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IMPACTO ANTRÓPICO NA DIETA DOS CÁGADOS

Por:   •  6/7/2016  •  Monografia  •  3.216 Palavras (13 Páginas)  •  474 Visualizações

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IMPACTO ANTRÓPICO NA DIETA DOS CÁGADOS (Podocnemis unifilis) DO RIO PIRARARA NO MUNICÍPIO DE CACOAL/RO.

Letícia Côra[1]

Emerson Moreira[2]∗∗

Michele Gonçalves[3]∗∗∗

RESUMO

Os Podocnemis unifilis, são répteis aquáticos da Amazônia Brasileira, pertencente à Ordem Chelonia, Família Pelomeduside, popularmente conhecido como cágados. Podem viver entre sessenta a noventa anos. Essa espécie possuem hábitos alimentares diversos, incluindo itens de origem terrestre quanto aquático, variando de acordo com a disponibilidade alimentar do seu hábitat. O objetivo da pesquisa foi de observar e verificar se os indivíduos dessa espécie estariam se alimentando de resíduos sólidos proveniente de lixo humano. No período de agosto a outubro foram capturados no total de 11 espécimes de cágados, no Rio Pirarara, município de Cacoal-Ro. A coleta dos itens alimentares ingeridos foi realizada através da lavagem estomacal, para a captura dos cágados foram armadas redes e feita uma busca ativa com tarrafa e anzóis. Os alimentos encontrados foram analisados no local da captura. Esses alimentos foram divididos em categorias (animal, vegetal, antrópica comestível e antrópica não comestível). De acordo com Análise de Variância (ANOVA), estatística calculada foi de p=0,127, o que significa que não houve variação entre as diferentes categorias da dieta alimentar dos cágados encontrados no rio Pirarara. Mesmo com grande capacidade de adaptação, a espécie de P. unifilis vem sofrendo um grande declínio devido à grande influência humana, a ingestãode alimentos que não sejam provenientes da sua dieta natural, como os da categoria não comestível, esses resíduos sólidos em grande quantidade pode levar o espécime à morte.

Palavra Chave: Quelônios, lavagem estomacal, pressão antropogênica.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui 36 espécies de quelônios ocorrentes nos ecossistemas terrestres e aquáticos, destas, 29 espécies são de água doce, cinco espécies de água salgada e duas são terrestre. Na Amazônia brasileira já foram registradas, 16 espécies de quelônios, pertencentes a cinco famílias, sendo três da subordem Cryptodira (Emydidae, Kinosternidae e Testudinidae) e as demais da subordem Pleurodira(Chelidae e Podocnemididae) (POUGH et al. 2008; VOGT, 2004; RAN-ICMBio, 2009).

A dieta natural desses animais que vivem na região da Amazônia, se resume em pequenos vertebrados, anelídeos, insetos, ovos, brotos e frutos (SANTOS 1994). Porém o desmatamento e o aumento da população urbana entre outras ações antropogênicas alteram a qualidade alimentar devido às modificações extensas no ambiente (BARRETO et al., 2005).

A espécie P.unifilis já se encontra na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e se enquadra na categoria vulnerável (IUCN, 2012). Sua maior ameaça é devido à poluição de córregos e degradação do hábitat. O declínio, especialmente dos cágados, esta ligado com o aumento das atividades de exploração que alteram seus habitats (REBÊLO e PEZZUTI, 2000).

A poluição dos habitats gera patologias podendo também levar a morte dos espécimes, que habitam este ambiente (POUGH et al., 2003 apud BRAGA, 2011). O lixo, principalmente os plásticos se assemelham com alimentos da dieta dos quelônios, assim muitos destes animais acabam ingerindo parcialmente ou totalmente os resíduos (MACEDO, 2007), a ingestão desses resíduos pode interferir no ciclo reprodutivo e também levar os espécimes a óbito (SANTANA NETO, 2009). A morte dos indivíduos da espécie, geralmente ocasionada pela ingestão de resíduos, pode ocorre por asfixia, infecção, obstrução intestinal entre outros (BOERGER et al., 2010).

No Brasil há muitos relatos de animais dessa espécie que morrem com a ingestão de lixo, principalmente os plásticos (FARRAPEIRA, 2011). A ingestão desses resíduos muitas vezes ocorre quando estes são confundidos com sua fonte de alimento e também quando o resíduo sólido se encontra junto com os alimentos desses animais (LAIST, 1987 apud et al., AWABD, 2012), e a falta de informação dificulta a abordagem mais ampla sobre vários aspectos ecológicos e evolutivos dos cágados, sendo esses, primordiais nos planos de conservação e manejo dessas espécies (SOUZA, 2004).

A ingestão de lixo pelas espécies de quelônios é um fator contribuinte com a redução dos P.unifilis que vive no Rio Pirarara no município de Cacoal – RO, a falta de informação e do bom senso das pessoas agrava ainda mais o problema. A poluição local, a destruição das matas ciliares e outras ações antrópicos decorrente no habitat do rio, interferem diretamente nas espécies habitantes. Essas pressões antrópicas vêm sendo cada dia mais agravante.                    Contudo, o objetivo da pesquisa foi de fazer um levantamento do conteúdo estomacal nos indivíduos da espécie dos P.unifilis encontrados no rio, verificando assim, se o Rio Pirarara oferece condições favoráveis para a dieta alimentar desses animais já que se trata de rio que sofre diariamente com a ação antrópica.

MATERIAL E MÉTODOS

[pic 1]

Imagem : Google Earth

Os estudos foram realizados num trecho (P1: 11°26'22.34"S - 61°26'22.34"O; P2: 11°26'34.36"S - 61°26'18.46"O) do Rio Pirarara que está localizado no município de Cacoal-RO, sendo um dos principais rios do município, percorre 9,340km no perímetro urbano e desagua no Rio Machado. O clima predominante é o tropical quente úmido, com temperatura media de 26ºC, apresenta período de seca e chuva.

As águas do Rio Pirarara são consideradas impróprias para o consumo humano, apresentando vários indicadores de poluição, e a vegetação observada é do tipo savana, predominando apresentando áreas de transição ou tensão ecológica, e áreas de vegetação antropizada: identificadas em áreas submetidas à intervenção humana.

O trabalho abordou a pesquisa do tipo qualitativa e quantitativa, fundamentada na coleta e analises da dieta dos Podocnemis unifilis, através de lavagem estomacal.

As coletas dos indivíduos foram realizadas quinzenalmente, em um trecho de 1.000 metros no Rio Pirarara, no período de agosto a outubro de 2014, totalizando seis coletas. As datas de coleta respeitaram os períodos que antecedem a estação chuvosa, visto que, a época de chuva torna a pesquisa inviável em consequência do grande volume hídrico.

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