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Seduções Da Princesinha Do Café: Vassouras E O Festival Vale Do Café.

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Por:   •  22/1/2015  •  4.537 Palavras (19 Páginas)  •  624 Visualizações

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Seduções da Princesinha do Café: Vassouras e o Festival Vale do Café.

Seductions of Princess Coffee: Vassouras and the Festival Vale do Café

Helenise Monteiro Guimarães

PPGAV/EBA/UFRJ

heleng46@gmail.com

Resumo

O presente artigo tem por objetivo apresentar dados de nossa pesquisa de campo na cidade de Vassouras, Vale do Café no Estado do Rio de Janeiro. Destaca o estudo do turismo e sua afirmação como campo de conhecimento. Abordamos construções relativas aos rituais festivos e de preservação de patrimônios históricos desta região, tendo como eixo a análise das questões relativas a convivência entre turismo, legado cultural e suas consequências. Este é o aspecto diferencial, sobretudo na abordagem sobre as cidades históricas, eventos culturais e tudo relacionado ao contexto de um "produto turístico". Portanto, o próprio turismo deve ser compreendido como incentivo à manutenção de práticas culturais e representações de determinados grupos.

Palavras chaves: cultura popular – turismo – patrimônio histórico

Abstract

The present paper aims to present the data of the field research at Vassouras city, the Coffee Valley in Rio de Janeiro. Outstands the study about tourism and its affirmation as a field of knowledge. Approach the constructions relative to the festive rituals and preservation of historical heritage of this region, having as a main axis the examination of issues relating to coexistence between tourism, cultural heritage and its consequences. This is the differential aspect, especially within the approach in the historic towns, cultural events and everything related to them in the context of the "tourism product". Therefore, tourism itself shall be understood as encouraging the maintenance of cultural practices and representations of certain groups.

Key words: popular culture - tourism – historic heritage

Andanças e descobertas no Vale do Paraíba

No ano de 2013 iniciamos uma serie de viagens pelo Vale do Paraíba, cujo roteiro compunha-se de um conjunto de cidades históricas, movidos pela vontade de conhecer suas festividades, seus ritos e seu patrimônio histórico, entre elas, Paraty, Visconde de Mauá e Vassouras.

Este artigo, integrando a publicação do projeto de extensão da UFRJ, Patrimônio e Turismo no Vale do Café:Vassouras (Rio de Janeiro), parte de uma experiência in loco, denominada Olhares Culturais em Vassouras, que reuniu estudantes de artes, de arquitetura, pesquisadores de gestão cultural e professores de Historia da Arte e Teoria da Arquitetura, cada um com uma tarefa: caminhar pela cidade de Vassouras absorvendo de suas paisagens novas experiências.

Este artigo trata tanto destes olhares quanto das questões que eles revelaram e que vem se revelando, tanto mais nos aprofundamos no estudo das cidades, seus habitantes, suas memórias e sua noção de pertencimento aos locais. Na medida em que este pertencimento nos causa um estranhamento, haja vista nosso papel de “estrangeiros” e de pesquisadores, desenvolvemos aqui algumas questões que não se esgotam neste texto, mas pretendem estabelecer indagações. Pensar e olhar a cidade de Vassouras estabeleceu não só um prazeroso passeio em suas ruas, mas nos levou a abraçar a indagação dos elementos que a colocam como pólo turístico.

Turismo e a sedução do desconhecido como campo de estudos

Em nossas pesquisas sobre festividades urbanas nos deparamos com uma questão que vem se tornando crucial pelos fatos que a delimitam em seu próprio campo de analise, o estudo do turismo, seu histórico, suas conseqüências e sua valorização enquanto campo de conhecimento e produtor de indagações. O “turismo” como atividade pressupõe o deslocamento de pessoas de seu local de origem a um destino e retorno, provocando alterações econômicas, políticas, culturais sociais e ambientais como poucos fenômenos sociais puderam promover ao longo da historia da humanidade. Visto geralmente apenas do ponto de vista econômico e muito mais relacionado ao lazer, o turismo vem merecendo outras considerações dos campos das ciências sociais, tais como a antropologia, sociologia e geografia. Sobretudo no século XX, a atividade turística expandiu-se numa escala impressionante, não só em seu formato usual das viagens e promessas paradisíacas, mas sobretudo pelo crescente interesse gerado por tais atividades nas comunidades cientificas. Os impactos na natureza despertaram a atenção de biólogos e ecologistas, os reflexos nas populações e localidades que o recebem despertaram indagações de sociólogos e antropólogos e no que tange aos efeitos do turismo sobre os bens culturais, cultura material e patrimônio histórico, destas questões tem se ocupado historiadores e arquitetos. Mas a primazia destas indagações se deve aos geógrafos, que inauguraram a pesquisa do turismo a ponto de criar uma disciplina especializada “geografia do turismo” hoje incluída nos cursos universitários. (BARRETO:2003:7)

Aprofundando um pouco mais esta reflexão nas palavras de Dias (2003:30) coloca que o turismo pode também ser definido ou entendido como um fenômeno social complexo que implica numa série de relações sociais em muitas esferas da vida social, acentuando seu importante papel socializador, “pois permite o encontro entre pessoas de diferentes culturas, favorece a sociabilidade das pessoas que se encontram nas viagens numa condição psicológica altamente favorável a novos contatos sociais”(2003:30). Segundo este autor, há um papel humanizador do turismo a partir do momento em que ele estreita o relacionamento global dos indivíduos, na medida em que se intensificam as interações sociais e descobrem-se costumes e hábitos que ate então eram estranhos e que com o contato, passaram gradativamente, a ser apenas diferentes, fazendo parte desse enorme e complexo contingente humano que domina o mundo conhecido. Portanto, a razão de ser do turismo, a busca do exótico, do diferente, nada mais é que a busca do homem por conhecer a si mesmo. (DIAS,2003:31)

Apresentando questões tãoinstigantes, não é de se espantar que seja detectada uma evidente polarização na forma de compreensão do que é o turismo nos dias atuais (e sua trajetória histórica) posto que encontramos a oposição de ambientalistas e/ou preservacionistas disputando seus argumentos com as esferas oficiais e empresas turísticas, estas representando

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