Estereotipias Em Animais

2.1.ESTEREOTIPIAS:

Um equívoco comum nas discussões sobre bem-estar animal é considerar uma 'estereotipia' como sinônimo de "comportamento anormal". Os dois termos são relacionados, mas não são diretamente substituíveis. Na realidade, os comportamentos estereotipados são antes um tipo particular de comportamento anormal. Tal como o nome sugere, resultam da repetição regular de um mesmo comportamento, inúmeras vezes e por longos períodos de tempo.

Uma estereotipia é de fácil reconhecimento por ser uma sequência de movimentos, repetida muitas vezes com pouca ou nenhuma variação e com ausência de função, estas apresentam um padrão relativamente invariável.

Drogas psicoestimulantes e peptídeos opióides, afetam a incidência de estereotipias em vários animais. Segundo Dantzer (1986) ‘ Existem boas evidencia de que a realização de um comportamento estereotípico depende dos sistemas cerebrais relacionados à dopamina envolvidos no controle do movimento’

As estereotipias ocorrem em situações nas quais os animais não possuem controle de seu ambiente, como a frustração gerada pela inadequação da disponibilidade de alimento. A sequência estereotípica surgiu partir de tentativas de solucionar algum problema, como este da alimentação.

Este tipo de comportamento anormal é evidentemente um indicador de baixo grau de bem estar e pode ser diminuído ou solucionado a partir de enriquecimento ambiental.

Quem já viu um tigre ou um urso no jardim zoológico teve, com grande probabilidade, a possibilidade de assistir a um andar estereotípico (ou percurso de rota). Ele consiste em seguir um caminho e retornar a seu ponto inicial, sendo repetido com grande frequência e mínimas variações. É geralmente causado por algum tipo de frustração, principalmente pela incapacidade do animal em escapar de seu confinamento, mas também pode ser causado pela falta de acessibilidade a um parceiro social ou sexual, falta de alimento ou outro recurso.

Animais selvagens que naturalmente possuem grandes territórios, quando confinados a pequenos espaços ou enjaulados estão propensos a desenvolverem comportamentos estereotipados. Mas este tipo de comportamentos ocorre em todos os tipos de animais mantidos em cativeiro. Pensa-se que se desenvolvam a partir de comportamentos normais que os animais estão muito motivados a realizar na natureza, mas que num ambiente restritivo são impedidos de manifestar de maneira normal.

Se a restrição comportamental afeta a alimentação e/ou a procura de alimentos, é provável que os animais desenvolvam estereotipias orais como aerofagia, que consiste em engolir o ar. Sabe-se que cavalos têm maior tendência em demonstrar comportamento de aerofagia, e potros podem adquirir tal hábito vindos mãe.

Para prevenir este comportamento usa-se uma coleira colocada justa ao redor da garganta, que causa dificuldade e desconforto, porém alguns animais irão continuar praticando anormalidade, consequentemente irão adquirir feridas no pescoço, então pode-se fazer intervenções cirúrgicas para criação de fístulas na boca.

Nenhuma destas intervenções apresenta resultados satisfatórios, por isso recomendam-se mudanças no manejo.

O animal que não tem alimentação adequada também pode apresentar mastigação falsa, que é o movimento da mandíbula exibido ao mastigar alimentos mesmo quando não há nenhum. Características constantes envolvem mastigação periódica e abertura da boca, o que pode formar espuma a partir da saliva.

Este hábito pode ser reduzido ao se oferecer palha ou cepilho para os animais fuçarem. O comportamento é exibido principalmente em animais que ficam deitados por mais horas ao dia.

A mudança para sistemas de alojamento em grupo é a melhor forma de sanar efeitos de mastigação falsa.

Outra anormalidade é lambedura, onde a língua é aplicada de maneira repetitiva a uma área do próprio corpo, objetos aos seus arredores ou em seus companheiros. Isto pode resultar em ferimentos e ingestão de pelo ou outros materiais. Este tipo de estereotipia pode ser causada pelo fornecimento inadequado de alimento, ou nenhuma teta para mamar.

Mordedura de barras, de amarras ou de baia é quando o animal abre e fecha a boca ao redor de algum desses objetos, colocando a língua e os dentes na superfície e realizando movimentos de mastigação.

Estes comportamentos podem ser reduzidos pelo melhoramento