A Insuficiência Cardíaca
Por: 7° Período Medicina UniRV Campus Goianésia • 26/10/2018 • Resenha • 6.308 Palavras (26 Páginas) • 352 Visualizações
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Insuficiência Cardíaca
DEFINIÇÃO
- Condição em que o coração não consegue bombear o sangue de acordo com a demanda tecidual, ou só o faz à custa de aumentos na pressão de enchimento (pressão diastólica final).
- Resumindo: inabilidade dos ventrículos se encherem e se esvaziarem de sangue com pressões intraventriculares normais.
- Aumento na pressão de enchimento do VE → síndrome congestiva pulmonar.
- Baixo débito → exaustão, síncope ou choque cardiogênico.
- Deve-se a perda de massa miocárdica, cursando com dilatação e/ou hipertrofia compensatória do VE.
- Resposta compensatória → ativação neuro-hormonal → alterações deletérias no cardiomiócito → IC será progressiva!
Fisiopatologia
Função Sistólica e Diastólica
- Função Sistólica é a capacidade que o ventrículo possui de ejetar o sangue nas grandes artérias.
- A função sistólica pode ser estimada pela Fração de Ejeção (FE), definida como o percentual do volume diastólico final que é ejetado, ou seja:
FE = DS/VDF x 100
(Normal = 50-70%)
- Função Diastólica é a capacidade que o ventrículo possui de se encher com o sangue proveniente das grandes veias, sem aumentar significativamente sua pressão intracavitária.
- É determinada pelo grau de relaxamento atingido.
- Em corações normais, a pressão diastólica final ou pressão de enchimento ventricular (ou PD2) varia na faixa de 8-12 mmHg.
Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
- Principal consequência clínica → congestão venocapilar.
- O coração não bombeia o sangue adequadamente, uma parte fica estagnada na circulação venosa → aumento na pressão venocapilar provoca extravasamento de líquido para o interstício.
Tipos de Insuficiência Cardíaca
Quanto ao lado do coração afetado:
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA:
- Cursa com congestão pulmonar (dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna).
- Causada por IAM, cardiopatia hipertensiva (por “sobrecarga” ventricular), miocardiopatia idiopática e doença valvar.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA:
- Cursa com congestão sistêmica (turgência jugular patológica, hepatomegalia, ascite, edema de membros inferiores).
- Causada por cor pulmonale, infarto do ventrículo direito e miocardiopatias.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA BIVENTRICULAR:
- Cursa com congestão pulmonar e sistêmica.
- Inicia-se como IVE e posteriormente evolui com comprometimento do VD.
- Causa mais comum de IVD é a própria IVE.
Quanto ao Mecanismo Fisiopatológico:
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SISTÓLICA:
- O problema está na perda da capacidade contrátil do miocárdio.
- Provoca dilatação ventricular (cardiopatia dilatada).
- Marco laboratorial → redução significativa da fração de ejeção (≤ 50%).
- Consequências:
- Baixo débito cardíaco
- Aumento da pressão de enchimento ventricular→ Congestão
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIASTÓLICA:
- A contração miocárdica está normal (com FE > 50%), mas existe restrição patológica ao enchimento diastólico.
- Causa elevação nas pressões de enchimento → aumento da pressão venocapilar (congestão).
- Mecanismo:
- Alteração no relaxamento muscular e/ou
- Redução na complacência ventricular.
- Existe hipertrofia muscular concêntrica, com redução da cavidade.
Quanto ao Débito Cardíaco:
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE BAIXO DÉBITO:
- Maioria dos casos.
- A disfunção sistólica do VE reduz o DC → hipoperfusão tecidual.
- Na IC diastólica → Não há como elevá-lo sem aumentar a pressão de enchimento em demasia.
- Todas as cardiopatias intrínsecas que promovem ICC o fazem gerando um quadro de IC de baixo débito.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE ALTO DÉBITO:
- Ocorre nas condições que exigem um maior trabalho cardíaco.
- Atender a demanda metabólica → tireotoxicose, anemia grave.
- Desvio de sangue do leito arterial para o venoso, através de fístulas arteriovenosas → beribéri, sepse, cirrose, doença de Paget óssea, hemangiomas.
Mecanismos Compensatórios
Lei de Frank-Starling
- Quanto maior for o Volume Diastólico Final (VDF), maior será o débito sistólico e a fração de ejeção!
- O Volume Diastólico Final (VDF), variável determinante da lei de Frank-Sterling, é mais conhecido como pré-carga cardíaca.
- Ventrículo dilata → aumentando o VDF → evitando a queda do DC.
- Após um déficit de contratilidade miocárdica, a dilatação ventricular se instala progressivamente.
