XILOGRAVURA E GRAVURA EM METAL
Artigos Científicos: XILOGRAVURA E GRAVURA EM METAL. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Gustavotb • 13/3/2013 • 3.072 Palavras (13 Páginas) • 1.065 Visualizações
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE ARTES VISUAIS
GUSTAVO BASCHIROTTO PEREIRA
XILOGRAVURA E GRAVURA EM METAL
CRICIÚMA/SC, NOVEMBRO/2006
GUSTAVO BASCHIROTTO PEREIRA
XILOGRAVURA E GRAVURA EM METAL
Trabalho acadêmico realizado para cumprimento parcial da disciplina de Gravura no curso de Artes Visuais da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.
Orientador: Prof. Rildo Ribeiro
CRICIÚMA/SC, NOVEMBRO/2006
Xilogravura
O que é xilogravura?
A xilogravura é um processo de gravação em relevo que utiliza a madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado.
A xilogravura já era conhecida dos egípcios, indianos e persas, que a usavam para a estampagem de tecidos. Mais tarde, foi utilizada como carimbo sobre folhas de papel para a impressão de orações budistas na China e no Japão.
Com a expansão do papel pela Europa, começa a aparecer com maior freqüência no Ocidente no final da Idade Média (segunda metade do século XIV), ao ser empregada nas cartas de baralho e imagens sacras. No século XV, pranchas de madeira eram gravadas com texto e imagem para a impressão de livros que, até então, eram escritos e ilustrados a mão. Com os tipos móveis de Gutemberg, as xilogravuras passaram a ser utilizadas somente para as ilustrações.
O primeiro grande mestre europeu a utilizar a xilogravura dentro de uma perspectiva outra foi o alemão Albrecht Dürer, no século seguinte, deslocando-a de uma submissão de ordem religiosa, inserindo-a, em definitivo, em uma dimensão artística. Um clássico exemplo seria seu "Apocalipse" (1498), onde se mostra uma percepção bastante peculiar e distinta dos temas em voga.
Desde então é preciso definir uma dupla condição ou duplo entendimento da xilogravura: de um lado seu percurso como técnica empregada pela imprensa em geral, aí incluindo a utilização política e religiosa; de outro, sua concepção como expressão artística, independente da abordagem de temas góticos e populares. Na Idade Média havia um controle rígido, mantido pelo clero e a nobreza, sobre todos os ofícios, de maneira que dificilmente ali se poderia considerar como arte a utilização dessa técnica. A produção de imagens sacras, por exemplo, estava vinculada a um sistema de propaganda monoteísta.
A gravura chega ao Brasil tardiamente, em meados do século XVIII, coincidindo com a vinda da Família Real, quando então é fundada a Imprensa Régia. Portanto, desde seu princípio encontra-se ligada ao Estado. Manifestações anteriores dão registro de uma utilização esporádica, a exemplo de uma "Natividade" gravada a buril por Alexandre de Gusmão, da Companhia de Jesus, ou o desaparecido "Orbe seráfico" do Frei Antonio de Santa Maria Jaboatão, ambas do século XVII. Sabe-se também de alguns brasileiros que foram estudar gravura na Europa, sendo importante destacar o carioca Manoel Dias de Oliveira que, ao retornar ao Rio de Janeiro, em 1800, dirigiu a Aula Pública de Desenho e Figura.
De qualquer maneira, durante todo o período da colonização portuguesa era proibida a impressão de livros no país. Não tivemos nem mesmo as nossas "Bíblias dos pobres", como ficaram conhecidas na Europa as impressões tabulares de uma mescla de texto e imagem gravados em uma única placa. Dentro daquela distinção já estabelecida, primeiro tivemos a utilização da gravura através da imprensa, sobretudo no caso das ilustrações para os jornais oficiais. O surgimento de uma expressão artística somente seria alcançado coincidentemente à deflagração de nosso Modernismo, graças à presença de artistas como Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo e Lasar Segal.
Estas matrizes, que foram produzidas ao longo do século XIX e abarrotavam as tipografias nordestinas, aparecem nos primeiros folhetos de cordel impressos, no final deste século (o mais antigo que se tem notícia é de autoria de Leandro Gomes de Barros - 1865-1918).
Os editores dos livretos decoravam as capas para torná-las mais atraentes, chamando a atenção do público para a estória narrada. Para isso, utilizavam o que estava à mão: poderiam ser os clichês de metal (são como carimbos) que começavam a substituir os de madeira no início do século XX ou simples vinhetas decorativas. A xilogravura como ilustração, feita sob encomenda para determinado título, nasce da necessidade de substituir os clichês de metal já gastos. Por isso, não é difícil encontrar xilogravuras de capas de cordel imitando desenhos e fotografias de clichês. Mas, a xilogravura popular nordestina ganhou fama pela qualidade e originalidade de seus artistas.
Hoje em dia, muitos gravadores nordestinos vendem suas gravuras soltas além de continuarem a produzir ilustrações para as capas dos cordéis. Gravadores como J. Borges, José Lourenço, Jerônimo e muitos outros, expõem seus trabalhos em importantes instituições no Brasil e no exterior.
“Creio que a arte é sempre um exercício de liberdade, no sentido mais amplo da palavra, da criação ao uso de materiais e experimentações. Não se pode impor regras rígidas à criatividade. Ao contrário, o artista é movido por sua constante inquietação, por sua necessidade de quebra das regras estabelecidas e pelo confronto com suas limitações. Por isso, os conceitos de certo e errado não são aplicáveis ao fazer artístico.” Essa frase é de Anico Herskovits e posso afirmar que concordo inteiramente com ele, posto que nós todos que optamos entrar no caminho da Arte, seja como artistas propriamente ditos ou apenas como estudiosos, sabemos que a Arte não é exata, não é como a Física, que se baseia em regras exatas, leis bastante rígidas. A Arte não segue uma cartilha, não pode ser definida por uma equação matemática como Arte = . Arte é sentimento, não é algo lógico. É feita para extrair o melhor do ser humano e é por isso que enquanto algumas profissões foram desaparecendo e ainda muitas vão desaparecer com o passar dos séculos, a profissão “artista” será eterna.
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