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A Dermatófitos e Malassezia

Por:   •  2/4/2018  •  Dissertação  •  3.872 Palavras (16 Páginas)  •  708 Visualizações

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DERMATÓFITOS

A classificação do fungo como mofo ou levedura se baseia na aparência microscópica verificada no tecido ou no meio de cultura de rotina (fase assexuada). Caso se observem hifas, o fungo é denominado mofo; caso se constate uma estrutura unicelular com brotamento, o fungo é denominado levedura. Em meio de cultura de rotina, o mofo tem aparência “de flocos” ou “de lã”, enquanto a morfologia e a uniformidade das colônias da levedura se assemelham às de bactérias. Alguns fungos patogênicos produzem estruturas semelhantes a hifas ou a leveduras, dependendo das condições nas quais se multiplicam. Esses fungos são denominados dimórficos.

Dermatófitos são mofos capazes de parasitar apenas estruturas epidérmicas queratinizadas: superfície da pele, pelos, penas, chifres, cascos, garras e unhas. Aqueles que têm uma fase reprodutiva sexuada pertencem aos ascomicetos. A infecção causada por dermatófitos é denominada tinha ou dermatofitose. Ocasionalmente, leveduras e fungos saprófitos provocam infecções cutâneas que mimetizam as infecções provocadas por dermatófitos; consequentemente, utiliza-se o termo genérico dermatomicose para designar todas as infecções fúngicas da pele.

Características descritivas

Morfologia

Em sua condição não parasitária, inclusive em meio de cultura, os dermatófitos produzem hifas ramificadas septadas, coletivamente denominadas micélio. As unidades de reprodução assexuada (conídios) estão presentes no micélio aéreo e podem ser macroconídios: estruturas multicelulares semelhantes a vagem com até 100 µm de comprimento; ou microconídios: esferas ou bastonetes unicelulares menores que 10 µm de tamanho. Formato, tamanho, estrutura, organização e abundância de conídios são critérios para o diagnóstico. As particularidades das hifas – espirais, nódulos, em formas de raquete, de candelabro e clamidoconídios (clamidósporos) – são mais comuns em algumas espécies que em outras, mas raramente têm valor diagnóstico. Características das colônias e de pigmentação são úteis na diferenciação de dermatófitos.

Na condição de parasita, observam-se apenas hifas e artroconídios (artrósporos), outra unidade de reprodução assexuada. Exceto quanto às variações de tamanho, que se sobrepõem entre as espécies de dermatófitos, os artroconídios são indistinguíveis entre as espécies.

Esporos sexuados (ascósporos) estão ausentes na fase parasitária.

As características para diferenciação dos três gêneros de dermatófitos – MicrosporumTrichophyton e Epidermophyton – estão reunidas no Quadro 45.1. Apenas Microsporum e Trichophyton infectam, consistentemente, os animais. Epidermophyton é constatado principalmente em seres humanos.

Características de crescimento

O meio tradicional para a multiplicação de dermatófitos (e outros fungos patogênicos) é o ágar Sabouraud-dextrose contendo 2% de ágar, 1% de peptona e 4% de dextrose. Sua acidez (pH 5,6) confere discreta atividade bacteriostática e seletiva. A seletividade é exacerbada pela adição de ciclo-heximida (500 µg/ml), que inibe fungos saprófitos, e de gentamicina e tetraciclina (100 µg/ml de cada um) ou cloranfenicol (50 µg/ml), que inibem bactérias. Dermatófitos são aeróbios não fermentadores. Alguns atuam em proteínas e causam desaminação de aminoácidos. A temperatura ideal para sua multiplicação é de 25°C a 30°C; são necessários dias a semanas de incubação.

Quadro 45.1 Características dos gêneros de dermatófitos.

Microsporum

Tricophyton

Epidermophyton

Macroconídio

Geralmente presente

Variável; frequentemente ausente

Presente

Parede

Espessa

Fina

Espessa

Superfície

Rugosa

Lisa

Lisa

Formato

Fusiforme, formato de cigarro

Clava (delgada)

Clava (larga)

Microconídio

Variável, frequentemente ausente

Usual

Ausente

Forma sexuada

Nannizzia

Arthroderma

Nenhuma conhecida

Alguns dermatófitos de pele e pelos (mas não em meio de cultura) produzem fluorescência verde dado o metabólito triptofano, que se torna visível em luz ultravioleta (366 nm), às vezes denominada lâmpada de Wood. Entre os dermatófitos de animais, apenas Microsporum canis produz tal reação.

Resistência

Os dermatófitos são sensíveis aos desinfetantes comuns, especialmente os que contêm cresol, iodo ou cloro. Sobrevivem anos em ambientes inanimados.

Variabilidade

Há várias cepas de espécies de Microsporum e Trichophyton, tornando difícil a preparação de produtos de imunização efetivos.

Ecologia

Reservatório

Relatam-se dermatófitos geofílicos, zoofílicos e antrofílicos quando se discutem os dermatófitos presentes em reservatórios de solo, de animais e de seres humanos, respectivamente. No Quadro 45.2, constam os importantes dermatófitos de animais. Os dermatófitos de animais podem infectar as pessoas por meio de contato direto; no entanto, os dermatófitos dos seres humanos raramente infectam os animais.

Transmissão

Os dermatófitos se disseminam por meio de contato direto e, em razão de sua persistência em fômites e nas instalações, por meio de contato indireto.

Patogênese

Mecanismos

As enzimas proteolíticas (elastase, colagenase, queratinase) podem determinar a virulência, especialmente no caso de doença inflamatória grave. A instalação na epiderme queratinizada tem sido atribuída à carência de ferro disponível em outras partes. Isso pode ser responsável pela frequente cessação de dermatofitose por ação de respostas inflamatórias (mediante o influxo de proteínas ligadoras de ferro) e por inibidores enzimáticos.

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