Acantameba e Neigleria

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE FARMÁCIA

PARASITOLOGIA F – CFP 215 NOTURNO

Acanthamoeba spp.

e

Naegleria spp.

RIO DE JANEIRO

DEZ 2014

Acanthamoeba spp.

As espécies de Acanthamoeba estão entre os protozoários mais frequentes na natureza. Eles são distribuídos por todo o mundo e têm sido isolados a partir de poeira, ar, água fresca natural e água tratada, mar, piscinas, esgoto e ar condicionado, hospitais e lentes de contato. O ciclo de vida das espécies de Acanthamoeba envolve duas etapas: uma forma ativa ou trofozoíta e uma forma latente conhecido como cisto (Figura 1).  Ele contém um ou mais proeminentes vacúolos contrácteis, cuja função é expelir a água para a regulação osmótica.

[pic 1]

[pic 2]

A ameba Acanthamoeba tem a capacidade de viver como microrganismos de vida livre ocasionalmente na natureza e invadir um hospedeiro e viver como parasitas. Dentro dos sintomas clínicos da doença, são alterações do estado mental, convulsões, enxaqueca, afasia, febre, diminuição da visão, náuseas e vômitos, ataxia, coma e morte. Espécies desse gênero também podem infectar diretamente o olho causando queratite córnea. O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento eficaz de queratite por Acanthamoeba, doença mais frequentemente causa por este parasito.

A infecção é normalmente diagnosticada com base nos sintomas, o crescimento da ameba e de uma raspagem do olho, e/ou vendo a ameba por um processo chamado de microscopia confocal.

O tratamento ocorre com um ou mais medicamentos de prescrição. Tem sido proposto diferentes combinações de antibióticos. Entre eles, formado por isotionato de propamidina 0,1% (Brolene®, droga externa), em conjunto com neomicina, polimixina B e gramicidina tem sido o mais amplamente utilizado e tem sido associada com a eficiência superior a 80%. O tratamento cirúrgico deve ser instituído em olhos com risco iminente de perfuração ou já perfurado; naqueles em que o tratamento clínico possa ser realizado a ceratoplastia deve ser postergada até o controle da infecção. O tempo ideal para se esperar até se indicar o transplante é classicamente descrito como maior do que seis meses para se evitar recorrência.

Naegleria spp.

Membros do gênero Naegleria são amebas flageladas de água doce presente em todos os continentes. Eles são encontrados em lama e solo, bem como em rios, lagos, pântanos onde ocupam habitats ricos em matéria orgânica. As espécies mais estudadas são a não patogênica Naegleria gruberi, mas o gênero notório como as espécies termófilas de Naegleria fowleri causam meningoencefalite amebiana primária (PAM, primary amoebic meningoencephalitis) em seres humanos, o que quase invariavelmente leva à morte. Casos de PAM relatados são em todo o mundo e estão relacionados com a natação em água quente, através do qual o patógeno entra no cérebro através do nariz (De Jonckheere, 2002). Naegleria spp. possui ciclo biológico simples compreendendo três estágios, cisto, trofozoíto ameboide e trofozoíto flagelado (Figura 2). Em condições adversas, tais como baixa temperatura, a ameba se divide em cistos esférico sendo o trofozoíto ameboide a forma infectante, além de ser a única forma replicativa. O estágio flagelar é somente a forma dispersante.