Picamalácea
Tese: Picamalácea. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: deborah.zanotti • 16/3/2014 • Tese • 574 Palavras (3 Páginas) • 440 Visualizações
Na literatura nacional e internacional, vários termos são utilizados para descrever a desordem alimentar conhe¬cida como pica, caracterizada pela ingestão persistente de substâncias inadequadas com pequeno ou nenhum valor nutritivo, ou de substâncias comestíveis, mas não na sua forma habitual. Além desse, outros termos são propostos, tais como: picamalácia, picacia, picacismo, malácia, geo¬mania, pseudorexia, entre outros – todos com diferentes graus de descontrole do apetite. Outra definição para pica refere-se ao gosto por alimentos esdrúxulos, condi¬mentos raros ou substâncias estranhas.(p441)
Dentre as perversões do apetite mais comuns encon¬tram-se a pagofagia (ingestão de gelo), a geofagia (ingestão de terra ou barro), a amilofagia (ingestão de goma, prin¬cipalmente a de lavanderia), o consumo de miscelâneas (combinações atípicas) e frutas verdes. No entanto, outras substâncias não alimentares também são referidas, como palitos de fósforo queimados, cabelo, pedra e cascalho, carvão, fuligem, cinzas, comprimidos de antiácidos, leite de magnésia, borra de café, bolinhas de naftalina, pedaços de câmara de ar, plástico, tinta, sabonete, giz, toalha de papel e, até mesmo, sujeira(p441).
A prática de pica dentre as gestantes pode estar associada à anemia, à constipação, à distensão, à obs¬trução intestinal, a problemas dentários, a infecções parasitárias, à toxoplasmose, a síndromes hipertensivas na gravidez, a interferências na absorção de nutrientes, ao envenenamento por chumbo e à hipercalemia.(p444)
As causas do transtorno alimentar são complexas e envolvem fatores culturais, nutricionais, ambientais, fisiológicos e emocionais. Os tabus, a superstição, a história familiar e a condição econômica podem interferir na prática da picamalácia, bem como a associação com questões emocionais, em particular o alívio do stress e da ansiedade( p8)
Dentre os efeitos da prática para o concepto, podem ser apontados a associação com o parto prematuro, o baixo peso ao nascer, a irritabilidade do neonato, o perímetro cefálico fetal diminuído, a exposição fetal a substâncias químicas, tais como chumbo, pesticidas e herbicidas, e, por fim, pode aumentar o risco de morte perinatal (p444)
Evidencia-se um quadro preocupante, pois existe o reforço familiar e da rede social positivo para a ingestão de substâncias não comestíveis. Isso é detectado na medida em que elas procuram orientação com a sogra e a vizinha. As pessoas citadas são representativas na vida social das gestantes e interferem em suas escolhas. Vale atentar para o fato de não terem sido mencionados os profissionais de saúde como apoio para sanar dúvidas com relação à problemática.(p6)
Os profissionais da saúde que aconselham gestantes devem reconhecer que a picamalácia é uma condição preva¬lente em alguns grupos de mulheres e pode estar associada a um desfecho obstétrico desfavorável. Consequentemente, é necessário investigar todas as gestantes sobre este com¬portamento e aconselhá-las sobre seus efeitos. Portanto, deve-se não somente realizar a avaliação na prática clínica, mas, também, determinar sua frequência, documentar os casos e publicá-los. Dessa forma, o aconselhamento, sobretudo o nutricional, terá a função de auxiliar o pro-fissional a encontrar medidas que possam minimizar
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