OS NOVOS SISTEMAS DE LIBERAÇÃO BUCAL DE FÁRMACOS
Por: João Pedro • 2/10/2022 • Pesquisas Acadêmicas • 1.167 Palavras (5 Páginas) • 98 Visualizações
NOVOS SISTEMAS DE LIBERAÇÃO BUCAL DE FÁRMACOS
Carolina Silva do Carmo[1]
João Pedro de Freitas Perfeito1
Maria Luiza Moreira Hubner de Souza1
Mateus Silva Fonseca1
Adriano Carlos Soares[2]
professoradrianosoares@gmail.com
ÁREA DE CONHECIMENTO: Ciências da Saúde
PALAVRAS-CHAVE: Biopolímero; Quitosana; Saúde Bucal.
INTRODUÇÃO
O bem-estar dos indivíduos, principalmente em relação à saúde, tem sido o pilar de estudo da ciência para melhorar a qualidade de vida da humanidade, sendo também o pilar para o desenvolvimento farmacêutico. Um dos indicadores chaves para este bem-estar é a saúde bucal, que engloba uma série de doenças e condições que incluem cárie dentária, doença periodontal, câncer bucal, infecções, entre outros. Um Estudo Global de Doenças realizado 2019 estimou que as doenças bucais afetam cerca de 3,5 bilhões de pessoas em todo o mundo (WHO, 2022).
Essas doenças bucais podem causar lesões nas mucosas. Os filmes poliméricos hidrofílicos apresentam grande potencial para resolver essas adversidades. Um exemplo deste biopolímero é a quitosana, que tem propriedades terapêuticas antibacteriana, antifúngica, hemostática, analgésica e cicatrizante de feridas e pode ser associada a fármacos para prolongar sua permanência no local de aplicação (NASCIMENTO, 2020).
A quitosana é um dos polissacarídeos mais abundantes disponíveis a partir de fontes naturais, obtido a partir do exoesqueleto de crustáceos e artrópodes, apresentando em sua composição grupos de D-glicosamina e N-acetil-D-glicosamina, sendo uma substância biocompatível, biodegradável e não tóxica (MATOS; LOPES; SIGNINI, 2020).
A tecnologia farmacêutica tem sido uma ferramenta importante na busca do desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas e cosméticas procurando solucionar as dificuldades farmacotécnicas dos princípios ativos, a fim de promover uma melhor estabilidade, segurança, eficácia e facilidade posológica. Diante disso, algumas estratégias no desenvolvimento de sistemas estão sendo realizadas e sendo utilizadas para modificar a liberação de ativos, disponibilizando-os na quantidade adequada. Os sistemas podem ser desenvolvidos quanto a redução do tamanho das partículas, como micropartículas e nanopartículas (SANTOS-SILVA et al., 2019).
O objetivo do presente estudo é realizar uma revisão da literatura sobre as aplicações atuais e as possibilidades terapêuticas da quitosana na saúde bucal.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo onde foram utilizados artigos pesquisados nas plataformas de busca Scielo, Periódicos Capes, Portal de Pesquisa da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PubMed e de Órgãos Federais públicos. Os descritores utilizados foram: Biopolímero, quitosana, saúde bucal. Foram identificados 109 resultados, e selecionados 09 periódicos no qual foram utilizados os critérios de interesse em: tecnologia farmacêutica, biomateriais, médica-odontológica e biofármacos. E ainda, foram excluídos, os conteúdos nos quais não correlacionaram o objeto de estudo com o propósito desejado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por ser uma substância biocompatível, biodegradável e atóxica, a quitosana se torna versátil, se destacando como excelente adjuvante farmacêutico no desenvolvimento de novos sistemas de liberação, promissor para a produção e desenvolvimento de novos produtos biomédicos, visando obter fármacos com mais efetividade e eficácia. Podendo ser utilizada como membranas bioadesivas, géis, filmes e cápsulas (LOPES et al., 2020).
A alta hidrofilicidade desse biopolímero é devida ao grande número de grupos hidroxila e grupos amino presentes na cadeia polimérica, no qual, permite sua utilização como biomaterial (FONSECA, 2022).
Este filme polimérico hidrofílico vem apresentando altos teores de aprovação na área bucal, comprovando a sua capacidade terapêutica sob a ação antifúngica, hemostática, antimicrobiana, analgésica, e na aceleração da cicatrização em feridas de fibroblastos gengivais (BORSAGLI, 2015; SILVA, 2020).
De acordo com Nascimento (2020), em um estudo que teve como objetivo desenvolver membranas de quitosana contendo o fármaco triancinolona acetonida incorporado. A triancinolona acetonida é um corticosteróide utilizado no tratamento da estomatite aftosa recorrente, porém ela é usada na forma de pomadas e cremes, requisitando repetidas aplicações e limitando o tempo de residência do fármaco na cavidade bucal. Para essa incorporação, sistemas multicomponentes de fármaco com ciclodextrinas e trietanolamina foram testados para tornar possíveis a preparação de membranas de quitosana para a liberação sustentada da triancinolona acetonida. A presença da trietanolamina na membrana de quitosana conseguiu modificar e modular a liberação da triancinolona acetonida. Este sistema mostrou ser um dispositivo eficiente e promissor para liberação de fármacos de baixa solubilidade na administração tópica como a triancinolona acetonida e seu potencial uso na cavidade bucal (NASCIMENTO, 2020).
Como já dito, a quitosana é uma substância atóxica em amplos aspectos, porém, devido a quitosana ser retirada do esqueleto externo do marisco, existe a preocupação de que as pessoas com alergia a mariscos também podem ser alérgicos à quitosana. Especialistas acreditam que a quitosana pode não ser um problema para pessoas com alergia à carne do marisco, no entanto, deve-se levar em consideração se a pessoa é alérgica ao marisco em relação à sua carne ou em relação à casca (DEWAGAN, 2020). Em um estudo, foi relatado que pessoas com alergia à camarão não desenvolveram reação alérgica após administração oral de glucosamina derivada de marisco (MATICA). Não foram encontrados estudos sobre reação alérgica à quitosana em pessoas alérgicas à casca do camarão.
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