- Mecanismos da dilatação ventricular na IC Sistólica:
- Esvaziamento incompleto do ventrículo;
- Hipervolemia decorrente da retenção de sódio e água pelos rins → através da ativação do SRAA.
- O aumento excessivo do volume diastólico final acabará dificultando a performance ventricular, com desestruturação da mecânica das fibras, levando ao aumento das pressões de enchimento e à redução do débito sistólico.
- Quanto pior a função ventricular, menor será o volume diastólico final em que o ventrículo atingirá seu débito cardíaco máximo.
Contratilidade dos Miócitos Remanescentes
- Baixo DC estimula barorreceptores arteriais, ativando o sistema adrenérgico que, agindo sobre os receptores beta-1 e alfa-1 através da ação da noradrenalina e da adrenalina, induz aumento na contratilidade dos miócitos que ainda não foram lesados gravemente.
Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE)
- Principal mecanismo compensatório inicial nos casos de sobrecarga de pressão ou volume ventriculares.
- Sobrecarga de pressão → hipertrofia concêntrica → aumento da espessura da parede ventricular, sem aumentar a cavidade.
- Sobrecarga de volume → hipertrofia excêntrica → aumento da cavidade predominando sobre o aumento da espessura da parede ventricular.
- A angiotensina II é um dos principais agentes indutores de hipertrofia ventricular na IC.
- Consequências: arritmogênese, piora da função diastólica, além de ser um fator de risco independente para eventos cardiovasculares.
Aumento da Frequência Cardíaca
- Visa manter o DC estável
- O sistema adrenérgico se encarrega de aumentar o cronotropismo, agindo sobre os receptores beta-1 no nódulo sinusal.
Remodelamento Cardíaco
- Ação Deletéria do Sistema Neuro-Humoral
- A queda no DC é percebida pelos barorreceptores periféricos que estimulam um aumento no tônus adrenérgico.
- Noradrenalina: agindo sobre receptores beta-1 e beta-2 desencadeia a injúria do miócito → alongado e hipofuncionante.
- Angiotensina II: agindo sobre os receptores AT1 → apoptose do miócito, proliferação de fibroblastos, liberação local de noradrenalina e da própria angiotensina.
- Aldosterona: agindo sobre receptores citoplasmáticos → hiperproliferação de fibroblastos.
- A alteração na forma e função do miócito, sua degeneração e a fibrose intersticial resultam no “remodelamento cardíaco”.
- Ao inibir a hiperativação neuro-humoral, aumentando a sobrevida do paciente: Inibidores da ECA, bloqueadores do receptor AT1 de angiotensina II, betabloqueadores e antagonistas da aldosterona.
Pós-Carga Cardíaca
- Pós-carga é a “dificuldade” imposta ao esvaziamento ventricular.
- O aumento da pós-carga reduz o débito sistólico, e eleva o consumo miocárdico de oxigênio.
- Tudo que dificulta a ejeção ventricular faz parte da pós-carga. O principal fator é o tônus arteriolar periférico.
- Lei de Laplace → o ventrículo que apresenta diâmetro cavitário muito grande e parede fina precisa fazer um esforço muito maior para ejetar o sangue do que um ventrículo de cavidade menor e maior espessura de parede! Se precisa fazer um esforço maior, é porque sua pós-carga é maior.
- Fatores que elevam a pós-carga:
- Vasoconstricção arteriolar periférica;
- Retenção hídrica, levando ao aumento do volume diastólico ventricular;
- Remodelamento cardíaco – maior relação R/h.
Manifestações clínicas
Sinais e Sintomas
- Mecanismos adaptativos → Doença Assintomática.
- Os sintomas podem ser consequência do baixo débito e/ou da síndrome congestiva.
Síndrome Congestiva Pulmonar
- Majoritariamente, a IC se inicia por um comprometimento isolado do VE.
- Pulmões se tornam congestos, com acúmulo de líquido intersticial e intra-alveolar.
- A congestão aumenta o trabalho respiratório e estimula os receptores J pulmonares → Dispneia.
- Sintoma clássico inicial é a dispneia aos esforços.
- Congestão mais acentuada → Ortopnéia → redistribuição de líquido, pelo decúbito, da circulação esplâncnica e dos MMII para a circulação central.
- Dispneia Paroxística Noturna → paciente é acordado no meio da madrugada por uma crise de franca dispneia, melhora com ortostatismo. Pode haver tosse noturna.
- Tosse seca → congestão da mucosa brônquica.
- “Asma cardíaca” → Congestão brônquica mais acentuada cursando com broncoespasmo.
