Os Vírus transmitidos por artrópodes
Por: Jessica Cáceres Goulart Dias • 2/12/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.353 Palavras (6 Páginas) • 412 Visualizações
ARBOVIROSES
Conceito
São vírus transmitidos por artrópodes, sendo um gripo heterogêneo de vírus tendo em comum as características epidemiológicas. Pertencem vírus que possuem capacidade de se multiplicar em tecidos de artrópodes hematófagos, sendo transmitidos aos vertebrados suscetíveis através de picadas. Os insetos infectados permanecem toda sua existência infectada sem nada sofrerem.
Período de viremia – fase na qual o vertebrado pode infectar novos vetores.
Período de incubação extrínseca – fase entre a ingestão do sangue infectado e o momento que o inseto se torna capaz de transmitir o vírus.
Classificação
Segundo a sorologia ou propriedades antigênicas: são grupos de 2 ou mais vírus que possuem semelhanças antigênicas evidenciadas por técnicas sorológicas. Os três primeiros grupos foram classificados pelas letras A, B e C, os demais receberam o nome do primeiro vírus isolado de cada grupo. Existem ao todo 63 grupos que ainda estão divididos em subgrupos que apresentam comportamento antigênico mais intimo entre si.
Segundo propriedades físico-quimicas: Pertencem as famílias Togaviridae, Flaviviridae, Bunyaviridae, Reoviridae, Rhabdoviridae, Arenaviridae(nenhum arbovírus), Poxviridae, Coronaviridae, Herpesviridae, Iridoviridae, Nodaviridae, Orthomyxoviridae e Paramyxoviridae.
Grupo A : corresponde ao gênero Alphavirus da família Togaviridae.
Grupo B: corresponde ao gênero Flavivirus da família Flaviviridae.
Obs: Bunyaviridae é a mais numerosa com quase metade dos vírus conhecidos e está dividida em 5 gêneros bunyavirus, nairovirus, phlebovírus, uukuvirus e Hantavirus. Os demais sem gêneros são chamados de bunyavirus-like.
Propriedades
As partículas dos Togaviridae são esféricas e apresentam RNA linear de faixa única e infecciosa. O gênero Alphavirus (grupo A) possui um capsídeo de simetria cúbica formado por 32 capsômeros, um envoltório de dupla camada e três antígenos distintos E1 (antígeno do subgrupo), E2 (glicoproteína tipo-específica que se fixa ao complemento e estimula a produção de anticorpos neutralizantes) e C (proteína que um antígeno de grupo reagindo em fixação do complemento FC).
As partículas Flavivirus (grupo B) possui uma única glicoproteína no envoltório, uma proteína menor na membrana e possuem projeções na superfície do envoltório.
Os alphavirus e os flavivírus possuem uma hemaglutinina que é ativa principalmente contra hemácias de pintos recém-nascidos e de ganso e cuja atividade é influenciada de forma marcante pelo pH.
Os membros da família Bunyaviridae possuem partículas esféricas dotadas de um envoltório co duas proteínas de superfície a G1 e G2 , RNA de uma faixa com três segmentos e não é infeccioso. Segmento L (grande), M(médio) e S (pequeno). Unidos por uma proteína formando uma estrutura helicoidal.
Família Rhabdoviridae possuem RNA linear o qual tem apenas uma faixa e não é infeccioso e virions com forma de balas de revolver. O envoltório é duplo e com duas proteínas a M1 e M2, e por lipídeos, com projeções designadas L e NS. Possui pelo menos dois antígenos a glicoproteína G, tipo específica e outro a proteína N, a qual apresenta a reatividade do grupo. O envoltório deriva da membrana do hospedeiro e o local de formação das partículas depende do tipo de vírus e do hospedeiro.
Familia Reoviridae, gênero Orbivirus são partículas virais esféricas, sem envoltório com capsídeo de simetria cubica de duas camadas, o RNA é de faixa dupla e possui 10 segmentos e não tem caráter infeccioso. A infectividade é perdida no Ph 3.
Os arborírus apresentam acentuada sensibilidade aos solventes de lipídios, exceto o Orbivirus que são pouco sensíveis ou resistentes a esses solventes. Os arbovírus são lábeis em Ph ácido e estáveis em Ph alcalino.
Patologia
O mesmo agente pode induzir lesões com graus diferentes de intensidade ou mesmo pequenas variações nos órgãos ou comprometidos, justificando as variantes clínicas.
Podemos dividir clinicamente em patologias que causam quadros benignos febris e em quadros mais graves, os hemorrágicos e encefalites. Nos quadros febris, temos clinicas exantemáticas, lesões musculo-esqueléticos, lesões periarticulares, periósteo e edema, não se tem comprovação de danos histopatológicos no homem, exceto no caso de dengue.
Nas síndromes hemorrágicas, o mecanismo ainda não é bem conhecido, podendo ter envolvimento ocasional de alguns órgãos como o rim, SNC e o fígado. Sabe-se de tumefação endotelial, edema e infiltrados ocasionais mononucleares perivasculares, ou mesmo hemorragias perivasculares, sem danos parietais evidentes. Nas encefalites, as lesões são de degeneração e necrose neuronal acompanhados ou não de neuronofagia, proliferação glial e infiltrados perivasculares e meníngeos quase sempre do tipo mononuclear. Danos hepáticos são observados principalmente nas hemorrágicas, na maioria das vezes são de leve intensidade e em certos casos como na febre amarela, são dominantes na clínica, ocorrendo uma hepatite com lesões degenerativas hialinas e gordurosa em pequenas gotas (patognomônico). A preferencia pelo parênquima hepático ocorre principalmente nos vírus pertencentes ao grupo C.
Clínica
A mesma sintomatologia pode ser induzida por diferentes vírus e por outro lado, um mesmo vírus pode provocar respostas clínicas diferentes. De maneira geral, dividimos em 4 formas clínicas: doença febril, doença febril com exantemas, febre hemorrágica e encefalite.
Doença Febril
Observa-se nas doenças do grupo A – Alphavirus – Chikungunyia e nas do grupo B – Flavivirus – dengue (1 a 4), febre amarela, encefalite do oeste do Nilo e Zika.
O período de incubação varia de 3 a 8 dias com início súbito. Manifestações: Febre(40°C), calafrios, cefaleia (frontal, occipital com irradiação para a nuca/coluna ou generalizada), mialgias, artralgias, tonturas e fotofobia. Podem estar presentes: Dor retro ocular ou ao movimento dos olhos, dor epigástrica, congestão conjuntival, náuseas e vômitos. Frequentes: astenia e inapetência.
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