Ritmicidade Biológica

1. Introdução

A ciência que investiga as características temporais dos organismos vivos, incluindo o estudo dos ritmos biológicos é denominada cronobiologia. Os ritmos biológicos são caracterizados pela recorrência, a intervalos regulares, de eventos bioquímicos, fisiológicos e comportamentais. (ASCHOLFF & WEVER, 1981).

As variações regulares de estados nos organismos vivos correspondem a respostas adaptativas à alternância dos dias e das noites, estações do ano, fases da lua e outros ciclos ambientais (Anokhin, 1974) ao longo da evolução. A incorporação desses ciclos ambientais concede aos organismos a possibilidade de anteciparem mudanças ambientais. Os comportamentos de hibernação, migração ou reprodução em certas épocas do ano são evidências de comportamentos antecipatórios. Cada organismo possui seu próprio relógio biológico. Podendo ser classificado conforme o funcionamento interno do corpo, provocando alterações bioquímicas, fisioló¬gicas e comportamentais (MENNA-BARRETO,1997)

Os estudos cronobiológicos demonstram que praticamente todas as variáveis fisiológicas apresentam uma flutuação regular e periódica em sua intensidade ao longo das 24 horas do dia. Demonstram, também, que, além dessa variação quantitativa, os diversos sistemas fisiológicos res¬pondem a um mesmo estímulo de forma diferen¬te, de acordo com a hora do dia.(CIPOLLA,1991)

O ser humano possui um período do dia em que se encontra mais ativo e com maior facilidade para o aprendizado e para a realização de diversas tarefas. Desta forma os indivíduos podem ser clas¬sificados em moderadamente matutino, definitiva¬mente matutino, vespertino ou indiferente , confor¬me o funcionamento do seu ritmo biológico (WHISHAW, 2002). Ao longo das 24 horas do dia cada indivíduo se encontra em estado funcional distinto ocorren¬do alternâncias entre o dia e a noite, ciclo sono-vigília, não sendo possível exigir o mesmo nível de produtividade em qualquer momento do dia, para execução de qualquer tarefa e para qualquer trabalhador, por isto torna-se importante o estudo da cronobiologia. (CIPOLLA, 1991).

2. Ciclo Sono-vigília

O ciclo sono-vigília é considerado uma adaptação do organismo ao ciclo dia-noite, persistindo mesmo na ausência de pistas temporais (ASCHOLFF, 1965). Essa persistência da ritmicidade biológica em ambientes naturais ou artificiais mantidos constantes é uma das demonstrações do caráter endógeno dos ritmos biológicos, isto é do fato de serem determinados por fatores internos ao organismo. A demosntração do caráter endógeno dos ritmos biológicos provém de experimentos em que plantas ou animais isolados dos estímulos do ambiente que poderiam servir de dicas temporais, como as variações diárias da luminosidade (ciclo claro-escuro) da temperatura etc.(ROTENBERG, 2003).

O Ciclo claro-escuro é o mais importante fator ambiental sincronizador dos ritmos biológicos. A informação da claridade–escuridão é transmitida via trato retino-hipotalâmico da retina para o núcleo supraquiasmático (NSQ) e deste para a Glândula Pineal ou Epífise, que regula a secreção de melatonina. A produção da melatonina é exclusivamente noturna, seu perfil plasmático varia de acordo com as noites mais longas ou mais curtas frente às diversas estações do