Edema Agudo de Pulmão (EAP):
- É extremo da congestão pulmonar.
- Intensa crise de taquidispneia e ortopneia, associada à insuficiência respiratória com cianose central.
- Edema alveolar abundante → Expectoração de líquido róseo.
- Exame Físico = estertoração pulmonar audível acima da metade inferior dos hemitórax.
- RX de tórax: dilatação vascular nos ápices e infiltrado bilateral em “asa de borboleta “ou “de morcego”.
[pic 2]
Síndrome Congestiva Sistêmica
- Disfunção de VE→surgimento progressivo de hipertensão arterial pulmonar secundária→ VD sobrecarregado entra em falência → insuficiência biventricular.
Síndrome de Baixo Débito
- É a mais comum e mais acentuada na IC sistólica.
- A maioria dos sintomas é secundária à inadequada perfusão muscular durante o esforço físico.
- Fadiga muscular, indisposição, mialgia, cansaço, lipotímia.
Emagrecimento e “Caquexia Cardíaca”
- Desbalanço entre o débito cardíaco e a demanda metabólica da musculatura esquelética → Perda de massa muscular.
- Congestão da mucosa → Redução na absorção intestinal de nutrientes.
Choque Cardiogênico
- É o extremo da IC.
- Estado de choque (hipoperfusão orgânica generalizada), associado à hipotensão grave (PA sistólica < 80 mmHg) que não responde à reposição volêmica.
- Droga de 1ª escolha: Dobutamina.
Exame Físico
pulso arterial
- ↓ DC → ↓ amplitude
- Pulso alternans (pulso forte + pulso fraco) → débito sistólico extremamente baixo → péssimo prognóstico!
Pulso Venoso e Turgência Jugular
- Turgência jugular patológica a 45° → sinal fidedigno e precoce de IVD.
- Alterações do pulso: ↑ onda A→ elevadas pressões de enchimento no VD. Onda V gigante → insuficiência tricúspide secundária à dilatação do VD.
- Refluxo hepatojugular → pressão sobre loja hepática → ↑ altura do pulso jugular > 1 cm.
ictus cordis
- Na cardiopatia dilatada → aumentado + fraco + desviado lateralmente.
- Na cardiopatia hipertrófica → localização normal + pulso “forte” e duradouro.
ausculta cardíaca
- B1 → hipofonética (hipocontratilidade do VE)
- B2 → hiperfonética (hipertensão arterial pulmonar).
- B3 → desaceleração do fluxo de sangue no final da fase de enchimento rápido da diástole → Audível nas sobrecargas de volume.
- B4 → doença isquêmica e na cardiopatia hipertensiva.
- Sopro sistólico → causado por insuficiência mitral secundária à dilatação do VE.
Exame do aparelho Respiratório
- Estertoração (congestão e edema pulmonar).
- Derrame acomete com maior frequência o lado direito.
Anasarca
- Edema generalizado, com predomínio nas regiões dependentes de gravidade.
- Não é comum o edema peripalpebral.
Hepatopatia Congestiva
- Dolorosa → distensão aguda da cápsula hepática.
- Congestão hepática grave → icterícia, hiperbilirrubinemia, aumento das transaminases e, eventualmente, insuficiência hepática.
Respiração de Cheynes-Stokes
- Períodos de apneia + hiperpneia.[pic 3]
etiologia
Causas Comuns de Cardiopatia Dilatada
- Hipertensão arterial – cardiopatia hipertensiva.
- Doença coronariana – infarto (fibrose) ou isquemia (“miocárdio hibernante”).
- Valvopatias.
- Cardiomiopatia dilatada idiopática.
- Cardiomiopatia alcoólica.
- Doença de Chagas (nas áreas endêmicas).
→ Três valvopatias que levam à sobrecarga VE são: estenose aórtica, insuficiência aórtica e insuficiência mitral.
Causas de IC Diastólica Pura
- Cardiopatia hipertensiva – fase hipertrófica (principal!)
- Fibrose isquêmica
- Cardiomiopatia hipertrófica hereditária
- Cardiomiopatias restritivas
- Desordens do endomiocárdio
Causas Comuns de IC Aguda
- Infarto agudo do miocárdio – principal!
- Miocardite aguda (viral, reumática, etc.).
- Endocardite infecciosa.
- Rotura de cordoália.
Causas de IC Direita
- Estenose mitral
- Cor pulmonale (DPOC etc.)
- Tromboembolismo pulmonar
- HAP primária.[pic 4]
Causas de IC de Alto Débito
- Hipertireoidismo/tireotoxicose.
- Sepse, SIRS.
- Beribéri (deficiência de tiamina).
- Doença de Paget óssea.
