Saude Coletiva
Ensaios: Saude Coletiva. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: rosanagela • 14/10/2011 • 755 Palavras (4 Páginas) • 2.472 Visualizações
Introdução
O objetivo deste artigo é discutir algumas questões relativas ao mundo do trabalho, tendo como perspectiva contribuir com o desenvolvimento da área de Saúde Coletiva. Nessa área do conhecimento e intervenção encontramos o campo denominado Saúde do Trabalhador – em cuja constituição o Brasil teve um papel decisivo –, que tem se ocupado desta questão, fundamental para a vida. Nesse sentido, este campo a nosso ver representa um avanço em comparação a diferentes abordagens contemporâneas sobre a relação trabalho-saúde, muitas vezes desvinculadas das preocupações da saúde pública. Entretanto, não se poderia deixar de assinalar que apesar de sua riqueza e originalidade (dificilmente encontramos propostas similares em outros países, mesmo na América Latina), o campo da Saúde do Trabalhador parece não ter sido ainda plenamente absorvido da forma mais pertinente e em toda sua magnitude pela área da saúde que lhe comporta. Além de observarmos uma certa insistência, em alguns espaços (sejam eles acadêmicos ou não) em perseverar na denominação "saúde ocupacional" para se referir aos estudos e ações que envolvem o trabalho, percebemos que o patrimônio construído no campo da Saúde do Trabalhador permanece sendo tratado como específico, não sendo considerado, portanto, de interesse geral da Saúde Coletiva. Dois fatores, em especial, podem ajudar a compreender esse fato. Primeiro, a necessidade de manter acesa a reflexão sobre o campo em foco, trazendo novos aportes e, assim, renovando e divulgando as idéias que lhe são subjacentes. Em segundo lugar, o estatuto dado ao tema do trabalho no seio da Saúde Coletiva. Sobre esse segundo ponto é importante sinalizar que uma contribuição do campo da Saúde do Trabalhador poderia ser reafirmar a necessidade de se integrar o trabalho nas análises dos condicionantes da saúde da população, em geral. Embora esta não seja uma proposta nova, pois estava presente nos primórdios da constituição do campo, parece haver o entendimento de que apenas um certo número de problemas, bem delimitados, se associam ao trabalho e outros não. Em outras palavras, talvez se entenda que apenas as situações em que o trabalho está clara e diretamente associado às formas de adoecimento devem ser objeto de uma análise do campo. Ou ainda, que o processo de trabalho só seria de interesse para a Saúde Coletiva quando a vinculação com os processos patológicos forem muito nítidos (diretamente observáveis, objetiváveis, mensuráveis), aproximando-se ou confundindo-se com o enfoque que, em nosso entendimento, deve ser superado (Saúde Ocupacional). Cabe lembrar que o campo da Saúde do Trabalhador se originou na luta dos trabalhadores pelo direito à saúde, no bojo da Reforma Sanitária e com inspiração no Movimento Operário Italiano (MOI), propondo o processo de trabalho como categoria fundamental para análise das relações entre o trabalho e a saúde. Assim, visa estudar e intervir nessas relações a partir do processo de trabalho, mas incorporando a experiência/subjetividade do trabalhador nas pesquisas e ações, apontando para uma noção de saúde como luta contínua, uma conquista permanente, em meio às forças políticas. Para nós (Brito, 2004), este campo é acima de tudo uma perspectiva diferenciada de estudo, atenção e intervenção sobre os problemas relativos à saúde dos
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