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Uso De Esteróides Anabólicos Androgênicos Por Praticantes De Musculação De Grandes Academias Da Cidade De São Paulo

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Por:   •  14/6/2014  •  3.682 Palavras (15 Páginas)  •  600 Visualizações

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Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas

Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences

vol. 39, n. 3, jul./set., 2003

Uso de esteróides anabólicos androgênicos por praticantes de

musculação de grandes academias da cidade de São Paulo

Luciana Silvia Maria Franco Silva, Regina Lúcia de Moraes Moreau*

Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Laboratório de Análises Toxicológicas da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas, Universidade de São Paulo.

O objetivo desta pesquisa foi estimar o consumo e traçar o perfil

dos usuários de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) entre

praticantes de musculação em três grandes academias de ginástica

na cidade de São Paulo. Foi utilizado um questionário estruturado

para ser respondido voluntária e anonimamente, com garantia

explícita de confidencialidade para os mesmos. Os questionários

ficaram disponíveis em três academias por uma semana, após ter

sido feita ampla divulgação dos objetivos e importância do projeto.

Responderam o questionário 209 praticantes de musculação (cerca

de 3% do total). A incidência de uso de EAA foi de 19%, sendo

que, destes, 8% declararam que fazem uso atualmente e 11%, que

já haviam feito uso anteriormente; considerando apenas o sexo

masculino, a incidência do uso foi de 24%. Os compostos mais

utilizados foram estanozolol e decanoato de nandrolona. O perfil

dos usuários pôde ser delineado: idade média de 27 anos (de 25 a

29 anos), predominantemente homens, motivação pela melhora na

estética corporal e treinamento muscular intenso. Os EAA foram

adquiridos, em sua maioria, em farmácias, sem receita médica e

foram feitos uso de suplemento alimentar e outros fármacos em

associação. Acreditam que os efeitos tóxicos/adversos podem ser

controlados e/ou evitados com o uso de outros medicamentos e/ou

acompanhamento médico. O presente trabalho mostra a

necessidade de investigações mais abrangentes e aprofundadas,

bem como a adoção de ações preventivas e educativas junto à

população exposta aos EAA.

Unitermos:

• Esteróides anabólicos

• androgênicos

• Praticantes de musculação

*Correspondência:

R. L. M. Moreau

Departamento de Análises Clínicas e

Toxicológicas

FCF-USP

Laboratório de Análises Toxicológicas

Av. Prof. Lineu Prestes, 580, Bloco 13B

05508-900 - São Paulo, SP, Brasil

E-mail: rlmoreau@usp.br

INTRODUÇÃO

Esteróides anabólicos androgênicos (EAA) sintéticos

derivados da testosterona foram desenvolvidos com o

propósito de se obter fármacos capazes de produzir aumento

na síntese protéica (efeitos anabólicos) com menor

grau de virilização (efeitos androgênicos). Centenas de

compostos têm sido sintetizados, porém nenhum deles, até

328 R. L. M. Moreau, L. S. M. F. Silva

o momento, apresenta-se totalmente desprovido de atividade

androgênica.

Frente aos inúmeros efeitos adversos indesejáveis

que invariavelmente produzem, a utilização terapêutica

destes compostos é rigidamente restrita a casos de hipogonadismo

masculino, síndrome de Turner, tumor de

mama, pré-menopausa, estados catabólicos graves e certos

tipos de anemias refratárias a outras terapias (Mottram,

George, 2000).

No meio esportivo, no início dos anos 50, fisiculturistas

e halterofilistas foram os primeiros a utilizar EAA,

com o objetivo de melhorar a estética corporal e o desempenho

atlético. Este uso vem aumentando desde a década

de 70, alastrando-se, também, entre indivíduos praticantes

de outras modalidades esportivas, a despeito de serem

consideradas substâncias de uso proibido pelo Comitê

Olímpico Internacional (COI) e por Federações Desportivas

Nacionais e Internacionais (Carlini-Cotrim, Barbosa,

1993; Mottram, George, 2000).

Atualmente, no panorama internacional, o consumo

não médico dos EAA vem alcançando proporções alarmantes,

atingindo outros segmentos da população, como

freqüentadores de academias de ginástica e até estudantes

de nível médio (Lindström et al., 1990; Perry et al., 1992;

Evans, 1997; Korkia, Stimson, 1997; Lambert et al., 1998;

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