- Cirrose hepática.
- Fístula arteriovenosa sistêmica.
dIAGNÓSTICO
Radiografia de Tórax
- Presença de cardiomegalia (índice cardiotorácico > 50%) é comum.
- Incidênc;ia PA:
- quando o coração “mergulha” no diafragma→ aumento predominante do VE.
- quando a ponta do coração se eleva → aspecto “em bota”→ predomínio é do VD.
- Incidência em perfil:
- aumento de VE → distanciamento da borda cardíaca posterior do ponto de entrada da veia cava inferior (> 2 cm).
- aumento de VD → aumento da borda anterior cardíaca, ocupando > 1/3 do espaço retroesternal.
- Os campos pulmonares podem apresentar sinais de congestão:
- Inversão do padrão vascular, isto é, as veias ficam mais proeminentes nos ápices pulmonares.
- Linhas B de Kerley, linhas paralelas ao diafragma → ingurgitamento linfático.
- Infiltrados intersticiais.
- Derrame pleural e “tumor fantasma” (Derrame intercisural arredondado).
Eletrocardiograma
- As alterações são inespecíficas e dependem da doença subjacente.
- ECG normal → exclui disfunção sistólica → IC improvável.
Ecocardiograma-Doppler
- Responsável por dividir a insuficiência cardíaca em sistólica e diastólica.
- FE < 50% → disfunção sistólica.
- O Doppler tissular → avalia a velocidade de movimentação miocárdica. Ao nível do anel mitral avalia a função diastólica do VE.
BNP (Peptídeo Natriurético Cerebral)
- ↑↑ pressões de enchimento → estiramento miocárdico → produção e liberação pelos ventrículos
- Dx Diferencial: ICC → aumentado e Pneumopatias → normal..
- Valor > 100 pg/ml → IC. Se FA, > 200 pg/ml.[pic 5]
Avaliação laboratorial inespecífica
- Anemia, hiponatremia e azotemia são importantes preditores prognósticos na ICC.
- Modificador da sobrevida → alterações da função renal, DC reduzido pela cardiopatia e/ou paraefeito dos diuréticos.
Cineangiocoronariografia
- Indicação: associação angina + disfunção ventricular sistólica.
SPECT e PET
- SPECT → avaliação da perfusão miocárdica e da função ventricular.
- PET → avaliação da viabilidade miocárdica.
Ressonância magnética cardíaca
- Quantificação dos volumes, massa e função, tanto do VE como do VD.
- Técnica de realce tardio → Viabilidade Miocárdica
Estudo eletrofisiológico
- Indicação: ECG suspeito para bloqueio “trifascicular, taquiarritmias supraventriculares ou ventriculares.
hOLTER
- Documentação de arritmias ventriculares em pacientes com queixas de palpitação, lipotímia ou síncope.
PROGNÓSTICO
Principais Determinantes Prognósticos
- Classe Funcional NYHA
- Classificação Evolutiva
- Fração de Ejeção
- Disfunção Diastólica Associada
- Marcadores Neuro-Humorais
- Complicações.
Classificação Funcional NYHA
- Grau de comprometimento das atividades diárias.
- Avaliação: Anamnese e teste ergométrico.
- Classe I – Sem limitação às atividades cotidianas; mais de 6 METs na ergometria.
- Classe II – Limitação leve; sintomas durante atividades cotidianas; 4-6 METs na ergometria.
- Classe III – Limitação acentuada; sintomas com qualquer atividade, mesmo as mais leves que as do cotidiano; 2-4 METs na ergometria.
- Classe IV – Incapacidade física; sintomas em repouso ou com mínimos esforços; não tolera a ergometria.
- MET (equivalente metabólico): Consumo de O2 correspondente ao gasto energético em repouso. 1 MET = 3,5 ml/min/kg de VO2.
- Sobrevida média em cinco anos do grupo placebo: Classe I – 85%; Classe II – 75%; Classe III –50%; Classe IV – 50% em 1 ano.
Classificação evolutiva (AHA)
- Estágio A – Assintomáticos, mas sob alto risco de desenvolver disfunção ventricular, devido doenças cardiovasculares prévias.
- Estágio B – Assintomáticos + algum grau de disfunção ventricular.
- Estágio C – Pacientes sintomáticos com disfunção ventricular associada.
- Estágio D – Pacientes sintomáticos em repouso, apesar de medicação otimizada e internação frequente.
fRAÇÃO DE EJEÇÃO
- FE < 35% → disfunção sistólica grave
Disfunção Diastólica Associada
- Disfunção diastólica grave → padrão restritivo → maior morbimortalidade!
