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Resenha Crítica Do Filme "Tudo Sobre Minha mãe"

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Por:   •  22/4/2014  •  544 Palavras (3 Páginas)  •  2.217 Visualizações

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Tudo sobre minha mãe

Manuela é uma mulher que trabalha como coordenadora de um hospital, e tem um filho adolescente chamado Esteban. No dia do aniversário de seu filho, Manuela o leva para ver uma peça de teatro intitulada “Um bonde chamado desejo”, mesma peça em que Manuela atuara a anos atrás com o pai de Esteban. Nesse dia em que vai ao teatro, o garoto queria conseguir um autógrafo da atriz Huma Rojo. A atriz está dentro de um táxi, e Esteban corre atrás dele debaixo de chuva na esperança de conseguir falar com Huma. No entanto, ele é atropelado no meio da rua e assim morre, deixando a mãe aos prantos e praticamente sozinha no mundo. Assim se inicia o desenrolar da história desse filme que tem a enorme capacidade de nos fazer refletir acerca de nossas próprias concepções e preconceitos. Manuela, decidida a encontrar o pai de seu filho, sobre quem tanto o rapaz perguntava em vida, volta a Barcelona onde já tinha morado um dia.

Chegando na cidade ela reencontra uma antiga amiga, Agrado, uma travesti que trabalhava nas ruas. Agrado é uma personagem extremamente irreverente e decidida, confiante de si mesma e da sua autenticidade apesar de todas as plásticas realizadas, como dito por ela mesma em uma divertida cena. Para ela, aquele corpo “comprado” era ela, era sua identidade. Juntamente com ela, Manuela conhece Rosa, uma moça boa que seria freira e trabalhava apenas ajudando as pessoas, como uma assistente social. Porém, depois de alguns dias, Rosa revela estar grávida e pede abrigo para Manuela. Ao ser questionada sobre quem é o pai da criança, ela responde que é Lola. Manuela fica consternada, e depois de algumas conversas é possível ao espectador (e à Rosa) entender que na verdade o pai de Esteban também era Lola, o antigo marido de Manuela que se tornara travesti. Em Barcelona, contraditoriamente, Manuela encontra emprego e vai trabalhar para Huma Rojo, que acaba se tornando uma grande amiga. As surpresas param por aí, com exceção da morte de Rosa durante o parto e do fato de seu filho, também chamado Esteban, ficar aos cuidados de Manuela.

O filme de Pedro Almodóvar é regado a seriedade, mas com cenas leves e descontraídas. A mudança de cores e semblantes das cenas tristes para as alegres é facilmente notada. Mesmo tendo cenas divertidas, principalmente aquelas em que Agrado aparece, o filme é predominantemente melancólico e num tom reflexivo, cheio de bons diálogos e fatos polêmicos que são tratados com certa tranquilidade pelos personagens. Impossível não refletir sobre o que é a autenticidade, sobre o que é normal, sobre os parâmetros que a sociedade impõe em relação àquilo que se espera das pessoas, sobre o que é ser homem ou mulher. Outra observação importante é a predominância de personagens femininos, já que os únicos homens do filme são Esteban e o pai de Rosa, ambos aparecendo em poucas cenas e por um tempo muito pequeno. Esse fato nos leva à já citada reflexão sobre o que faz de alguém um homem, sobre o que faz de alguém uma mulher. Afinal, como diz Agrado em uma das cenas do filme, “uma pessoa é tanto mais autêntica quanto mais se parece com aquilo que ela sempre sonhou para si mesma”.

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