Anatole Le Baudot
Artigo: Anatole Le Baudot. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: King87 • 29/10/2014 • 2.063 Palavras (9 Páginas) • 277 Visualizações
Introdução
Actualmente introduzem-se, nos edifícios, novos materiais, como o ferro, cimento armado, luz, água, gás, assim como, os profissionais têm que dar forma e estabilidade aos caprichos dos clientes, esquecendo, por vezes, tudo o que o passado legou. Isto são tudo elementos desconhecidos no passado, uma vez que, não se aplicavam formas ao acaso, escolhidas sem a preocupação da sua proveniência e pertinência.
O presente ensaio tem como base o livro L’Árchitecture, le passé, le présen (1916, publicação póstuma), de Anatole de Baudot, e faz uma reflexão da arquitectura do passado e do presente analisando a herança das arquitecturas anteriores para definir a arquitectura contemporânea.
Biografia
Arquitecto e teórico, Anatole de Baudot (1834 – 1915) nasceu em Sarrebourg e foi o primeiro a fazer uma igreja em betão armado. Foi aluno de E. Viollet-le-Duc em Beaux-Arts, com quem participou na comissão de monumentos histórico juntamente com Henri Labroux e em 1880 é nomeado vice-presidente da mesma.
De Baudot continuou o pensamento de Viollet-le-Duc do racionalismo estrutural. Era contra a Arte Nova e acreditava que os edifícios deveriam ser “verdadeiros” na exibição da estrutura e o uso da decoração só seria aceitável se completasse a estrutura em vez de escondê-la.
Em 1887, abre o primeiro curso de Arquitectura Medieval em Belas Artes, por considerar que esse conhecimento era essencial para os arquitectos responsáveis pela restauração de edifícios desse período. Acreditava na importância da arquitectura da época que tentava resolver as necessidades desse período. De Baudot pediu um novo começo no desenvolvimento da arquitectura contemporânea com a influência dos engenheiros.
O seu trabalho divide-se em dois rumos: (1) restauração: primeiro trabalha com Viollet-le-Duc, no Chânteau de Vincennes, e depois assume a liderança do atelier durante 40 anos. Das várias intervenções destaco a Igreja de Saint-Pierre em Uzerche, a Igreja de Saint-Nicolas-Saint-Laumer em Blois, a Igreja de Saint-Amant-de-Boixe, em Charente, e a Porta ocidental da Catedral de Clermont-Ferrand; (2) nova construção: segue a tradição racionalista de Henri Labroustre e combina materiais diferentes para a qualidade estrutural (armação metálica, tijolo, pedra e betão armado). Destaco o Lycée Edmond-Perrier em Tulle (1887) onde utiliza uma fachada policromada em tijolo, cerâmica e metal, a Igreja de Saint-Jean-De-Montmartre em Paris (1894 – 1904) usa pela primeira vez o betão armado na construção de uma igreja, e o Théatre les 7 Collines em Tulle (1899 – 1902) utiliza betão armado no telhado da cúpula.
Entre as suas obras teóricas encontram-se Égiles de bourgs et villages (1867), La sculpture française au moxen âge et à la renaissance (1884), L’Architecture et le ciment armé (1904), L’Árchitecture, le passé, le présen (1916, publicação póstuma), entre outras obras em que foi colaborador na eleboração das mesmas.
Contextualização
França, neste período de análise, passa por diversas transformações no sistema político e social. Em 1848 a monarquia acaba com a abdicação de Luís Filipe, depois de várias revoltas, principalmente dos operários. O Segundo Império Francês nasce com a eleição de Luís Bonaparte para Presidente da República, apoiado por orleanistas e legitimistas, que aproveitaram a desunião dos republicanos. Surge uma nova força: o bonapartismo, frequentemente associado ao liberalismo de esquerda que atraía sobretudo as classes rurais, devido ao seu programa voltado para o desenvolvimento económico e para a justiça social.
O golpe de Estado de 1851 surge da vontade dos bonapartistas reporem o sufrágio universal. Seguiu-se o restabelecimento do império hereditário. Cedo começaram a ser tomadas medidas conservadoras e o imperador fez-se rodear por uma elite de políticos e administrativos realistas, apoiando-se também no clero católico e na burguesia, que vivia a prosperidade da década de 50. O governo imperial apoiou a renovação da banca e do crédito, o alargamento da rede ferroviária e as renovações urbanísticas empreendidas por Haussmann, em Paris, e Vaisse, em Lyon. Por outro lado, tomou medidas restritivas como a Lei da Imprensa. O bonapartismo viu-se depois forçado a avançar para um regime mais liberal devido à perda do apoio dos católicos e ao avanço crescente da industrialização britânica. Após o plebiscito de 1870, o regime torna-se autoritário e o seu fim vem com a derrota de Sédan (Setembro de 1870) após a declaração de guerra contra a Prússia.
O Segundo Império foi também um período de desenvolvimento artístico, que preencheu a idade tradicional com a modernidade. Arquitectos principais (Charles Garnier, Henri Labrouste, Jacques Hittorf, Louis Baltard) embelezaram a nova Paris criado pelo Barão Haussmann e na pintura, enquanto Jean-Auguste-Dominique Ingres, Alexandre Cabanel e William Bouguereau reinou com o seu estilo clássico e oficial, Gustave Courbet, com realismo, abriu o caminho para os impressionistas (Monet, Renoir, Sisley, Bazille, o Degas). Igualmente surpreendentes foram os avanços científicos deste período: o trabalho de Louis Pasteur, Marie e Pierre Curie, Louis-Antoine de Broglie, e Henri Poincaré fez a França um centro científico mundial e contribuiu para a formação da era moderna.
Após o fortalecimento da Terceira República através das eleições de 1879, a França só encontrou a estabilidade em 1899, com a subida ao poder de uma coligação entre o Partido Radical e o Partido Moderado, permitindo um período de desenvolvimento económico e social que seria interrompido com a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), da qual saiu vencedora.
Crítica Formal
A capa do livro traduz o pensamento de De Baudot em relação à arquitectura racionalista. Sem ornamentos nem espaço para “reinar o disparate e a incongruência”, o título é simples e objectivo, dando ênfase à palavra “arquitectura”. O mesmo se verifica ao longo do livro, visto que restringe as imagens às meramente necessárias.
De Baudot dedica a primeira parte do livro à arquitectura antiga, medieval e do renascimento, restringindo-se a pouco exemplos para distinguir os diferentes períodos da arte, de forma a não nos distrair do verdadeiro caminho que pretende alcançar. Utiliza a doutrina racionalista de Viollet-le-Duc para uma análise coerente da Antiguidade e da idade Média.
O presente é diferente o suficiente para merecer ter sua própria arquitectura e o conhecimento é bastante para liderar
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