Marcadores Neuro-Humorais
- Quanto + grave a IC → Maior será a resposta neuro-humoral.
- Níveis de noradrenalina, ADH, endotelina-1 e BNP ↑↑ → Mortalidade ↑↑
- ↑ADH → retenção de água livre → hiponatremia dilucional → pior prognóstico.
complicações
Tromboembolismo Pulmonar
- Facilitada pela estase venosa.
Tromboembolismo Sistêmico
- Formação de trombos murais.
- Fatores de risco são: FE < 30%, fibrilação atrial e acinesia apical.
Arritmias Cardíacas
- Intoxicação digitálica → arritmias.
causa de morte
- 50-60% Morte súbita: Fibrilação ventricular (ou bradiarritmia/assistolia).
- Preditores de Risco: episódio prévio revertido, documentação de TV sustentada no Holter ou EFF e disfunção ventricular com FE ≤ 35% em paciente sintomático.
tratamento
Medidas gerais
Dieta
- Fundamental para o controle da IC. → Restrição da ingestão de sal .
- Indicação de restrição líquida (1-1,5 L por dia):
- Hiponatremia (< 130 mEq/L)
- Retenção de líquido não responsiva ao uso de diuréticos e restrição da ingesta de sal.
Repouso
- Indicado para a classe funcional III ou IV.
- Repouso → ↓ demanda metabólica → facilita o trabalho cardíaco.
Clínicas de IC e Reabilitação Cardiovascular
- ↑ Tolerância ao exercício e a qualidade de vida
- NÃO reduz mortalidade.
Controle dos Fatores Descompensantes
Vacinação
- Vacinação anti-influenza e anti-pneumocócica.
TABAGISMO
- Aumenta o risco de doença coronariana e infecções pulmonares.
Medicamentos
- AINEs e Hipoglicemiantes orais (tiazolidinedionas) → Retenção hidrossalina e elevação da PA.
Orientações para viagens
- Profilaxia para TVP.
- Avaliar o uso de heparina profilática subcutânea quando a viagem durar > 4 h.
DESCOMPENSAÇÃO
- Paciente previamente compensado + piora aguda → presença de fator descompensador.
- O fator descompensador mais comum é a má adesão terapêutica!
- Mecanismos de descompensação:
- ↑ Demanda metabólica
- ↓ Capacidade contrátil
- ↑ Pós-carga e pré-carga
- ↓Tempo diastólico para enchimento ventricular, → perda da sincronia AV (taquiarritmias), ou ↓ DC (bradiarritmias).
Tratamento da IC Sistólica – Drogas que Aumentam a Sobrevida
- Inibidores da ECA; Betabloqueadores; Antagonistas da aldosterona; Hidralazina + nitrato; Antagonistas dos receptores AT1 da angiotensina II → ↓↓ remodelamento cardíaco.
Inibidores da ECA
- Tratamento é iniciado com doses reduzidas (ex.: captopril 6,25 mg 2x/dia), com aumento a cada duas semanas, observando-se os níveis séricos de K+ e creatinina.
- Doses otimizadas: captopril 50 mg 3x/dia; enalapril 10 mg 2x/dia; ramipril 10 mg/dia; lisinopril 20 mg/dia.
- Os IECA devem ser suspensos se houver aumento da creatinina sérica superior a 30-35% em relação ao basal e/ ou franca hipercalemia (K+ > 5,5 mEq/l).
- Mecanismo de Ação: Ao inibirem a formação da angiotensina II, possuem 3 mecanismos: (1) arteriolodilatação, reduzindo a pós-carga; (2) venodilatação, reduzindo a pré-carga; (3) redução dos efeitos diretos da angiotensina II sobre o miocárdio.
- O principal efeito colateral dos IECA é a tosse seca.
- A hipercalemia pode ocorrer, especialmente quando estas drogas estão associadas a diuréticos poupadores de K+.
- Indicação: Todos os casos de IC sistólica, assintomáticos ou sintomáticos (salvo contraindicações).
betabloqueadores
- Mecanismo de Ação → ação dos betabloqueadores na IC sistólica é o bloqueio da ação tóxica da noradrenalina sobre os miócitos cardíacos e a redução da liberação de noradrenalina nas sinapses cardíacas. → efeito pleno é tardio (3-6 meses) → Efeitos adicionais são a redução do consumo miocárdico de oxigênio, reduzindo a isquemia; redução da frequência cardíaca, facilitando a mecânica diastólica.
- Os betabloqueadores são particularmente importantes na terapêutica da cardiomiopatia isquêmica.
- Indicações: Todos os pacientes sintomáticos com IC sistólica, independente da classe, Doença isquêmica do miocárdio, Cardiomiopatia hipertrófica hereditária sintomática.
