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NEM TUDO

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Por:   •  19/11/2014  •  Tese  •  923 Palavras (4 Páginas)  •  351 Visualizações

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José Edward, de Belo Horizonte Todas as nações e todas as pessoas manifestam curiosidade em relação a seus antepassados. Os brasileiros, mais que os habitantes de países de população homogênea, têm interesse redobrado pelo assunto. Há um mistério e um problema na geração do povo brasileiro. O mistério é saber o que cada um de nós é. Europeus, negros e índios estão na base genética dos 170 milhões de habitantes do país. Sabe-se hoje que mais de 60% dos que se julgam "brancos" têm sangue índio ou negro correndo nas veias. O problema está no fato de que essa mestiçagem influi na maneira como a população se enxerga. Pelo tipo de beleza loura exibida em novelas da televisão, anúncios publicitários e passarelas da moda, o Brasil, ou a elite brasileira, parece envergonhar-se de sua mestiçagem. Sem dizê-lo explicitamente, anuncia uma suspeita aspiração nórdica. Alguns pensadores brasileiros chegaram a pregar o "branqueamento" da nação por meio da imigração. Outros, mais generosos, enxergaram as virtudes que a miscigenação propicia, mas a raça nunca foi um assunto neutro no Brasil. Individualmente, a pessoa interessada em retraçar suas origens tem dificuldade para ir além dos avós ou bisavós. No plano nacional, a falta de clareza se repete. Somos majoritariamente mestiços, sabemos, mas os censos populacionais pecam pela imprecisão: branco, negro ou pardo são categorias cravadas com base na aparência, no contexto social, na autopercepção.

JOSÉ SARNEY (JOSÉ RIBAMAR FERREIRA DE ARAUJO COSTA)

Ancestralidade materna: África Central Ancestralidade paterna: Europa, Ásia e África Ancestralidade genômica: européia (99,999999%)

O senador é estudioso do assunto e sabe muita coisa sobre as origens de sua família. "O primeiro Araújo (antepassado do pai) que chegou ao Maranhão foi Constantino de Araújo, em 1702. Ele veio de Arcos de Valdevez, no norte de Portugal, mas a família é oriunda da Galícia. Por parte de mãe, os ancestrais mais próximos são portugueses também. Minha mãe é bisneta de Antonia de Vilaça, portuguesa de Póvoado Varzim, que chegou a Pernambuco em 1848. E neta de Tereza Belchior, uma cafuza (mistura de índio com negro)", explica.

PAULO ZULU (PAULO CEZAR FAHLBUSCH PIRES)

Ancestralidade materna: África Subsaariana Ancestralidade paterna: Europa Ancestralidade genômica: africana (99,5%)

"Não sabia, mas gostei. O apelido foi mais forte que o sobrenome", brinca o modelo. O sobrenome Fahlbusch de Paulo Zulu é de seu avô por parte de mãe, o alemão Eugen Fahlbusch, que veio para o Brasil e casou-se com Maria do Carmo Andrade. Nascida em Muriaé, Minas Gerais, Maria do Carmo é brasileiríssima – dela, com certeza, vem a predominância africana nos genes de Zulu. "Fiquei surpresa com a africanidade de Paulo. Meu pai era daqueles alemães 'puros', e eu puxei por ele", diz a mãe do modelo, Hannelore. Os avós maternos do pai de Paulo Zulu eram portugueses

A resposta sobre quem somos, mesmo contra a opinião dos censos, está sendo encontrada dentro de nós mesmos. Um conjunto de pesquisas, comandadas pelo geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), começa a estabelecer com precisão, do ponto de vista da genética, quem são e de onde vêm os brasileiros. O estudo, tocado por dez cientistas e intitulado "Retrato molecular do Brasil", permite saber quem deu origem ao pai e à mãe de cada pessoa:

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