Teoria celular da interação entre pesquisadores
Artigo: Teoria celular da interação entre pesquisadores. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: laisaparecida • 22/8/2014 • Artigo • 5.108 Palavras (21 Páginas) • 543 Visualizações
AULA 1 - 11/08/2014
TEORIA CELULAR
JC e-mail 2729, de 18 de março de 2005
A Teoria Celular resultado da interação entre pesquisadores, artigo de Gerardo Arias
‘Schwann compreendeu a importância da célula e dedicou-se sistematicamente à observação de células em diversos tecidos de animais’
Gerardo Arias é pesquisador da Embrapa Trigo. Artigo enviado pelo autor ao ‘JC e-mail’:
Muitas vezes atribui-se uma descoberta ou uma teoria científica a uma ou duas pessoas, mas geralmente o trabalho resulta da interação com outros pesquisadores, que não são mencionados.
Costuma-se vincular a teoria celular aos cientistas alemães Schleiden e Schwann, mas eles apenas a iniciaram e acreditavam que as células formavam-se livremente por um processo similar ao da cristalização.
Ao examinar uma amostra de cortiça ao microscópio, em 1665, o pesquisador inglês Robert Hook visualizou as paredes celulares e as denominou células (pequenas celas), conforme descreveu em suas Micrographies.
Essas células foram observadas por Malpighi, por Leeuwenhook e por outros microbiologistas. O médico e botânico suíço Albrecht von Haller (1708-1777) estabeleceu que todos os tecidos vivos eram formados por fibras, tese apoiada pelo fundador da Histologia, o francês Marie François Bichat (1771-1802).
O entomologista alemão Lorenz Oken (1779-1851), foi o primeiro a propor, em 1805, em termos especulativos, que todos os seres vivos eram compostos de ‘infusórios’, termo que designava os organismos unicelulares.
Em 1815, Charles de Brisseau-Mirbel, no seu livro Eléments de physiologie végétale et de botanique, usou novamente a palavra ‘célula’, observando que estão separadas por uma membrana.
Em 1824, Henri Dutrochet, descobridor da osmose, ponderou que as células estão separadas por duas membranas, portanto, cada célula tinha membrana própria. Em 1831, o botânico escocês Robert Brown (1773-1858) estabeleceu que todas as células possuíam um núcleo.
Matthias Jakob Schleiden (1804-1881), professor de Botânica em Jena, definiu as plantas, em 1838, como: ‘agregados de seres individuais e independentes, as células.’
Segundo ele, as células eram formadas pela cristalização do núcleo a partir do líquido-mãe intercelular, que ele denominou ‘cytoblastema’, como publicou num texto de Botânica em 1842. Theodor Schwann (1810-1882), professor de Anatomia em Lovaina, encontrou-se com Schleiden, em 1838, oportunidade em que falaram sobre as células vegetais, e Schwann mostrou-lhe tecidos de animais ao microscópio.
Schwann compreendeu a importância da célula e dedicou-se sistematicamente à observação de células em diversos tecidos de animais.
Em 1839, publicou o trabalho: ‘Sobre a Similitude da Estrutura e do Crescimento de Animais e Plantas’, estendendo a teoria celular ao reino animal.
Posteriormente, desenvolveu-a em capítulo de um livro de Fisiologia, de autoria de seu compatriota Rudolph Wagner, no qual apoiava a livre formação de células proposta por Schleiden, declarando ‘que as células aparecem independentes de outras no seio de um líquido organizável, o citoblastema.’
Ambos supunham que as células formavam-se num processo similar ao da formação de cristais, a partir de uma solução.
Tanto Schleiden como Schwann pertenciam a uma escola de pensamento da Alemanha, denominada ‘Naturphilosophie’, que não aceitava a ciência mecanicista preconizada na França e na Inglaterra e acreditavam que na matéria havia forças que dirigiam a formação dos seres vivos.
Robert Remak (1815-1865), cientista alemão de origem judaica, publicou, em 1855, a obra ‘Investigações no Desenvolvimento dos Vertebrados’, argumentando que as células surgiam por divisão celular, começando pela divisão dos núcleos.
O médico alemão Rudolf Virchow (1821-1902) publicou, em 1855, quando era professor em Würzburg, um artigo nos ‘Arquivos de Anatomia Patológica’, no qual reconhecia o mérito de Schwann, especialmente na sua demonstração de que as células dão origem aos tecidos, e atacou a teoria do citoblastema, estabelecendo que toda célula provém de outra célula (omnis cellula e cellula). Em 1858 publicou um livro ‘Patologia Celular’.
O desenvolvimento da Teoria Celular assentou-se em um processo muito complexo, a partir da idéia inicial, mas incompleta, de Schleiden e Schwann.
As células dos organismos superiores não são independentes, mas interdependentes, e não existe a livre formação de células. Foi necessário modificar essa visão, até se chegar à definição final, por Virchow:
1º As células são as unidades funcionais de todos os seres vivos
2º Os fluidos intercelulares não são citoblastemas formadores de células, mas produtos derivados da atividade metabólica das células
3º Tanto nos tecidos normais como nos doentes, toda a célula nasce de outra célula.
A teoria celular antecede o livro de Darwin (1859) e também não foi imediatamente aceita. O citólogo suíço Albert Kölliker, autor de um tratado de histologia humana, começou adotando a ‘teoria do citoblastema’, na primeira edição, de 1852, mas, já na terceira edição, passou, da formação livre de células, a afirmar que nunca se forma uma nova célula sem a prévia divisão dos núcleos. Charles Robin, titular da cadeira de Histologia da Faculdade de Medicina de Paris, publicou em 1873, um tratado de anatomia e fisiologia celular que continuava sustentando a teoria do cytoblastema já refutada.
Rudolf Virchow atuou em política, no ‘Partido Progressista’ de oposição. Dizia que Política era Medicina em grandes doses.
Como vereador de Berlim, promoveu a instalação de esgotos, o saneamento e a higiene no processamento de alimentos, ajudando a transformar Berlim na cidade mais sadia da Europa.
Foi deputado estadual e federal. Opôs-se ao racismo, negando que existisse uma raça germânica. Entre suas recomendações para combate do tifos nas regiões pobres incluía: ‘Democr
Célula
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