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Nevralgia do trigêmeo

Por:   •  3/4/2015  •  Seminário  •  2.756 Palavras (12 Páginas)  •  351 Visualizações

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Neuralgia do Trigêmeo

1. Introdução

1.1 Nervo trigêmeo

O nervo trigêmeo (V par craniano) é considerado um nervo misto, pois possui tanto fibras sensitivas quanto motoras, sendo as primeiras importantes para o quadro de neuralgia, no qual estas fibras são responsáveis pela sensibilidade proprioceptiva (pressão profunda e cinestesia) e exteroceptiva (tato, dor e temperatura), inervando, ainda, os músculos responsáveis pela mastigação. A raiz sensitiva é consideravelmente maior do que a raiz motora e esta é formada pelos prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos, situados no gânglio trigeminal (ou semilunar, ou gânglio de Gasser), que se localiza no cavo trigeminal, sob a parte petrosa do osso temporal. Os prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos do gânglio trigeminal formam distalmente ao gânglio os 3 ramos ou divisões do trigêmeo: nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular. O nervo oftálmico (V1) promove a sensibilidade para a testa e os olhos e este é raramente acometido. O nervo maxilar (V2) atravessa o forame redondo e carreia a sensibilidade em pele e tecido subcutâneo do lábio superior, asa do nariz, bochecha, pálpebra inferior, região temporal, mucosa do véu do palato, abóbada palatina, amígdala, seio maxilar, fossa nasal, gengiva, polpas dentárias superiores, periósteo da órbita e dura-máter da fossa cerebral média. O ramo mandibular (V3) emerge pelo forame oval e permite a inervação sensitiva da fossa temporal, mento, mandíbula, porção anterior do pavilhão auricular (exceto lóbulo), porção anterossuperior do conduto auditivo externo e membrana timpânica, inervando, também, os dois terços anteriores da língua, assoalho da boca, mastoide, polpas dentárias inferiores, gengiva, articulação temporomandibular e dura-máter da fossa posterior. A porção sensitiva do nervo soma-se à raiz motora que supre os músculos mastigatórios.

1.2. DEFINIÇÃO

A neuralgia do trigêmeo é uma dor neuropática que ocorre, em grande parte, devido à compressão de um dos ramos do nervo trigêmeo por vasos periféricos, geralmente artérias. Os ramos maxilares e os mandibulares são os de acometimento mais comum e, praticamente, unilateral. Atividades triviais do cotidiano podem servir de gatilho para a dor, como escovar os dentes, lavar o rosto, mastigar, todavia pode, também, ocorrer espontaneamente.

É considerada uma das dores mais intensas no mundo, podendo ser caracterizada como um choque elétrico forte e incapacitante. Este choque pode ser comparado ao se bater, acidentalmente, determinada parte do cotovelo, por onde passa o nervo ulnar, contudo de maior intensidade e duração.

A neuralgia do trigêmeo causa dor e espasmos musculares extremos no rosto. A dor paroxística e severa, também conhecida como "tique doloroso", pode ser desencadeada por um estímulo cutâneo leve em um local específico na face, conhecido como zona de gatilho ou zona desencadeante. A forma típica desta patologia envolve breves casos de dor intensa, como um choque elétrico em um lado do rosto, o que leva o paciente a evitar estímulos nestas mesmas áreas. Inicialmente, apresenta-se em ondas leves curtas, com períodos de remissão, podendo evoluir, causando ondas mais longas e frequentes de dor lancinante. O paciente pode, por vezes, beneficiar-se de remissões longas, sem qualquer tratamento. Excetuando-se esclerose múltipla e raros casos de tumores da fossa posterior ou outras lesões que incidem sobre o nervo trigêmeo, gânglio ou raiz, a neuralgia trigeminal é considerada como idiopática. Alguma anormalidade benigna foi considerada suspeita por muito tempo, porém a opinião corrente é, atualmente, a favor de um "conflito neurovascular": uma artéria, em maior parte um ciclo do superior ou artéria cerebelar ântero-inferior, tem um contato ofensivo com a raiz do nervo trigeminal, o que resulta em desmielinização localizada e disparo ectópico de descargas neuronais. Esta hipótese está de acordo com o alívio proporcionado por drogas antiepilépticas e é apoiada por dados de neuroimagem recentes.

2. Manifestações clínicas

A neuralgia do trigêmeo caracteriza-se por ataques paroxísticos e recorrentes de dor lancinante e súbita, tipo choque nos lábios, gengiva, bochechas ou queixo, envolvendo mais frequentemente o ramo maxilar e muito raramente, na distribuição da divisão oftálmica.

A dor geralmente dura de poucos segundos a dois minutos, mas pode ser tão forte que o paciente se retrai. Os paroxismos são sentidos como golpes únicos ou salvas, tendem a recorrer frequentemente, às vezes ao longo de várias semanas. Em raros casos é bilateral, mas quase sempre é unilateral, sendo o lado direito mais comum do que o esquerdo, talvez por maior estreitamento dos forames redondo e oval daquele lado.

Tipicamente, a dor é desencadeada de forma espontânea ou com movimentos das áreas acometidas durante os atos de falar, sorrir, beber, escovar os dentes, barbear-se, mastigar, tocar levemente no rosto ou por uma brisa e pode ocorrer repetidamente ao longo do dia.

Outra característica típica é a presença de zona de gatilhos, habitualmente na face, nos lábios ou na língua, que provocam os episódios. O exame físico dos pacientes com neuralgia trigeminal clássica é predominantemente normal.

Portanto, anormalidades sensoriais na área trigeminal, perda do reflexo corneano ou qualquer fraqueza nos músculos faciais devem levar o médico a considerar causas secundárias da neuralgia.

3. Epidemiologia

Acomete mais:

- Lado facial direito;

- Mulheres em proporção de 3:2;

- Adultos a partir dos 50 anos;

- Prevalência anual de 4:100.000 pessoas.

É a neuralgia facial mais comum e uma das causas mais frequentes de dor facial recorrente.

4. Fisiopatologia

A origem da Neuralgia do Trigêmeo ainda não está muito bem estabelecida, no entanto acredita-se que a maioria dos casos sejam causados pela compressão intracraniana do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo, mais frequentemente a artéria cerebelar superior ou, às vezes, uma veia tortuosa. Outras causas, também, incluem infecções virais, lesões tumorais, escleroses múltiplas, aneurismas, comprometimento alveolar

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