Análise das Condições Higiênico-Sanitária nas Barraquinhas de Lanches de Itararé - SP
Por: Angela Tavares Dos Santos • 16/9/2017 • Trabalho acadêmico • 8.903 Palavras (36 Páginas) • 347 Visualizações
1 - INTRODUÇÃO
Tem havido um crescimento no consumo de comida de rua. De acordo com a Food and Agriculture Organization, organização das Nações Unidas que tem como objetivo aumentar os níveis de nutrição e qualidade de vida além melhorar a produtividade agrícola e a qualidade de vida da população rural, cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo consomem diariamente comida de rua. No Brasil embora não haja dados específicos sobre o assunto, pesquisa realizada pelo IBGE nos anos de 2008/2009 apontou um crescimento nos gastos familiares com refeições realizadas fora de casa. O percentual passou de 24,1%, em 2003, para 31.1%, o que representa quase um terço do orçamento familiar.
Concomitantemente tem aumentado também as ocorrências de Doenças Transmitidas por Alimentos - DTAs.
Dados da Secretaria de Vigilância da Saúde informam que entre os anos de 2000 e 2011 foram notificados 8.663 surtos de DTAs envolvendo 163.425 pessoas doentes e 112 óbitos. Os agentes mais freqüentes nos surtos de DTAs são: Salmonella ssp. Staphylococcus sp. Bacillus cereus, Clostridium, perfringens. Salmonella Enteritidis, Shigella sp. algumas doenças geradas por esses agentes são: Hepatite A, botulismo, toxoplasmose, cólera, verminoses, poliomielite etc.
Outro problema decorrente das DVAs são os custos gerados por essas doenças, que pode chegar à casa dos milhões. Só nos Estados Unidos a estimativa de gastos decorridos das doenças transmitidas por alimentos pode chegar a 35 bilhões de dólares/ano. De acordo com o SVS/MS de 1999 a 2004 o Brasil gastou 280 milhões com internações.
Com base nestes dados, pode-se facilmente perceber a importância de se conhecer as doenças transmitidas por alimento e suas conseqüências para os seres humanos, entender a forma como os alimentos podem ser contaminados e os métodos que previnem a contaminação e garantem a inocuidade dos alimentos.
Mas não basta apenas conhecer, para que efetivamente se possa obter algum resultado é necessário que esse conhecimento seja colocado em prática na forma de ações.
Para tanto o papel do manipulador de alimento é fundamental, pois é ele quem está diretamente envolvido no processo de preparo e distribuição dos alimentos. Portanto é necessário que esse profissional esteja devidamente preparado e apto a colocar em prática todas as ações necessárias para garantir um alimento isento de perigos que coloque a saúde ou mesmo a vida dos consumidores em risco
2 - COMIDA DE RUA: CONHECENDO UM POUCO SOBRE
De acordo com Araujo, Wilma Maria, e Araujo, Halyna Mayer, (2007):
O termo comida de rua é utilizado para identificar alimentos e bebidas prontos para o consumo, preparados e/ou vendidos nas ruas; em portas de igrejas, escolas, cinemas; em tendas, que se espalham por praias, praças e outros lugares públicos.
No Brasil podemos associar o inicio da comercialização da comida de rua com a chegada dos quiosques ao país. Os quiosques surgiram na França e na Inglaterra do século XIX e se espalharam pela Europa, especialmente em Portugal, sendo primeiramente usados para a venda de jornais, livros, revistas, fotografias e cartões postais. (JORNAL COPACABANA, /2013).
Na Europa os quiosques “Conforme o uso (...) eram verdadeiras obras de arte da serralheria francesa, com detalhes em ferro fundido e vitrines em cristal bisoté”. (JORNAL COPACABANA, 2013).
No Brasil:
Os quiosques eram pequenas construções de madeira, de forma arredondada ou de prisma hexagonal, com três ou quatro metros de altura, pintadas de vermelho, verde, azul ou com decorações ingênuas, com cobertura de zinco, lembrando, bem de longe, os pagodes orientais. Nos primeiros tempos, quando por aqui surgiram, em 1870, eram também destinados à venda de livros, revistas, jornais e cartões postais assim como seus congêneres europeus. Mas como isso aqui era uma terra de analfabetos, onde nada se lia; logo os quiosques passaram a só servir cachaça, café com pão e manteiga, bolinhos de bacalhau, sardinha frita e outras gulodices, e a vender fotos eróticas, bilhetes de loteria e jogo do bicho. (...) Não existiam nesses minúsculos espaços água encanada ou energia elétrica, o que lhes comprometia de muito as condições de higiene dos produtos ali oferecidos. (JORNAL COPACABANA, 17/05/2013).
Com o passar do tempo esses quiosques foram sendo substituídos pelas barraquinhas e trailers, os quais alcançaram grande sucesso. “Sempre muito apreciados por pessoas de todas as classes, esses alimentos são comercializados por vendedores ambulantes, em todas as partes do mundo.” (Araujo, w., e Araujo, H.,(2007).
2.1 - O AUMENTO NO CONSUMO DE COMIDA DE RUA
Segundo artigo publicado na Revista Bares & restaurantes (2010):
A renda do brasileiro aumentou em média 6% e nos últimos cinco anos, mais de 30 milhões de pessoas migraram para a classe C, que passou a representar 50,5% da população. Somados a este cenário promissor, a falta de tempo para preparação da comida em casa, o aumento da presença da mulher no mercado de trabalho e a busca por maior conveniência são alguns dos fatores que incentivaram o crescimento da alimentação fora do lar nos últimos anos.
Dados do IBGE em sua Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008/2009 “revelou que as famílias estão gastando bem mais com a alimentação fora de casa do que gastavam em 2002/03” ainda de acordo com o IBGE: “O percentual das despesas com alimentação fora de casa, no total das despesas das famílias, cresceu de 24,1% para 31,1%, nesse período, ou seja, já representa quase um terço dos gastos com alimentos”. A tendência é de que esse patamar suba para 43% nos próximos 15 anos (Bares & Restaurantes, 2010).
Ainda de acordo com a revista Bares & Restaurantes a GS&MD, uma firma de consultoria empresarial especializada em varejo, marketing e distribuição realizou um estudo sobre os hábitos e atitudes do consumidor brasileiro quando o assunto é comer fora de casa. Para o autor do estudo, Luiz Goes, o cenário econômico atual tem influenciado muito nos hábitos dos consumidores, uma vez que houve crescimento de renda e ascensão da classe média fazendo com que se tenha mas dinheiro disponível para gastos com alimentação. Também a estrutura familiar mudou muito. (Bares & Restaurantes, 2010).
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