- Observações: (1) existem apenas 3 drogas de primeira linha: carvedilol, bisoprolol e metoprolol; (2) nunca iniciar com o paciente agudamente descompensado (ex.: sinais e sintomas de congestação pulmonar e/ou sistêmica); (3) tanto faz começar o tratamento com IECA ou BB.
- Contraindicações formais: asma, bradiarritmia.
- As “doses-alvo” dos três BB estudados são: carvedilol 25-50 mg 2x/dia; metoprolol 200 mg/dia; bisoprolol 10 mg/dia.
Antagonistas da Aldosterona (Espironolactona e Eplerenona)
- Mecanismo de ação: a inibição do efeito da aldosterona sobre o miocárdio; reduzindo, assim, a degeneração de fibras, a apoptose e a fibrose intersticial, isto é, prevenindo o remodelamento ventricular.
- Outro possível efeito benéfico é a prevenção da hipocalemia pelos diuréticos de alça ou tiazídicos, com isso, reduzindo a chance de arritmias ventriculares e morte súbita.
- Indicação: IC sistólica "sintomática" (classe funcional
- NYHA II a IV).
- Contraindicação formal: K > 5,5 mEq/L.
Hidralazina + Nitrato
- A “dose-alvo” é de 75 mg de hidralazina + 40 mg de dinitrato de isossorbida 3x dia.
- Mecanismo de ação: hidralazina é um vasodilatador arteriolar direto. Ao dilatar as arteríolas, reduz a pós-carga e, portanto, melhora a performance ventricular.
- O dinitrato de isossorbida tem um importante efeito venodilatador, reduzindo assim a pré-carga e facilitando o trabalho ventricular.
- Indicações: Pacientes negros com IC, já em uso de
- IECA e betabloqueadores, nas classes II-IV; Alternativa aos pacientes brancos com intolerância aos inibidores da ECA e aos antagonistas da angiotensina II; Todo o paciente que permaneça sintomático apesar da terapia padrão.
Antagonistas AT1 da Angiotensina II
- Ao longo do tempo, alguns usuários de IECA apresentam o chamado escape neuro-hormonal da angiotensina II, condição em que os níveis de angiotensina II retornam aos valores pré-tratamento com IECA.
- Os antagonistas dos receptores AT1 de angiotensina II não possuem este inconveninente, pelo contrário: eles são capazes de contornar o escape neuro-hormonal, bloqueando diretamente o receptor de angio II, seja qual for a origem do hormônio!
- Mecanismo de ação → essas drogas agem inibindo a ação da angiotensina II sobre os receptores AT1.
- A principal vantagem sobre os inibidores da ECA é a ausência de tosse como efeito adverso, uma vez que este efeito é dependente da elevação da bradicinina pelos IECA.
- Indicações Atuais dos Antagonistas AT1 da Angio II na Insuficiência Cardíaca: Pacientes com indicação de IECA, mas que não toleram o medicamento devido à tosse.
IVABRADINA
- São inibidores específicos da corrente If.
- A corrente If é responsável pelo mecanismo de despolarização automático do nódulo sinoatrial.
- Assim, a ivabradina (5 mg VO 12/12h, podendo-se chegar a 7,5 mg VO 12/12h) consegue reduzir a frequência cardíaca no repouso e no exercício.
- Indicação: Pacientes com classe funcional II-IV da NYHA com disfunção sistólica e terapia otimizada (IECA ou BRA + BB), desde que a FC seja maior ou igual a 70 bpm e o ritmo seja sinusal.
Terapia Medicamentosa – Drogas que Apenas Aliviam os Sintomas
- Não existe remédio melhor do que a furosemida venosa para compensar um paciente com IC congestiva!
Diuréticos de Alça e Tiazídicos
- A ação principal dos diuréticos é combater os sinais e sintomas da congestão e do edema.
- Não deve-se fazer doses excessivas de diuréticos, de modo a baixar muito a volemia, pois, nesse caso, o débito cardíaco se reduzirá significativamente, levando a uma síndrome de baixo débito.
- Os pacientes com IC classe III ou IV, em sua maioria, necessitam do emprego dos diuréticos de alça ou dos tiazídicos para manterem-se compensados.
- Os pacientes descompensados necessitam da administração parenteral de diuréticos de alça → Furosemida.
- A monitorização dos eletrólitos é obrigatória nas primeiras três semanas do início da terapia diurética.
