Filariose
Seminário: Filariose. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: BMDAmanda2012 • 18/11/2013 • Seminário • 3.885 Palavras (16 Páginas) • 344 Visualizações
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38(2):131-136, mar-abr, 2005 ARTIGO/ARTICLE
Filariose linfática em Belém, Estado do Pará, Norte do Brasil
e a perspectiva de eliminação
Lymphatic filariasis in Belém, Pará State, North of Brazil
and the perspective of elimination
Gilberto Fontes1, Reinaldo F. Braun2, Habib Fraiha Neto3, João Batista F. Vieira4, Saturnino
S. Padilha2, Raimundo Cândido Rocha2 e Eliana M. Mauricio da Rocha1
RESUMO
Com o objetivo de caracterizar a situação epidemiológica da filariose linfática em Belém-PA foram analisados dados
dos inquéritos hemoscópicos de 1951 a 2003. As informações do período de 1951 a 1994 foram coletadas de relatórios
disponibilizados pela Fundação Nacional de Saúde. Os dados de 1995 a 2003 foram obtidos através de inquéritos realizados
em 62 bairros, dos oito distritos administrativos da cidade. Observou-se uma queda apreciável ao longo dos anos nos
índices de microfilarêmicos. As percentagens de parasitados nas décadas de 1950, 1960, 1970, 1980 e 1990, foram
respectivamente: 8,2%, 2,6%, 0,7%, 0,16% e 0,02%. Em 2001, foi diagnosticado um único microfilarêmico, interrompendo
uma série de dois anos sem registro de exames positivos na cidade. Em 2002 e 2003, inquéritos hemoscópicos e
entomológicos foram realizados, simultaneamente, não sendo detectados indivíduos microfilarêmicos ou mosquitos
infectados. Para manter essa tendência, medidas de vigilância devem ser observadas, a fim de detectar e tratar
precocemente pacientes, para evitar o risco de ressurgimento dos focos, aparentemente já controlados.
Palavras-chaves: Epidemiologia. Filariose linfática em Belém. Wuchereria bancrofti. Inquéritos.
ABSTRACT
The objective was to characterize the epidemiological situation of lymphatic filariasis in Belém, State of Pará. Hemoscopic
data was analyzed from 1951 through 2003. Information for the period from 1951 to 1994 was collected from reports
available from the National Health Foundation. Data from 1995 to 2003 was obtained through surveys carried out in 62
city sectors, within the eight administrative districts of the city. An appreciable drop in the microfilaraemic rates was
observed over the years. The percentages of parasitized individuals in the decades of 1950, 1960, 1970, 1980 and 1990,
were respectively: 8.2%, 2.6%, 0.7%, 0.16% and 0.02%. In 2001, a single microfilaraemic case was diagnosed, interrupting
a series of two years without registering positive cases in the city. In 2002 and 2003, hemoscopic and entomological
surveys were performed simultaneously revealing no microfilariae positive individuals, nor infected mosquitoes. To
maintain this trend, surveillance measures must be conducted in order to detect and promptly treat patients, to prevent
the risk of resurgence of a focus apparently now controlled.
Key-words: Epidemiology. Lymphatic filariasis in Belém. Wuchereria bancrofti. Surveys.
1. Departamento de Patologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL. 2. Secretaria Municipal de Saúde Belém, PA.
3. Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, Belém, PA. 4. Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Endereço para correspondência: Dr. Gilberto Fontes. DeptO de Patologia/Centro de Ciências Biológicas/UFAL. Pça Afrânio Jorge s/n, 57010-020 Maceió, AL,
Brasil.
Tel: 55 82 223-5613; Fax : 55 82 221-2501
e-mail: gf@fapeal.br
Recebido para publicação em 17/5/2004
Aceito em 16/11/2004
A filariose linfática ou bancroftose é uma enfermidade
debilitante, com graves conseqüências sociais e econômicas,
causada no Brasil exclusivamente por helmintos da espécie
Wuchereria bancrofti (Cobbold, 1877). O número de infectados
no mundo é estimado em 120 milhões, distribuídos em 80 países
de regiões tropicais25. É uma enfermidade negligenciada, sendo
prevalente em populações de baixo nível sócio-econômico,
carentes em saneamento e água tratada. O ser humano é o
único hospedeiro vertebrado do parasito, albergando vermes
adultos nos vasos linfáticos e microfilárias na circulação
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Fontes G et al
sangüínea. Uma característica peculiar das microfilárias é a
periodicidade noturna no sangue periférico dos hospedeiros,
na maioria das regiões endêmicas12. O Culex quinquefasciatus
(Say, 1823) é o principal transmissor onde ocorre a forma
periódica noturna23.
Até 1950, muito pouco se sabia sobre a filariose linfática no
Brasil, a não ser resultados de inquéritos hemoscópicos isolados
para detecção da parasitose, os quais permitiram que cidades
como Salvador (BA) e Belém (PA) fossem consideradas focos11.
Em Belém (PA), um dos primeiros inquéritos para determinar
a distribuição
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