As Máquinas e Mecanização Agrícola
Por: Cecilia Heller • 28/3/2017 • Trabalho acadêmico • 2.354 Palavras (10 Páginas) • 484 Visualizações
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
CURSO DE AGRONOMIA
SISTEMAS DE COLHEITA DE CAFÉ
Disciplina: Máquinas e Mecanização Agrícola
Professor: Walter Boller
Acadêmicas: Cecília Heller e Valentina Stedile
Passo Fundo, setembro 2016.
1. Introdução
A cultura do café teve grande influência na colonização e desenvolvimento do Brasil, assumindo hoje um importante papel econômico e social. Atualmente, o Brasil ocupa a posição de maior produtor e exportador no mercado internacional, apesar da queda no nível das exportações. No ano de 1961, o país era responsável por 36,78% das exportações mundiais do produto, índice que, em 1998, decaiu para 23%. Além disso, o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de café. O estado líder na produção cafeeira do Brasil é Minas Gerais, com cerca de 50% da safra.
O café é dos poucos produtos agrícolas cujo preço é baseado em parâmetros qualitativos, variando significativamente o valor com a melhoria de sua qualidade. Assim sendo, o amplo conhecimento das técnicas de produção de um café de alta qualidade é indispensável para uma cafeicultura moderna. Com relação à lavoura cafeeira, as operações de cultivo são as que registram maior índice de mecanização, sendo o plantio e a colheita consideradas, ainda, operações pouco mecanizadas. O plantio de café, por se tratar de cultura perene, não é uma operação tão problemática para os produtores. Uma vez plantada, a lavoura permanece por 10, 20, 30 anos ou mais.
Por outro lado, a colheita do café tem sido vista pelos produtores como um ponto de estrangulamento na exploração da cultura já que a mecanização ainda é modesta. Além disso, ela depende sempre da complementação do serviço braçal pois a máquina pode não conseguir colher todos os frutos da planta. A elevada demanda por mão-de-obra se concentra no período da colheita, a qual fica em torno de 100 dias. Ademais, as máquinas necessitam de operadores, pessoal de manutenção, comercialização e assistência técnica, ou seja, mão-de-obra especializada. A colheita do café é comparativamente mais difícil de ser executada do que a de outros produtos, em razão da altura e arquitetura da planta, da desuniformidade de maturação e teor de umidade elevado.
2 A Mecanização e a Colheita do Café
Com o surgimento da industrialização em 1960 e com a escassez de mão-de-obra no meio rural a partir de 1970, a mecanização surge como alternativa para a execução das atividades rurais. sendo a grande ferramenta do agricultor contemporâneo, que tem a função de produzir alimentos e fibras para uma população urbana crescente. Alguns desafios ainda residem na mecanização das culturas perenes, como a laranja, cana, café, dentre outras, sobretudo com relação às operações de plantio e colheita.
A colheita manual envolve a utilização de 50% de toda a mão-de-obra empregada anualmente na lavoura e representa cerca de 25 a 35%do custo direto de produção de café. A utilização da colheita mecânica favorece a redução do custo da operação, em cerca de até 40%, viabilizando maiores áreas e aumenta a competitividade
da cafeicultura além da obtenção de um fruto de melhor qualidade.
2.1 Operações da Colheita do Café
Para o início da colheita, a quantidade de café existente na planta, a quantidade de café caído no chão e o tempo de duração da safra são fatores a serem considerados. É importante que todos os fatores de produção estejam adequados conforme a exigência da cultura, pois se trata de um produto em que o preço é pago baseado em parâmetros qualitativos. Portanto, toma-se de especial importância o conhecimento das diversas operações que constituem a colheita, são eles:
ARRUAÇÃO: A arruação é o primeiro processo a ser realizado no cafeeiro no período de pré-colheita. É realizada antes da derriça e caracteriza-se pela retirada de folhas, ramos e galhos secos, plantas daninhas e outros materiais estranhos que se encontram na projeção e arredores da saia do cafeeiro, com a finalidade de evitar que os frutos que caem da planta venham a se perder ou deteriorar ao ficar em contato com a terra e resíduos vegetais. A retirada dessas impurezas pode ser feita mecanicamente via raspagem superficial, via sopragem das impurezas existentes na superfície e, pela ação combinada da raspagem e sopragem.
DERRIÇA: É o processo de retirada dos frutos da planta e, por isso, é considerada a principal operação da colheita, uma vez que tem maiores implicações no custo de produção e também por influir na qualidade do produto. A derriça pode ocorrer de uma só vez, processo mais usado pelos produtores, no qual é aconselhável a separação posterior dos frutos em função do grau de maturação e em mais de uma vez, o que caracteriza a derriça seletiva. Nesta, a separação dos frutos em função do grau de maturação pode, em alguns casos, ser dispensada. Tanto no primeiro, quanto no segundo processo, a derriça pode ser feita diretamente sobre o chão já arruado ou sobre panos.
A derriça no chão é recomendado que o recolhimento seja feito logo após a derriça, visto que as baixas umidades na planta e no solo favorecem a rápida passagem dos frutos do estágio de maduros para secos, sem fermentações e, consequentemente, sem comprometer a qualidade do produto. Neste processo de derriça necessita-se do levantamento e da abanação, além da lavagem dos frutos para separação de pedras e de pequenos torrões.
A derriça no pano é o processo mais recomendado, uma vez que dificulta a mistura dos frutos derriçados com aqueles que se encontravam caídos antes de iniciar a derriça e que provavelmente encontram-se deteriorados pelo contato prolongado com o solo. Neste processo, os frutos são derriçados sobre panos colocados previamente de cada lado da linha e sob a projeção da copa das plantas. A derriça no pano resulta em abanação mais fácil e rápida, com frutos mais limpos, dispensando a lavagem dos mesmos, além de menor quantidade de impurezas transportadas para o terreiro.
A retirada dos frutos da planta na derriça mecânica dá-se pela vibração de varetas, dispostas em hastes, fabricadas de material resistente e leve, entre os ramos da planta. Neste caso, a freqüência das vibrações, amplitude do movimento das varetas e o tempo de contato das mesmas com a planta, além de outros fatores, como o sentido do movimento das varetas e o estádio de maturação dos frutos, são de grande importância na eficiência da operação.
VARRIÇÃO: É a operação de ajuntamento dos frutos de café que se encontram no chão. Pode ser realizada antes da derriça, quando a mesma será feita no chão ou após a derriça, quando a mesma será feita sobre panos ou com máquina que dispõe de mecanismo de recolhimento dos frutos derriçados. Pode ser feita manualmente ou mecanicamente.
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