Resenha Filme o Alienista

Alienando-se

ARRAES, Guel. O Alienista. 'Filme completo', 44’25’’, jul. 1993. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Cu7QifQPrgc. Acesso em: 24 Agosto 2017.

Resenhado por  Rosana Trevisani Chaves

        Filme produzido pela Rede Globo em 1993, com direção geral de Guel Arraes,  inspirado da Obra de Machado de Assim, de 1882.  Contexto histórico – Brasil Colônia, século XIX, tendo o positivismo como corrente filosófica, onde o conhecimento científico era a única fonte de conhecimento verdadeiro.  

Personagem principal do filme, o conceituado Dr. Simão Bacamarte, formado na universidade de Coimbra e Pádua. Recusa o convite de Dom Pedro II, para se tornar o Presidente do Conselho de Ministros, em favor de viver em Itaguaí, cidade do interior do Rio de Janeiro, onde afirmou ser seu “universo”. Na câmara de Itaguaí, Bacamarte, com seu discurso humanitário, almejava agasalhar e tratar os dementes, agir diretamente no caráter do louco, dirigindo-lhe a vontade, obtendo assim a cura, afirmando que a saúde da alma era sua ocupação mais digna. Apoiado pelo presidente e vereadores, fundou a Casa Verde, primeiro hospício do Brasil. Bacamarte, seguidor das teorias cientificistas professadas pelo iluminismo, era de família abastada, detinha conhecimento, o que lhe garantia poder, pois naquela época, o conhecimento popular não era valorizado, racionalizada tudo com embasamento cientifico, não era dado à emoções. No desenrolar da trama, através de suas convicções 4/5 dos habitantes de Itaguaí foram internados na casa verde, diagnosticados como loucos, levados a força por militares, e de nada adiantava questionarem ou se oporem a internação, pois a ordem de Bacamarte era incontestável.

Dona Evarista, esposa de Bacamarte, era amorosa e submissa, tinha total admiração e respeito por seu marido, mas se sentia preterida, pois a veneração de seu amado esposo era pela ciência. Por vezes o questionava sobre sua beleza, afinal de contas que mulher não gosta de receber elogios, e com repostas embasadas na ciência, Bacamarte a considerava apta a lhe dar filhos, e para isso, o

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Acadêmico do sexto período do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Estácio de Sá de Juiz de Fora. Disciplina Ensino Clínico VI em curso.

E-mail: endereço eletrônico do acadêmico.

momento da fecundação era um verdadeiro acontecimento, seu momento fértil era mensalmente esperado por ambos, pois desperdiçar espermatozoides, na concepção de Bacarmarte seria algo insano. Quando finalmente conseguiu engravidar, seus primeiros sintomas de gravidez foram interpretados por Bacamarte como loucura, o que a fez ser internada na Casa Verde.

Crispim Soares, Presidente da câmara de vereadores de Itaguaí, era o que podemos caracterizar de um verdadeiro “Maria vai com as outras”, sem opinião formada, sem iniciativa, confuso em meio suas decisões. O único momento em que tomou uma decisão, ironicamente foi diagnosticado como louco e internado na casa verde.

Vereador Galvão, homem sensato e ético, idealista, questionador, custe a quem custar a lei deveria ter primazia, e por esta razão, por depor contra a si mesmo, foi considerado louco e internado na Casa Verde.

Cesária, noiva de Crispim, assim como todas as mulheres da época, seu maior sonho era se casar, e para alcançar seu objetivo cometeu uma loucura aos olhos de Bacamarte e imediatamente foi internada na Casa Verde.

Padre Lopes, figura respeitada em toda a cidade, possuía convicções cristãs quanto à loucura, sendo contradito pelo cientificismo exacerbado de Bacamarte, e durante uma pregação apocalíptica, foi considerado louco. Bacamarte se rende ao confessionário, e em meio a um pedido de perdão, interna o Padre na Casa Verde.