A Prematuridade
Por: tayaraffv • 10/11/2015 • Relatório de pesquisa • 2.238 Palavras (9 Páginas) • 405 Visualizações
- Introdução
O resultado esperado de uma gestação é a obtenção do recém-nascido (RN) sadio com o mínimo trauma para a mãe. Em algumas situações, isso não é possível, devido a complicações durante a gravidez ou parto, gerando riscos à integridade da saúde tanto da mãe quanto do concepto e estas complicações podem fazer com que a criança nasça antes do tempo previsto (prematuridade) e ás vezes, quando se há muitos prejuízos fisiológicos no RN, pode haver evolução para a morte do mesmo.
A prematuridade como causa de mortalidade infantil tem sido estudada em diferentes países, e tem sido constatado que inúmeras são as causas que levam um bebê a nascer prematuro. Esse nascimento fora do tempo previsto acarreta imaturidade no recém-nascido que pode levar à disfunção em qualquer órgão ou sistema corporal, e o neonato prematuro também pode sofrer comprometimento ou intercorrências ao longo do seu desenvolvimento. O recém-nascido, especialmente o prematuro, é mais vulnerável a lesões pulmonares, porque os sistemas antioxidantes (por exemplo a catalase e superóxido dismutase) ainda não se desenvolveram completamente. (SILVA, 1998) Com isso, pode haver o aparecimento de doenças crônicas, como por exemplo, a Displasia Broncopulmonar (DBP).
Em 1967, Northwayet al descreveu a Displasia Broncopulmonar (DBP) como uma doença pulmonar crônica que acometia recém-nascidos prematuros com síndrome do desconforto respiratório (SDR), ou submetidos à ventilação mecânica e boa parte deles era dependente de oxigênio por meses ou anos. A DBP deve ser considerada em qualquer neonato que permanece dependente de oxigênio em concentrações acima de 21% por um período maior ou igual a 28 dias. (CUNHA, 2003)
A ocorrência é rara em neonatos com idade gestacional superior a 34 semanas e esses pacientes que possuem a DBP, normalmente, são dependentes de oxigênio ou ventilação mecânica e muitos desses se tornam assintomáticos e livres do uso de oxigênio extra antes da alta hospitalar. (MONTE ET AL, 2005)
A presença de insuficiência respiratória crônica com dependência de oxigênio ou ventilação mecânica e um exame radiológico de tórax com hiperinsuflação e fibrose disseminada são suficientes para diagnosticar DBP. (PROCIANOY, 1998)
O tratamento clínico da Displasia Broncopulmonar deve ser preferencialmente feito por uma equipe multidisciplinar, incluindo o neonatologista e outros profissionais, como o médico pediatra, o pneumologista, o cardiologista e o neurologista, além de fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo e eventualmente outros profissionais.
Como tratamento, o prematuro necessita receber suporte de oxigênio ou de ventilação mecânica para manter uma concentração sérica adequada de oxigênio. Devido a lesão pulmonar, é necessário o uso de diuréticos para redução da dificuldade respiratória, reduzindo o edema pulmonar e com isso, reduzindo a resistência vascular pulmonar. É necessário o uso de broncodilatadores para reduzir a chance de hipoxemia e para o controle dos sintomas respiratórios (tosse esibilância), o uso de antibioticoterapia devido à suscetibilidade a infecções respiratórias e o uso de corticosteróide para melhorar e promover a maturidadeda função pulmonar e com isso, reduzir o tempo com ventilação mecânica. (PROCIANOY, 1998)
Em relação à nutrição, as necessidades energéticas de um recém-nascido com DBP são 25% superiores às de um recém-nascido normal em função do trabalho respiratório aumentado que eles apresentam e o mesmo desenvolve um quadro de edema pulmonar que requer um controle hídrico muito restrito, sendo um desafio nutricional para hidratação, com isso, é comum a suplementação da fórmula utilizada com triglicerídeos de cadeia média ou com polímeros de glicose. Freqüentemente, o seu ganho de peso é insuficiente, mesmo recebendo a quantidade de calorias suficientes para um recém-nascido a termo.
- Análise Fisiopatológica
A patogênese da DBP é multifatorial, podendo ser citada a imaturidade pulmonar, a ventilação mecânica, infecção pré-natal e inflamação pulmonar estão presentes para acontecer esta patologia.
Esse processo inflamatório ocorre pela agressão ao epitélio respiratório e ao endotélio capilar pulmonar, provocando liberação de mediadores pró-inflamatórios e citocinas quimiotáticas. Ocorre afluxo de células inflamatórias, principalmente de granulócitos, que potencializam a reação inflamatória com a produção de mais citocinas (interleucina-8, proteína inflamatória macrofágica-1, TGF-ß e outras) e liberação de enzimas (por exemplo, a elastase). Essas substâncias produzem aumento da permeabilidade vascular, que contribui para o edema intersticial, alveolar e da via aérea. É importante lembrar o fato de que a circulação pulmonar não só recebe todo o débito cardíaco, como também abriga um reservatório de neutrófilos. O pulmão, portanto, contribui para a circulação de células e mediadores inflamatórios para todo o organismo.
A hipóxia crônica causa uma vasoconstrição da circulação pulmonar, acarretando o aparecimento de hipertrofia de ventrículo direito e, muitas vezes, um quadro de cor pulmonale. O exame eletrocardiográfico mostrará uma hipertrofia do ventrículo direito. (MONTE ET AL, 2005)
A agressão ao tecido pulmonar em desenvolvimento resulta em fibrose e desorganização do processo de amadurecimento normal.
- Identificação do Paciente:J.D.D.S.M., prematuro de 26 semanas.
- Diagnóstico Clínico:Prematuridade extrema.
- História da Doença Atual (HDA):Broncodisplasia e a criança permaneceu dependente de ventilação mecânica (VM) invasiva, tendo feito desmame da VM gradativamente, até que no dia da visita estava respirando completamente em ar ambiente.
- História Patológica Pregressa (HPP):Sepse com confirmação microbiológica.
- Pré-Natal:Sem informações.
- Exames Laboratoriais: Não havia exames bioquímicos no prontuário, entretanto havia diagnóstico de anemia.
- Sintomas Gastrointestinais: Sem informações.
- Exame Físico*
11/05/2015 | |
Nível de consciência | LOTE |
Cabelos | Sem alterações |
Face | Hipocorada 1+/4+ |
Olhos e conjuntivas | Não foi possível avaliar. |
Bola gordurosa de Bichat | Sem depleção |
Musculatura temporal | Sem depleção |
Lábios | Sem alterações |
Língua | Sem alterações |
Gengiva | Sem alterações |
Dentição | Ausente |
Região Supra e intraclaviculares | Preservadas |
Membros Superiores | Sem alterações |
Unhas | Sem alterações |
Membros Inferiores | Sem alterações |
* Informações retiradas do prontuário do paciente.
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