculosa das montanhas), alguns protozoários e ovos de helmintos.

        O nome científico da mosca doméstica é Musca domestica. Durante tempos tem sido responsável por inúmeras propagações de doenças. O ciclo de vida (biológico) pode variar de 6 a 8 dias ou 7 a 10 dias com temperatura ambiente de 35oC.

        Alimentam-se de substâncias líquidas (doces), além de produtos de origem animal, como fezes, urina, suor, catarro, pus, sangue e substâncias orgânicas em decomposição (animais ou pessoas mortas).

        As larvas da mosca doméstica são depositadas sobre matéria orgânica em decomposição. As moscas adultas carregam no tubo digestivo bem como nas pernas, asas e pelos existentes em seu corpo os agentes patogênicos que depois são depositados sobre alimentos, pratos, copos, talheres, mamadeiras, etc. As moscas podem transmitir disenteria, poliomielite, etc.

Moscas Varejeiras

        Embora de tamanho semelhante ou pouco maior que o da mosca doméstica (entre 6 a 9mm), elas têm diferenças marcantes. Apresentam cores metálicas azuis ou verdes e suas larvas alojam-se em feridas ou cavidades naturais de vertebrados. Tanto as moscas domésticas quanto as varejeiras não são hematófagas.

        Essas moscas são encontradas nos lixões, abatedouros, pocilgas e nas feiras livres, onde existe carne de peixe ou frango expostas.

        Quando essas moscas pousam sobre o alimento podem ocasionar doenças e parasitas intestinais, bem como a poliomielite.

Mutuca

        Ao contrário da mosca doméstica e varejeira, essas moscas da família Tabanidae, alimentam-se de sangue (somente as fêmeas).

        São conhecidas popularmente como mutuca, motuca, butuca e tavão.

        São moscas robustas, medindo de 2 a 2,5 cm. As mutucas são insetos importantes porque, além de incomodar o homem pelos dolorosos ataques à procura de repasto sanguíneo, são potencialmente transmissoras de doenças para os animais e para o homem, sendo capazes de transportar mecanicamente vírus, bactérias, protozoários e helmintos, pelo fato desses patógenos aderirem-se à estrutura da probóscide.

        Os eventos que conduzem a transmissão mecânica de patógenos dão-se pelo fato do inseto iniciar a alimentação em um hospedeiro infectado e, ao ser interrompido, por causa da dor sentida, o inseto é deslocado e move-se a outro hospedeiro, transportando o agente dentro do corpo ou na parte que entra em contato com o hospedeiro, repassando o agente por um ferimento.

        Segundo Ribeiro e Gorayeb (2001) a distância de 200 metros entre os animais é uma barreira eficiente para prevenir a transmissão de possíveis agentes etiológicos.

        Alves et al (2007) estudando espécies de bactérias transportadas em mutucas no Nordeste do Pará, concluíram que os tabanídeos transportaram bactérias pelo corpo inteiro (superfície do corpo, aparelho bucal e intestino). Foram isoladas 24 espécies de bactérias, destacando-se Staphilococcus (meningite, pneumonia, furúnculo), Streptococcus (cárie dental, habitam intestino e trato respiratório), Serratia (infecções trato urinário), Escherichia coli (diarréia proporções epidêmicas e infecções urinárias).

        As larvas das mutucas são carnívoras, alimentando-se de pequenos invertebrados de água doce.

Berne

        Pertence a família Oestridae. O berne é o estágio larval da mosca Dermatobia hominis. Essa espécie causa no homem e nos animais as miíases (doença causada por moscas), conhecidas como bicheiras.

        A mosca adulta (fêmea) não se alimenta, depois do acasalamento, a fêmea sobre o dorso desses insetos.

        A longevidade da fêmea é de 24 horas. Pode colocar até 400 ovos (em média). A larva penetra na pele quando esta possui alguma ferida, sendo incapaz de penetrar na pele sã. Ela se alimenta das exsudações (passagem de um líquido orgânico através das paredes que o contem, como a passagem de diversos componentes do sangue) da ferida (pus e outras secreções).

        A larva possui em seu dorso espinhos, quando inoculada os espinhos não permitem a retida do berne. No início aparece como que uma espinha comum, depois vai aumentando no formato de um furúnculo.

        Sintoma comum são umas agulhadas no local e muita coceira, após 30 dias dá para notar um furinho um pouco maior onde o berne vem para respirar.

        Para retirar o berne deve-se procurar um dermatologista ou clínico geral que irá aplicar um anestésico local, fazer um pequeno corte para remover o berne e depois fazer a limpeza do local e a sutura (costura cirúrgica).

        Popularmente as pessoas usam toucinho fixado ao local por 3 horas. Para respirar, o berne usa estruturas especiais, que deixa fora da pele do hospedeiro. Como o toucinho as cobre, a larva se sente asfixiada. Então, recolhe seus espinhos, sai do orifício que fez e entra no toucinho para tentar deixar as estruturas de respiração livres de novo.

        É bom relembrar que não se deve matar o berne quando este está dentro do orifício da pele. Se não for retirado, o berne continuará seu desenvolvimento dentro da pele, resultando numa reação inflamatória.