Digitálicos
- Efeitos:
- Efeito Inotrópico Positivo: sua principal ação farmacológica é a inibição da Na/K ATPase. Se a Na/K ATPase é inibida, o Na+ intracelular começa a se acumular, aumentando o seu efluxo pelo trocador Na/Ca, em troca da entrada Ca++ no miócito. A consequência final é o aumento do Ca++ citossólico, principal determinante do inotropismo cardíaco.
- Ação Colinérgica: o aumento do tônus vagal reduz o automatismo do nódulo sinusal, aumenta a refratariedade e diminui a velocidade de condução do nódulo AV.
- Ação Arritmogênica: o acúmulo intracelular de cálcio predispõe à ativação de uma corrente de sódio capaz de precipitar pós-potenciais tardios e desencadear extrassístoles ou taquiarritmias automáticas por atividade deflagrada, no miocárdio atrial ou ventricular.
- Indicações:
- IC sintomática classe III-IV, em pacientes que não compensaram apesar do uso de IECA, etabloqueador e diurético.
- IC com fibrilação atrial de alta resposta ventricular (não controlados com uso de betabloqueadores).
- A droga mais usada por via oral é a digoxina, na dose de 0,125-0,375 mg VO/dia.
- Os digitais são contraindicados nos casos de IC diastólica pura.
- O digital venoso mais usado em nosso meio é o deslanosídeo (cedilanide), na dose 0,4-0,12 mg IV/dia (em duas tomadas).
- Intoxicação Digitálica:
- Náuseas, vômitos e hiporexia.
- Alterações visuais, com escotomas coloridos, vertigem, insônia, confusão mental.
- Arritmias cardíacas, principalmente:
Extrassístoles ventriculares múltiplas (mais comum).
- Fatores que Aumentam a Sensibilidade ao Efeito Digitálico (podendo precipitar a intoxicação)→ Hipocalemia: este é o principal fator e Hipomagnesemia.
- Tratamento da Intoxicação Digitálica: o digital deve ser suspenso e devem ser controlados todos os fatores predisponentes. No caso de bradiarritmias sintomáticas ou graves, está indicada a atropina. No caso de taquiarritmias ventriculares, a droga de escolhas é a fenitoína.
- Nos casos graves ou refratários podemos administrar o anticorpo antidigoxina, considerado o tratamento padrão-ouro.
- Nenhuma outra droga com efeito inotrópico positivo supera os digitais no uso crônico na insuficiência cardíaca.
Antagonistas do Cálcio
- Os bloqueadores de canal de cálcio do tipo nifedipina e verapamil não devem ser usados em pacientes com IC sistólica e cardiopatia dilatada.
- Assim, de um modo geral, seu uso é reservado aos casos acompanhados por HAS resistente, como droga crucial para um melhor controle pressórico.
Anticoagulação e Antiplaquetários
- A droga tradicionalmente utilizada é o warfarin (antagonista de vit. K), contudo, os novos anticoagulantes orais (inibidores diretos da trombina ou do fator Xa) também já estão sendo aceitos como alternativa ao cumarínico pelas novas diretrizes.
- Indicações para Anticoagulação:
- História de evento embólico.
- Fibrilação atrial paroxística ou persistente.
- Amiloidose (risco aumentado de tromboembolismo).
- Cardiomiopatia dilatada familiar.
- História de tromboembolismo em parentes de primeiro grau.
- O uso rotineiro de antiplaquetários não está indicado na IC. A aspirina, todavia, é largamente empregada nos casos de doença coronária concomitante.
- Profilaxia de fenômenos tromboembólicos em pacientes hospitalizados com IC → Pela menor incidência de efeitos adversos (ex: trombocitopenia induzida por heparina), de forma geral – se possível – se indicam as heparinas de baixo peso molecular.
MP na IC Sistólica O MP Biventricular (Ressincronização)
- A indicação atual pelo guidelines AHA/ACC para o MP biventricular é o paciente com insu ficiência cardíaca classe III ou IV (NYHA), FE ≤ 35% e duração do QRS ≥ 120ms (BRE ou BRD), que se mantém sintomático apesar da terapia medicamentosa otimizada. Pacientes com QRS ≥ 150ms e classe funcional I e II também podem ser avaliados para este tratamento.
fIBRILAÇÃO ATRIAL
- Os betabloqueadores são as drogas mais eficazes, tanto para modular a resposta ventricular à FA em repouso e no exercício, quanto para re dução da mortalidade. A associação digital + betabloqueador é a mais eficaz.
- Na presença de contraindicações aos betabloqueadores, a amiodarona deve ser considerada.
- Amiodarona é um dos poucos antiarrítmicos que não interferem negativamente na função ventricular.
