A Auto-estima E O não-verbal Dos Pacientes Com Queimaduras INTRODUÇÃO
Trabalho Escolar: A Auto-estima E O não-verbal Dos Pacientes Com Queimaduras INTRODUÇÃO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 16/3/2014 • 1.316 Palavras (6 Páginas) • 786 Visualizações
RESUMO:
A auto-estima e o não-verbal dos pacientes com queimaduras
INTRODUÇÃO
Comunicar vem do latim communicare, que significa transmitir informação, fazer saber, participar, fazer contato, partilhar.
Infelizmente, o chamado instrumento básico da terapêutica de Enfermagem – a comunicação – recebeu menor atenção ao longo do desenvolvimento da profissão, o que fez com que os profissionais na assistência ao paciente restrinjam-se ao trabalho mecânico e impulsivo do cuidado físico do paciente, diminuindo seu espaço profissional e sua atuação e inibindo uma comunicação efetiva. Podemos classificar a comunicação interpessoal em verbal e não-verbal. Quando alguém tem alterada, bruscamente, a sua imagem, como os pacientes queimados, há alteração na sua auto-estima? Estas alterações podem ser evidenciadas através de contradições no seu discurso e no seu comportamento? A presente pesquisa destinou-se a discutir aspectos da comunicação não-verbal e auto-estima de pessoas com queimaduras.
O autor afirma que a auto-estima, seja qual for o nível, é uma experiência íntima; reside no cerne do nosso ser. Quando se é incapaz de viver conscientemente, o nível mais profundo e mais primitivo do ser tende a voltar-se contra nós, gerando dor no nível da auto-estima. Vivemos uma mentira quando distorcemos a realidade da nossa experiência ou a verdade do nosso ser. Sapountzi-Krepia et al afirmam que a imagem do corpo é uma imagem conceitual, uma parte do auto conceito, e envolve atitudes que o ser experimenta como pertencendo ao corpo, habilidades e emissão do poder físico. Há um método de avaliação da medida do sentimento de auto-estima proposto por Dela Coleta, Dela Coleta, que consiste no uso de uma escala, validada no Brasil, que permitidos, baseados em afirmações referentes a acontecimentos da vida diária, estabelecer graus de adequação à auto-estima. Fundamentada nesta escala e atenta ao não-verbal dos pacientes, é que pretendemos atingir os objetivos deste estudo.
OBJETIVOS DO ESTUDO
Identificar o grau de auto-estima dos pacientes do Ambulatório de Seqüelas de Queimaduras do HC-FMUSP;
Identificar os sinais não-verbais emitidos pelos pacientes, quando questionados sobre sua auto-estima, que complementam, contradizem ou demonstrem sentimentos.
Local do estudo – Ambulatório de Seqüelas de Queimaduras da Disciplina de Cirurgia Plástica do HC-FMUSP.
Após aprovação pelas Comissões de Ética, os pacientes foram abordados individualmente, no Ambulatório, durante os meses de fevereiro e março de 2002, quando iam para suas consultas e, após esclarecimento dos seus objetivos, os que concordaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. As entrevistas abordaram a auto-estima dos pacientes, avaliada pela escala de auto-estima de Dela Coleta; Dela Coleta, já validada pelo autor, que é constituída de 15 afirmações do tipo certo-errado, as quais, a partir de um gabarito, resultam num escore de auto-estima do paciente (os autores descrevem como aplicá-la e o gabarito de leitura). Dessa classificação, foram observados sinais não-verbais da cine sica (linguagem do corpo), da proxêmica (distância mantida entre as pessoas e o uso de seu espaço pessoal) e do para verbal (pausas, grunhidos, hesitações, ênfases no falar).
Tratamento dos dados – Efetuadas as entrevistas, analisamos quantitativamente as respostas contidas no questionário, de acordo com o gabarito da Escala de Auto-Estima de Dela Coleta, Dela Coleta; avaliamos também a existência de dependência entre AE e as variáveis quantitativas do estudo. Os procedimentos estatísticos adotados foram:
• Intervalos de Confiança de 95%, usados para estimar médias e porcentagens reais de alguns eventos de interesse do estudo;
Os Coeficientes de Correlação Ordinal de Spearman e Linear de Pearson, usados na avaliação da existência de dependência entre AE e as variáveis quantitativas do estudo;
Os Testes de Mann Whitney para amostras independentes, usado na avaliação da dependência entre a AE e as variáveis qualitativas dicotômicas do estudo;
• O Teste Qui Quadrado foi usado para avaliar a significatividade da associação entre as variáveis nominais do estudo.
