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PARA UMA IMAGEM NÃO DEFORMADA DO TRABALHO CIENTÍFICO

Por:   •  2/10/2018  •  Abstract  •  1.353 Palavras (6 Páginas)  •  2.196 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – CAMPUS REALEZA

EPISTEMOLOGIA DA CIÊNCIA l – FÍSICA

ACADÊMICA: KAROLINE KETLHYN MROSZKOSKI

Resenha: PARA UMA IMAGEM NÃO DEFORMADA DO TRABALHO CIENTÍFICO Pérez,D.G;Montoro I,F.;Alis J,C.; Cachapuz A . ; Praia J.

O artigo “Para uma imagem não deformada do trabalho científico”, de Daniel Gil-Pérez e outros autores (PÉREZ et al., 2001), procura evidenciar a importância de identificar as visões deformadas dos docentes sobre os estudos científicos, para isso, os autores mostram uma pesquisa feita com docentes que procurou conscientiza-los de que há deformações no modo de entendimento da construção do conhecimento científico e da própria ciência, mesmo entre a comunidade acadêmica.

Através de um intenso trabalho de revisão, os autores reconhecem que o ensino em todas as suas formas, transmitem visões errôneas das ciências, e uma das razões é que o ensino é fundado na apresentação de conhecimentos pré-elaborados, no lugar de ser uma atividade que está sempre em construção, impedindo assim a renovação das ciências. Assim temos a mesma preocupação dos autores, em conscientizar que essas visões distorcidas podem acarretar em graves consequências na interação dos alunos com as ciências. Com isso, a opção epistemologia do professor é um dos fatores que faz a diferença na estratégia pedagógica ganhando sentido e importância.

Com isso, o artigo foi separado em duas partes, a primeira parte os autores demostram quais são as visões deformadas de ciência mais comuns, na segunda parte, eles evidenciam os pontos comuns entre as diversas perspectivas e teses epistemológicas de variados autores de renome, e suas consequências educativas.

Demostrar as alterações do trabalho científico pode ajudar a indagar concepções e práticas, que não estão de acordo com uma visão mais adequada, se aproximando da mesma. O que chama a atenção, no artigo, é que as respostas adquiridas pelos autores demostram que as deformações são, em geral, as mesmas. Isso mostra que a “visão deformada do trabalho científico” se cria nas universidades e faculdades, nos próprios trabalhos acadêmicos, artigos e textos produzidos que acabam colaborando para a construção de um modelo ingênuo da ciência e que têm suas consequências no ensino fundamental e médio. Esta hipótese foi comprovada com a observação de diversos trabalhos publicados em revisas de divulgação científica.

A primeira deformação encontrada, e uma das mais frequentes na literatura que é a questão da concepção empírico-indutivista e a teoria, que enfatiza o caráter “neutro” da observação e da experimentação, esquecendo o papel fundamental e orientador da investigação que as hipóteses possuem, além das teorias como orientadoras do processo. É importante mencionar, que os professores não buscam mostrar aos alunos o outro lado da história, ou seja, a ciência como uma construção humana, e o cientista como uma pessoa humanizada, restando aos estudantes poucas oportunidades de considerarem criticamente todos esses estereótipos e essas distorções.

A segunda deformação encontrada foi à visão rígida, que apresenta o método científico como um conjunto de etapas a se seguir mecanicamente. Essa concepção é muito divulgada entre os docentes e também, muito criticada a ponto de ser recusada em favor de um relativismo extremo no âmbito metodológico, e no âmbito conceitual.

A terceira deformação, que está interligada com a anterior, é a aproblemática e ahistórica, nela transmitem-se os conhecimentos já elaborados sem mostrar as problemáticas que lhe deram origem, como afirma Bachelard, “todo conhecimento é resposta a uma pergunta”, e também, a compreensão da racionalidade de todo o processo e empreendimento científicos. Muitos professores de ciências não fazem referência a esse tipo de visão, o que reforça a sua forte existência no ensino de ciências.

A quarta visão é exclusivamente analítica, que destaca a necessária divisão parcelar dos estudos, o seu caráter limitado, simplificador.  Ignorando os esforços posteriores de unificação e construção dos corpos coerentes de conhecimentos cada vez mais amplos. A quinta visão pouco difundida é a acumulativa de crescimento linear dos conhecimentos científicos: não se referir às confrontações de teorias, controvérsias científicas, nem aos complexos processos de mudança. O conhecimento pode ser desconstruído e reconstruído.

A sesta deformação é a visão individualista e elitista da ciência: “os conhecimentos científicos aparecem como obras de gênios isolados”. Faz-se crer na suficiência dos resultados obtidos por um só cientista. Trabalho científico exclusivo para uma minoria inteligente e masculina. A ciência é uma construção humana, passível de erros. A última deformação demostrada é a Imagem descontextualizada, socialmente neutra, desconsidera-se as complexas relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Os cientistas são seres alheios aos fenômenos sociais, não precisam fazer opções.

Na segunda parte do artigo foram levantados os pontos de consenso dos vários autores analisados no estudo, sendo eles: Recusa à ideia de método científico; Recusa de um empirismo sem embasamento teórico; Recusa à investigação que se afirma como uma certeza Necessidade de coerência global e a necessidade de compreender o caráter social do desenvolvimento científico (inclusão social)

Acredito que na atualidade estas afirmações não são mais predominantes. A Ciência não é vista essencialmente como objetiva, certa e acabada, do mesmo modo como teorias ao longo da historia foram sendo derrubadas e ultrapassadas. Hoje, a Ciência já é percebida como sendo suscetível a mudanças, adepta de uma diversidade metodológica, não sendo única e imutável. A construção do conhecimento científico não é linear, pode haver falhas, correções e reconstruções durante o processo. Reconhece-se certa verdade, mas não uma verdade absoluta, a Ciência é uma obra em construção, e, como toda obra é influenciada pelo momento histórico.  Estou de acordo com os autores, quando os mesmos falam que é necessário entender a ciência na sua essência, saber o que ela é e como foi construído, só assim o professor vai poder ensinar de fato os conhecimentos científicos. A história do pensamento científico é uma prova de que a ciência é o afunilamento do conhecimento da verdade em campos já estabelecidos, é esse aprofundamento que dá acesso a uma interligação entre campos visualmente desconectados. Dessa maneira, o ensino científico é fundamental, pois presume uma modificação de atitude fundada na evidência do senso comum, para um raciocínio em termos de hipóteses. Por Karoline Ketlhyn Mroskoski acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

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