Comportamento e relação
Por: Rafaelaabcs17 • 8/11/2015 • Abstract • 1.197 Palavras (5 Páginas) • 415 Visualizações
Comportamento e Relação-TP
Guião da entrevista
Enfermeira: Bom dia Sr.Joaquim! Eu sou a enfermeira Rafaela, pode sentar-se se quiser. E este tempo chuvoso, é chato não é? Sr. Joaquim: Nem me diga nada, é pior que chato uma pessoa tem que andar com o guarda-chuva sempre atrás de nós. Enfermeira: Bem, antes de começarmos quero garantir-lhe a confidencialidade da nossa conversa, ou seja, tudo o que se falar aqui não sai daqui. Assim sendo, permite-me que tire notas? Sr. Joaquim: Sim pode. Enfermeira: Comecemos então. Diga-me, o que o traz cá? Sr. Joaquim: A minha mulher convenceu-me a vir aqui pois acha que ando a beber demais e então eu fiz-lhe a vontade para ela tirar essa ideia da cabeça. Enfermeira: E acha que ela tem motivo para se preocupar consigo e com o seu consumo de álcool? Sr. Joaquim: Sra. Enfermeira eu acho sinceramente que não. Enfermeira: Muito bem. E diga-me Sr. Joaquim como é a sua relação com a sua mulher? Sr. Joaquim: Muito boa, para eu ter 45 anos e ser casado há 20 com ela só pode ser assim. Só tenho pena que nunca consigamos ter filhos, mas por outro lado com a minha profissão sustentá-los seria bem difícil. Como sabe a construção civil dá muito poucos rendimentos e é uma vida desgastante. Enfermeira: Percebo. Mas tem emprego neste momento? Sr. Joaquim: Estou desempregado há um ano já. E veja só o azar de um homem trabalhador. Tinha bebido uma cervejinha durante o turno, num calor dos diabos, e não é que nos aparece lá um inspetor? Lá fez o trabalho dele e pelos vistos o meu valor de álcool no sangue não era permitido e foi essa a causa do meu despedimento. Enfermeira: Lamento ouvir isso. Mas conte-me, como é o seu padrão de consumo de álcool? Bebe com frequência? Sr. Joaquim: Bebo com frequência sim, costumo beber principalmente se estou com amigos no café ou assim, mas em casa também bebo mas aí é às refeições e depois quando me dá vontade. Enfermeira: E sabe dizer-me mais ou menos a quantidade que bebe? E o que bebe essencialmente? Sr. Joaquim: Beber bebo vinho tinto, branco, uísque, bagaço, cerveja, o que tiver em casa essencialmente. Quantidades não sei precisar bem, sou capaz de beber uns 3 copos de água de vinho tinto, outros tantos de cerveja e depois de bagaço ou assim não tenho ideia. Enfermeira: Os seus copos de água devem levar uns 200 ml não é? Sr. Joaquim: É, deve ser mais ou menos isso Sra. Enfermeira. Enfermeira: Costuma sentir efeitos do álcool? Efeitos como dores de cabeça, tonturas, enjoos, não se lembrar de curtos períodos de tempo..por aí. Sr. Joaquim: Às vezes sinto uma dorzita de cabeça ou outra, e por vezes tenho dificuldade em me lembrar de certos episódios mas já sou esquecido de mim. E noto isto só quando por exemplo bebo mais do que o costume ou assim. Enfermeira: E o Sr. Joaquim sente com frequência necessidade de beber mais do que o dia anterior ou mais do que o costume? Sr. Joaquim: Não sei se posso chamar necessidade de o fazer mas como me sinto bem continuo a beber, acho que com o passar do tempo aqueles sintomas de que falamos só aparecem com quantidades maiores. Enfermeira: O Sr. Joaquim pode não os sentir mas tem que ter cuidado com a quantidade que bebe e do que bebe por causa da sua saúde e principalmente do seu fígado. Não acha que seria bom começar a controlar o seu consumo? Sr. Joaquim: Oh sra. Enfermeira eu tenho uma saúde de ferro não preciso de controlar nada, se eu me sentisse mal quando bebo tudo bem mas sinto-me tão bem. Enfermeira: Neste ano em que está desempregado procurou emprego ou deteve-se nalguma ocupação? Sr. Joaquim: Procurei sim e nos primeiros três meses tive uns biscates que arranjei através de uns amigos mas nada de emprego fixo. Até hoje vou passando os dias a ver televisão ou a ir beber com os amigos para o café, ir ver a bola e pouco mais. Enfermeira: Tem por hábito ir de manhã ao café? Sr. Joaquim: Vou de manhã, de tarde e à noite. Só vou a casa para comer e dormir, e para estar com a minha mulher. Enquanto ela está a trabalhar eu vou para lá descontrair senão fico por casa a ver o futebol. Enfermeira: Beber ajuda-o a descontrair? Sr. Joaquim: Ajuda sim, faz-me sentir sempre melhor quando discuto com a minha Maria ou quando fico frustrado por não conseguir emprego. Enfermeira: Já alguma vez tentou diminuir o seu consumo de álcool ou ficou por algum motivo sem beber durante um dia por exemplo? Sr. Joaquim: Já tentei sim, mas não me sinto bem e acho que me falta sempre alguma coisa ao meu dia. E nem me lembre de não beber, um dia à vinda embora de uma obra ficamos presos no trânsito horas por causa de um acidente e só chegamos a casa já pela noite dentro. E a sra Enfermeira nem imagina, cheguei a casa com tremores e a suar frio como um danado e a minha mulher disse que depois eu tive a dizer coisas sem sentido, a falar com paredes, como se tivesse a ter alucinações, mas disso eu não me lembro. Enfermeira: Sr. Joaquim, vou ser sincera consigo. De facto eu acho que o senhor precisa de ajuda no que toca ao consumo do álcool uma vez que desde a necessidade que sente de dia para dia beber mais, de ter episódios desses que me contou quando entra em abstinência entre outros não é de todo normal. Irei pedir à sua mulher que entre para que possa esclarecer-vos de qual será o passo seguinte, pode ser? Sr. Joaquim: Pode claro. Enfermeira: Por favor D.Maria pode sentar-se junto do seu marido. Chamei-a porque depois desta conversa com o Sr. Joaquim constatei que há nuances mais ou menos fortes que indicam para a sua dependência para com o álcool. Não considero que seja um problema difícil de resolver desde que o seu marido tenha força de vontade e a si para o apoiar. Eu irei proceder com o seguimento do processo do Sr. Joaquim para o médico de família que fará um diagnóstico mais detalhado e irá reencaminhá-lo para o tratamento mais indicado. Até lá, gostaria de lhe perguntar Sr. Joaquim se pode ser possível vir conversar comigo quinzenalmente para eu poder acompanhar todo este processo. Será possível? Sr. Joaquim: Não vejo porque não, já que tem que ser. Enfermeira: Este é um processo que vai depender maioritariamente de si, está disposto a aceitar a nossa ajuda? Sr. Joaquim: Estou sim. Enfermeira: Ainda bem, folgo em sabê-lo. Então até breve, eu acompanho-os à porta. | Acolhimento Enfermeira vai chamar o utente e cumprimentam-se com um aperto de mão. Confidencialidade Sr. Joaquim fala num tom de troça. Sr. Joaquim encolhe os ombros. Ao falar tem um sorriso mas depois fica com uma expressão de desânimo. Tem uma expressão séria mas tenta dar piada à situação que conta. Exploração Ele fica pensativo e por uns segundos não responde. Sr. Joaquim responde com uma expressão divertida Sr. Joaquim fala num tom mais distante e reservado. Sr. Joaquim abana a cabeça como se quisesse esquecer o que acaba de contar à enfermeira. Clarificação Orientação Sr. Joaquim já com uma cara inexpressiva. Sr. Joaquim suspira como se estivesse resignado. Enfermeira sorri a ambos. Leva-os à porta, cumprimenta-os com um aperto de mão e eles vão embora. |
...