Segundo Duarte, os sentimentos são evidências estruturadas da realidade, isto é, conscientizações da interação entre o organismo e ambiente; são apreensões diretas da situação na qual nos encontramos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quanto ao primeiro objetivo, que foi identificar o grau de auto-estima dos pacientes do Ambulatório de Seqüelas de Queimaduras do HC-FMUSP, foram feitas análises quantitativas e cruzamento dos dados obtidos na entrevista, a fim de mensurar o grau de auto-estima (AE) dos pacientes e verificar se o mesmo possui alguma relação com as variáveis já mencionadas (idade, sexo, local, tempo de queimadura e números de queimaduras).
Na caracterização da clientela, observamos que para a variável Idade há a predominância de pacientes com faixa etária de 15 a 29 anos nos três níveis de auto-estima estudados, a saber, 53,33% no grupo de pacientes com baixa auto-estima, 46,15% no grupo de média auto-estima, 46,15% no grupo de alta auto-estima e 47,50% no conjunto dos pacientes; com variações respectivamente
dadas por 19 a 64 anos, 15 a 76 anos, 15 a 88 anos. Com relação a qualquer classificação de auto-estima, encontramos as maiores porcentagens de queimaduras nessas regiões também, como podemos observar: no grupo de pacientes com baixa auto-estima (26,09% MMSS e 19,57% tórax), no grupo com média auto-estima (17,39% MMSS e 16,30% tórax) e no grupo com alta auto-estima (23,89% MMSS e 16,81% tórax).
Isto se mantém para os pacientes com baixa auto-estima (66,67%), com média auto-estima (46,15%) e com alta auto-estima (58,97%).
A variável Tempo de Queimado mostra-nos que o tempo médio de queimadura dos pacientes varia de 0.06 a 10.05 anos (56,25%); e esta variável também se aplica nos diferentes níveis de auto-estima, com citação de 66,67% nos pacientes com baixa auto-estima, 53,85% nos pacientes com média auto-estima e 53,85% nos pacientes com alta auto-estima; com variações respectivamente dadas por, 2 a 26, 0,42 a 38, 0,06 a 47. De acordo com a análise dos intervalos de confiança de 95%, não há diferença estatisticamente significativa entre as médias citadas.
A variação do escore é de 0 a 15, com média de 9,91 (DP=3,74). Podemos concluir então, que a maioria dos pacientes entrevistados (48,75%) apresentam um alto escore de auto-estima.
O exame dos resultados sugere correlação positiva estatisticamente significativa entre AE e Sexo, à Resposta da afirmação 11 e Resposta à afirmação 12; sugere correlação negativa estatisticamente significativa entre Idade e Sexo e entre Tempo de Queimadura e Sexo.
Nestas três afirmações os pacientes fizeram uso do olhar, do tom de voz firme e do meneio positivo ou negativo da cabeça, a fim de assegurarem a veracidade das suas respostas.
Nas três afirmações a demonstração de sentimentos deu-se através do olhar e do tom de voz baixos, pois foi por intermédio desses suportes que os pacientes expresso-ram tristeza.
Percebemos poucas contradições no discurso dos pacientes, o que pode demonstrar uma possível honestidade nas respostas da maioria dos entrevistados; porém, três afirmações nos chamaram a atenção entre os resultados obtidos, pois nelas reduziam o tom de voz, se tornavam sérios na expressão facial, não utilizavam os meneios positivos da cabeça ou gestos que ilustrassem, complementando as afirmações. Quanto à auto-estima, percebemos que 15 pacientes (18,75%) apresentam baixa auto-estima, 26 pacientes (32,50%) médias auto - estima e 39 pacientes (48,75%) alta auto-estima; que a única correlação positiva estatisticamente foi com o sexo, pois de acordo com as porcentagens apresentadas, os pacientes do sexo masculino apresentam os maiores escores de auto-estima. Comunicação interpessoal. In: Anais do 2º Simpósio Brasileiro de comunicação em Enfermagem; 1990 maios; Ribeirão Preto. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1990. P. 50-72. Percebemos coerência e espontaneidade na maneira de responder as afirmações por parte dos pacientes, pois está-vamos atenta ao não-verbal expresso.
Para o segundo objetivo, concluímos que o complemento foi à função dos sinais não-verbais mais freqüente entre os pacientes durante as entrevistas, sendo visualizado num total de 1080 vezes; que os suportes mais utilizados para a emissão dos sinais não verbais foram o olhar (626 vezes), o tom de voz (615 vezes) e o meneio da cabeça (237 vezes) e que o sentimento mais demonstrado durante as entrevistas foi a tristeza/decepção (162 vezes).
Este trabalho ajudou a perceber o quanto estar atento à linguagem não-verbal pode facilitar na compreensão do outro ser humano.
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