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O Carmen Soares

Por:   •  8/12/2018  •  Dissertação  •  775 Palavras (4 Páginas)  •  227 Visualizações

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Carmen Soares no livro (Educação Física- Raízes Europeias e Brasil) enfatiza o século XIX como um marco para o entendimento da educação física, pois foi nesse século que se elaboraram conceitos básicos do corpo e sua utilização como força de trabalho. Desse modo, houve uma hierarquização do povo brasileiro, para “entrar” nos padrões europeus, no qual visava apenas aspectos biológicos do homem. E como o positivismo mudou as diretrizes brasileiras, segregando uma boa parte da população.  

Com advento da Revolução Industrial, a educação física veio com intuito de disciplinar o ser humano para intencionar um trabalho produtivo e gerar riqueza para o capital. Então a burguesia investiu na construção de um novo homem, que encontramos no campo, na fábrica, na família e na escola, a educação física se tornou a expressão física da sociedade, com gestos automatizados e disciplinadores e buscava explicações na visão de ciência da sociedade burguesa, o Positivismo. Nas disciplinas sociais que se estruturaram ao logo do século XIX, predominou o pensamento naturalista do positivismo, a abordagem positivista pautada por este modelo de conhecimento, vai produzir um conjunto de teorias que passaram a justificar as desigualdades sociais pelas desigualdades biológicas, a biologia constrói a hierarquia das raças no século XIX baseado em vários autores como Charles Darwin e Francis Galton.

A nova sociedade “igualitária”, “fraterna”, “livre”, não era para toda a população, para a maioria o “progresso” não chegou mais sim a crescente miséria, como afirma o Hobsbawn, “o desenvolvimento urbano foi gigantesco processo de segregação de classes”. Todavia, as massas desesperadas que cresciam nos cortiços iniciaram um processo civilizatório, começam a tomar consciência de si como classe e pregavam um discurso da necessidade de garantir as classes mais pobres não somente a saúde, mas também uma educação higiênica. Dessa forma, a burguesia ameaçada com a possível perda de privilégios adquiridos com a exploração da força de trabalho, reforça o seu aparato ideológico e científico, buscando explicações “científicas” e acentua os aspectos hereditários e genéticos nas justificativas que elaboram sobre a miséria que se desenvolve justaposta ao progresso, a classe alta do corpo social introduziram o branqueamento na sociedade, pois para eles os “brancos” eram superiores em qualquer sentindo e só eles que poderiam deter o poder.

Os estudos de Darwin contribuem significativamente para a ideologia justificadora das desigualdades sociais, com a seleção natural e a sobrevivência dos mais aptos. Com esse tipo de pressuposto, a burguesia irá acentuar o “esforço pessoal” e o valor individual de cada um, afirmando ainda, que os mais aptos vencem, portanto, “competem” e a competição e a concorrência são os grandes eixos do capitalismo. Sendo assim, vencendo a “competição” da vida nesta “seleção natural”, os “mais aptos” irão melhorar a sua raça, ou seja, a alta sociedade conseguirá se desenvolver melhor por conta dos seus privilégios.

 No ano de 1865, Francis Galton, funda em Londres a Eugenic Society para estudar uma nova ciência, a eugenia, segundo J.D Bernal, permitiu do argumento da raça para justificar toda a exploração de classe, até utilizou de “provas” para a firmar que os brancos e os negros pertenciam a espécies diferentes. O caso da eugenia, teoria racial que se prendeu a ciência traduz de forma explícita as preocupações de uma determinada classe em manter, de todas as formas e meios, a sua hegemonia, bem como pela sua estreita relação com a retomada dos estudos que visavam o desenvolvimento e a aplicação da educação física no século XIX em toda a Europa, as teorias raciais particularmente a eugenia foram poderosos instrumentos nas mãos da burguesia, para justificar seu domínio de classe, para auto intitular-se a única classe capaz  de viabilizar o “progresso” de manter a “ordem”. No brasil, a educação física será vinculada aos ideais eugênicos de regeneração e embranquecimento da raça figurando em congressos médicos, em propostas pedagógicas e em discursos parlamentares.

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