A dermatite atópica (DA) é uma doença de pele crônica recorrente e prurítica
Por: Thamara Veiga • 25/1/2017 • Resenha • 1.615 Palavras (7 Páginas) • 604 Visualizações
A dermatite atópica (DA) é uma doença de pele crônica recorrente e prurítica, frequente nos cães, cujo tratamento tem sido alvo de alterações ao longo do tempo e de acordo com a região geográfica. As crises agudas devem ser tratadas associando o banho com agentes não irritantes aos glicocorticoides de aplicação tópica, depois de uma tentativa para identificar e remover as causas suspeitas da crise. Se necessário, pode adicionar-se a este tratamento uma terapêutica com glicocorticoides e agentes antimicrobianos orais. Em cães com DA crônica, pode-se considerar igualmente uma intervenção combinada. Uma vez mais, devem-se identificar os fatores que desencadeiam as crises agudas de DA, evitando-os se possível. Os fatores susceptíveis que desencadeiam crises agudas atualmente reconhecidos incluem alimentos, pulgas e alergênicos ambientais, bactérias do gênero Staphylococcus e a levedura Malassezia. A higiene e a condição da pele e do pelo devem ser optimizadas através´ s da utilização de xampus não irritantes no banho e com suplementos alimentares de a´ ácidos graxos essenciais
A gravidade do prurido e das lesões cutâneas pode ser reduzida através da utilização de uma associação de fármacos anti-inflamatórios. Atualmente, os medicamentos cuja eficácia está bem documentada incluem os glicocorticoides tópicos e orais e os inibidores da calcineurina, tais como a ciclosporina oral e o tacrolimus tópico.
Dermatite atópica canina: Uma doença cutânea alérgica inflamatória e prurítica de predisposição genética com características clinicas típicas associadas a anticorpos IgE, mais frequentemente direcionados contra alergênicos ambientais.
Dermatite canina de tipo atópico: Uma doença cutânea inflamatória e prurítica com características clínicas idênticas as observadas na dermatite atópica canina em que não é possível documentar uma resposta mediada por IgE a alergênicos ambientais ou outros.
O diagnóstico da DA canina baseia-se principalmente nos sinais transmitidos pelo paciente, nos sinais clínicos e na história da doença¸ e não numa análise laboratorial. O diagnóstico da dermatite atópica baseia-se na observação de um conjunto de elementos que inclui uma história típica e sinais clínicos, com uma eliminação subsequente de outras condições que a poderiam mimetizar. A maioria dos cães atópicos começa normalmente a manifestar sinais entre os seis meses e os três anos de idade. Não se conhece qualquer predisposição relativamente ao gênero. Em geral, os cães tem uma história de prurido, com ou sem infecções recorrentes, na pele e nos ouvidos. Uma história de lacrimejo, de congestão ocular ou de espirros ⁄rinorreia pode ser indicativa de uma conjuntivite ou de uma rinite atópica, respectivamente.
Os sinais podem ser sazonais ou não sazonais, com ou sem exacerbação sazonal, dependendo principalmente dos alergênicos envolvidos como fatores de desencadeamento da crise e do meio ambiente do animal doméstico. As lesões cutâneas primárias consistem habitualmente em máculas eritematosas (manchas de cor avermelhada), manchas e pequenas pápulas (lesão na pele). A maioria dos pacientes, contudo, apresenta lesões que são secundárias a um traumatismo auto induzido, tais como escoriações, alopecia auto induzida, liquenificação (alteração na espessura da pele) e hiperpigmentação. A distribuição das lesões cutâneas da DA canina é variável e depende provavelmente do caráter crônico da doença e dos alergênicos envolvidos. As áreas corporais que frequentemente apresentam lesões são o focinho, a face côncava dos pavilhões auriculares, a zona ventral do pescoço, as axilas, as virilhas, o abdômen, o períneo e a zona ventral da cauda. As zonas dorsal e palmar⁄ plantar das patas estão muitas vezes envolvidas e também se observa, com frequência, otite externa. As lesões perioculares e perinasais podem refletir a coexistência de uma conjuntivite ou rinite atópica prurítica, respectivamente. É extremamente importante reconhecer que outras dermatoses podem reproduzir os sintomas ou sobrepor-se a DA. Estas doenças são, habitualmente, provocadas por parasitas (principalmente a escabiose e, ocasionalmente, a demodicose), agentes infecciosos (por exemplo, piodermites superficiais provocados por Staphylococcus ou dermatite por Malassezia) ou tem outra origem alérgica. Estas doenças tem de ser excluídas ou controladas antes de se poder fazer um diagnóstico de DA. Os princípios de diagnóstico e de tratamento destas condições semelhantes do ponto de vista clínico estão fora do âmbito destas guidelines.
Foi recentemente recomendado um conjunto de critérios, uma espécie de lista de verificação para auxiliar no diagnóstico da DA nos cães (Tabela 2). É importante recordar, contudo, que estes critérios não são absolutos; cerca de um em cada cinco casos (20%) poderia ser mal diagnosticado se estes parâmetros fossem aplicados de forma rigorosa! No entanto, se as ectoparasitoses e as infecções cutâneas forem excluídas adequadamente, espera-se que a especificidade destes critérios aumente de forma acentuada. Finalmente, importa igualmente recordar que, nas fases iniciais da DA, é pouco provável que se observem lesões em todos os locais característicos e que o prurido pode estar presente sem que se observem lesões.
Tabela 2. Critérios de Favrot de 2010 para a dermatite atópica canina
1 Aparecimento dos sinais clínicos antes dos 3 anos de idade
2 O cão vive dentro de casa, na maior parte do tempo
3 O prurido responde ao tratamento com glicocorticoides
4 O prurido, numa fase inicial, é sem matéria (ou seja, um prurido sem lesões)
5 Tem as patas dianteiras afetadas
6 Tem os pavilhões auriculares afetados
7 As margens dos pavilhões auriculares não estão afetadas
8 A zona dorso-lombar não está afetada
Um conjunto de cinco critérios preenchidos tem uma sensibilidade de 85% e uma especificidade de 79% para diferenciar cães com DA de cães com prurido crônico ou recorrente sem DA. A adição de um sexto parâmetro positivo aumenta a especificidade para 89% mas diminui a sensibilidade para 58%.
A alergia alimentar (também conhecida como ‘‘reação adversa de origem alimentar’’) é um diagnóstico etiológico. Nos cães, as manifestações clínicas cutâneas das alergias alimentares foram referidas como o aparecimento de um prurido focal, multifocal ou generalizado, otite, seborreia, pioderma superficial e também, em alguns cães, como dermatite atópica. Estas manifestações cutâneas podem ser muitas vezes acompanhadas de sinais digestivos. A dermatite atópica, nos cães e nos humanos, é um diagnóstico clínico. Pode ser exacerbada por uma exposição a alergênicos, que podem ter uma origem ambiental (tal como os ácaros ou os pólens), microbiana e também, no caso de alguns cães, alimentar.
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