Cardiodesfibrilador Implantável (CDI)
- O CDI é recomendado para a prevenção secundária de pacientes que tiveram morte súbita abortada e para a prevenção primária em pacientes pós-IAM ou não isquêmicos, com disfunção de VE com FE < 35% em NYHA II ou III, na vigência de drogas otimizadas.
- Devem apresentar uma razoável expectativa de vida.
TRATAMENTO DA ic DIASTÓLICA
- O diagnóstico de Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP) requer a presença simultânea de três condições:
- Sinais ou sintomas de IC congestiva;
- FE normal ou discretamente reduzida;
- Evidências objetivas de disfunção diastólica do VE: relaxamento e enchimento anormais, distensibilidade diastólica reduzida ou “rigidez” diastólica.
- Acredita-se que os betabloqueadores possam ser benéficos de várias formas: regressão da HVE, controle da FC e da HAS.
- Os sintomas congestivos devem ser controlados com diuréticos!
- Devem ser usados em baixas doses, para prevenir o baixo débito.
- Uma medida fundamental é controlar agressivamente a hipertensão arterial, com drogas que reduzem comprovadamente a hipertrofia ventricular (inibidores da ECA – principal –, antagonistas AT1, diuréticos, betabloqueadores, verapamil, diltiazem ou amlodipina).
- Verapamil é a droga de 1ª escolha.
EDEMA AGUDO DE PULMÃO
- O edema agudo de pulmão é o estágio mais grave da síndrome congestiva pulmonar.
- A causa mais comum de EAP por doença de instalação recente é o IAM.
- QC: franca taquidispneia e ortopneia, secreção rósea, estertoração crepitante e subcrepitante ocupando mais de metade dos campos pulmonares, sibilos e roncos difusos (asma cardíaca), diaforese, pulsos finos, taquicardia.
TRATAMENTO DO EAP
- A terapia do EAP se baseia na aplicação de medicamentos de ação rápida sobre a hemodinâmica cardíaca.
- Deterioração da função respiratória → Suporte ventilatório não invasivo com máscara.
- A pressão positiva, contribui para reduzir o retorno venoso, melhorar a dinâmica ventilatória e melhorar a oxigenação dos alvéolos.
Tratamento do EAP hipertensivo
- Este é o tipo de EAP com melhor prognóstico e pronta resposta à terapia.
- Conduta: oxigênio, veia, monitor, e ter um ECG realizado.
- Nitroglicerina (Tridil) IV – 10-20 mcg/min, ou nitrato (dinitrato de isossorbida) 5 mg SL.
- Captopril (SL) – 25 mg.
- Nitroprussiato de sódio (IV) – 0,5-5 mcg/kg/min: casos mais graves ou refratários de hipertensão.
- Furosemida (IV) – 20-80 mg.
- Morfina (IV) – 2-4 mg.
Tratamento do EAP não hipertensivo
- A PA sistólica do paciente encontra-se entre 80-120 mmHg. Após colocar o paciente no “OVM”, o próximo passo é afastar infarto agudo do miocárdio, através de um ECG. O tratamento se baseia na redução da pré e pós-carga, no suporte inotrópico e corrigir a causa básica (angioplastia primária, trombolítico).
- Dobutamina (IV) – 5-20 μg/kg/min.
- Furosemida (IV) – 20-80 mg.
- Dinitrato (SL) – 5 mg.
- Morfina (IV) – 2-4 mg.
- O EAP relacionado à arritmia cardíaca:
- Taquiarritmia → Cardioversão elétrica sincronizada (200J)
- Bradiarritmia → marca-passo transcutâneo (inicialmente), de forma a ganhar tempo para se instalar o marcapasso transvenoso.
tratamento cirúrgico
- O transplante cardíaco é considerado a cirurgia curativa para a insuficiência cardíaca crônica.
Indicação para o Transplante Cardíaco
- Classe Funcional IV ou III/IV (objetivamente: < 3 METS no teste ergométrico), após otimização da terapêutica – estes pacientes têm uma sobrevida de 50% ou menos em um ano.
Contraindicações ao Transplante
- Idade avançada (> 70 anos).
- Infecção ativa (incluindo CMV, hepatites virais e HIV).
- Hepatopatia, nefropatia ou pneumopatiasevera e irreversível (pode-se optar pelo transplante desses órgãos, junto ao transplante cardíaco).
- Doença psiquiátrica, cerebral ou cerebrovascular avançada.
- Doença vascular periférica acentuada (aterosclerose avançada).
- Câncer incurável ou de estadiamento incerto.
- Obesidade mórbida.
- Doença sistêmica grave limitante.
- Resistência Vascular Pulmonar (RVP) alta: > 5 unidades Wood, após vasodilatadores.
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