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Os Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Por:   •  23/8/2021  •  Trabalho acadêmico  •  15.672 Palavras (63 Páginas)  •  165 Visualizações

Página 1 de 63

UM DISCURSO

SOBRE AS CIÊNCIAS

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Santos, Boaventura de Sousa

Um discurso sobre as ciências / Boaventura de Sousa Santos.

5. ed. - São Paulo : Cortez, 2008.

Bibliografia.

ISBN 978-85-249-0952-8

l. Ciência - Filosofia. I. Título.

03-4966

índices para catálogo sistemático:

l. Docência : Educação 370

CDD-501

UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS

Boaventura de Sousa Santos

Capa: DAC sobre projeto gráfico das Edições Afrontamento

Composição: Dany Editora Ltda.

Coordenação editorial: Danilo A. Q. Morales

Este texto é uma versão ampliada da Oração de Sapiência proferida na abertura solene das aulas na Universidade de Coimbra, no ano lectivo de 1985/86. Por recomendação do Autor, foi mantida a ortografia vigente em Portugal. Obra publicada simultaneamente pelas Edições Afrontamento, Porto,Portugal.Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sem autorização expressa do autor e do editor.

© 1987, B. Sousa Santos e Edições Afrontamento

Direitos para esta edição

CORTEZ EDITORA

Rua Monte Alegre, 1074 — Perdizes

05014-001 — São Paulo-SP

Tel.: (11) 3864-0111 Fax: (11) 3864-4290

E-mail: cortez@cortezeditora.com.br

www.cortezeditora.com.br

Impresso no Brasil - fevereiro de 2008


Índice

Prefácio 7

O paradigma dominante 20

A crise do paradigma dominante 40

O paradigma emergente 59

1. Todo o conhecimento científico-natural é científico-social 61

2. Todo o conhecimento é local e total 73

3. Todo o conhecimento é autoconhecimento ... 80

4. Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum 88


Prefácio à edição brasileira

        Este pequeno livro foi publicado pela primeira vez em Portugal em 1987 (Porto, Afrontamento) e foi publicado, posteriormente, como artigo de revista, no Brasil (Revista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Vol 2, n° 2,1988, pp. 46-71) e nos Estados Unidos da América (Review of the Fernand Braudel Center,Volume XV, n° l, Winter 1992, 9-47). O livro conheceu um êxito que me surpreendeu, sendo anos a fio leitura recomendada nos cursos de filosofia, quer do ensino secundário, quer do ensino superior.

        Está hoje em circulação a 13a edição. Neste livro, que é uma versão ampliada da Oração de Sapiência que proferi na abertura solene das aulas da Universidade de Coimbra, no ano lectivo de 1985/86, defendo uma posição epistemológica antipositivista e procuro fundamentá-la à luz dos debates que então se travavam na física e na matemática. Ponho em causa a teoria representacional da verdade e a primazia das explicações causais e defendo que todo o conhecimento científico é socialmente construído, que o seu rigor tem limites inultrapassáveis e que a sua objectividade não implica a sua neutralidade. Descrevo a crise do paradigma dominante e identifico os traços principais do que designo como paradigma emergente, em que atribuo às ciências sociais anti-positivistas uma nova centralidade, e defendo que a ciência, em geral, depois de ter rompido com o senso comum, deve transformar-se num novo e mais esclarecido senso comum.

        Estas ideias foram desenvolvidas e aprofundadas em livros posteriores, nomeadamente em Introdução a uma ciência pós-moderna (Porto, Afrontamento, 1989, hoje em 6a edição; São Paulo, Graal, hoje em 3a edição) e A crítica da razão indolente:Contra o Desperdício da Experiência (Porto, Afrontamento, 2000, hoje em 2a edição; São Paulo, Editora Cortez, hoje em 4a edição). Um discurso sobre as ciências teve, pois, uma carreira feliz. Entretanto, em meados dos anos noventa, eclodiu, primeiro na Inglaterra e depois nos Estados Unidos da América, um novo episódio de debate aceso entre positivistas e anti-positivistas, entre realistas e construtivistas, que em breve se transformou numa nova guerra da ciência.

        O momento mais intenso desta guerra ficou conhecido pelo nome do Sokal affair por ter tido origem num embuste redigido pelo físico matemático Alan Sokal e publicado na revista Social Text, com o objectivo de denunciar as supostas debilidades das posições anti-positivistas ditas pós-modernas. Nesse artigo Sokal menciona, como textos representativos desta corrente, Um discurso sobre as ciências e Introdução a uma ciência pós-moderna. Logo depois, o esclarecimento do embuste é publicado em Língua Franca, num artigo intitulado "A Physicist Experiments with Cultural Studies" (Língua Franca, 1996, 62/64). Em 1997 Sokal publica, conjuntamente com Jean Bricmont, o livro Impostures intellectuelles (Paris: Odile Jacob; Lisboa: Gradiva; Rio de Janeiro: Record), em que é desenvolvida a crítica aos filósofos e cientistas sociais "pós-modernos" franceses, genericamente acusados de uso incorrecto de teorias e conceitos das ciências físico-naturais.

        Entretanto, em 2002, foi publicado em Portugal um livro intitulado O discurso pós-moderno

contra a ciência: obscurantismo e irresponsabilidade, da autoria de António Manuel Baptista. Em grande medida este livro repete, e nem sempre correctamente, os argumentos de Alan Sokal e dos que, do seu lado, intervieram nas "guerras da ciência", tomando Um discurso sobre as ciências como o seu principal alvo. A minha resposta a António Manuel Baptista e à corrente epistemológica

que ele pretende representar está no livro Conhecimento prudente para uma vida decente: Um discurso sobre as ciências revisitado, a publicar proximamente pela Cortez Editora (São Paulo, no

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