O Gemograma e Ecomapa

Cada paciente é único porém a integralidade do cuidado  exige que a pessoa não seja tratada de forma isolada, é preciso entender todo o contexto em que está inserido e nisso olhar atentamente para a família.

Conhecendo a família e o contexto que vivem podemos ter informações para compreender melhor quem é a família e cada indivíduo, para quais doenças e comportamentos ele é mais suscetível.

Tudo que ocorre dentro do contexto familiar vai impactar de maneira diferente cada indivíduo daquela família, por isso é importante conhecer como essa família é estruturada.

Então o profissional de saúde quando consegue criar vínculo e se inserir no contexto familiar, consegue planejar ações de saúde/intervenções condizentes com a realidade daquela família e com os problemas que elas apresentam.

Para que essas ações e intervenções ocorram de fato e funcionem, é necessário uma avaliação/conhecimento mais aprofundando da família, e para isso existem uma diversidade de instrumentos que auxiliam o trabalho dos profissionais com essas famílias.

Entre esses está o Modelo Calgary de Avaliação e Intervenção na Família, proposto por pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, que possibilita o alcance de um atendimento integral. Esse modelo é composto por três dimensões:

1- a primeira avalia a estrutura da família: composição, vínculos internos e externos

2- a segunda avalia o desenvolvimento/funcionalidade: busca conhecer a trajetória da família, e os eventos que influenciam de maneira positiva ou negativa, como funciona, como é o relacionamento entre os membros

3 – e a terceira propõe a intervenção na família

 Segundo este modelo, é necessário que se avalie a estrutura interna, externa e o contexto familiar através do Genograma e Ecomapa.

São utilizados em larga escala por diversos profissionais da saúde, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.

Genograma Familiar

Genograma familiar é a representação gráfica da estrutura e dinâmica familiar, mostrando pelo menos três gerações; Mostra as informações sobre os membros da família e suas relações; com ele avaliamos os recursos, as formas de enfrentamento e a capacidade do paciente e de sua família de se adaptarem à doença/situação/evento.

Cada membro da família é representado por um símbolo, com nome e a idade de cada um. Exite uma simbologia padrão, mas podem ser criados novos e devem estar na legenda da representação gráfica para entender o que está ocorrendo

Quadrado – homem

Círculo mulher

Escrever todos os símbolos

Se um membro da família morreu, o ano de sua morte deve ser indicado acima do símbolo, o qual deve ser marcado com um X

Como montar?

Primeiramente faz-se uma coleta de

• Dados da família: nome, idade, ocupação e estudos de cada um dos membros da família do paciente que atualmente mora na casa, como pais, filhos ou algum outro parente; se houve aborto, filhos adotivos, datas de casamento, separações ou divórcios, óbitos e suas causas.
• Dados da família de origem do pai e da mãe nomes e idades dos pais, data de casamento, separação, divórcio; nome, sexo, idade dos irmãos, incluindo abortos, mortes e filhos adotivos; datas e causas de morte, escolaridade e ocupação de todos, bem como os cargos que ocuparam na família.

Dados complementares: Religião, mudanças importantes como migrações, mudança de residência, pessoas que viviam com a família ou que eram importantes para ela, até mesmo animais de estimação que representavam um papel importante na história da família, que a ausência deles pode causar algum ripo de sofrimento ou alterar a estrutura da família

• Problemas: de saúde, emocionais, comportamentais, de trabalho, com a lei ou vícios de cada um dos membros. Em particular, os problemas médicos serão muito úteis, tentando identificar com eles a repetição de padrões ao longo das gerações e a maneira como os problemas derivados de doenças foram ou não resolvidos.
• Laços: os tipos mais importantes de relacionamento entre membros da família, se seus laços são íntimos, distantes, conflitantes, distantes, excessivamente envolvidos.

Depois da coleta de dados, inicia-se a montagem na estrutura gráfica

Os membros da família são colocados em linha horizontais, da esquerda para a direita, começando pelos homens e os filhos são colocados em linhas verticais, começando pelo mais velho.

Aspectos que podem ser identificados a partir do genograma

A primeira informação que se tem no genograma é a estrutura familiar básica, ou seja, quem são os membros da família e como eles se relacionam, a partir da identificação e interpretação das linhas que conectam o diagrama. É possível também conhece os subsistemas familiares

A segunda interpretação que pode ser feita, é em relação aos eventos e transições que estão ocorrendo na família inerentes ao ciclo da vida. Por exemplo: divórcio, óbito, morte, mudança de residência, doenças.

Também é possível identificar, a repetição de padrões de geração em geração, tanto em relação a estrutura da família, como nos relacionamentos e funcionalidade. Reconhecer e identificar esses padrões auxilia a família de forma preventiva ou corretiva, interrompendo-os e impedindo sua reprodução (exemplo violência na relação mãe/pai/filho).

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