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Por:   •  27/9/2014  •  3.459 Palavras (14 Páginas)  •  292 Visualizações

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Relatório Técnico I - Fundamentos da Contabilidade e Fraude Contábil

Mais uma fraude nos balanços: é a vez da xerox

Bush fica irritado com irregularidade de US$ 6,4 bilhões admitida pela empresa

NOVA YORK – Em mais um caso de irregularidades em demonstrações financeiras de empresas americanas, a Xerox anunciou ontem que vai reclassificar US$ 6,4 bilhões de suas receitas, referentes a cinco anos. Os problemas também envolveriam a subsidiária brasileira. Irritado, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que as empresas americanas têm a obrigação de agir corretamente, em vez de tentar manipular os números.

Uma auditoria feita pela PricewaterhouseCoopers descobriu que a Xerox acelerou irregularmente as receitas da companhia nos últimos cinco anos. Em uma fiscalização, a Securities and Exchange Commission (SEC), comissão de valores mobiliários americana, havia verificado US$ 3 bilhões em faturamento contabilizado irregularmente de 1997 até 2000. A SEC e a Xerox fecharam um acordo em abril, para resolver os problemas.

Mas a auditoria, que também verificou o ano de 2001, encontrou outras irregularidades. Os novos problemas centram-se na contabilização de contratos de leasing, que também envolvem a subsidiária brasileira. Para o presidente da Xerox do Brasil e membro do conselho mundial da companhia, Guilherme Bettencourt, o mercado financeiro “recebeu bem” as explicações referentes às mudanças contábeis. Ele afastou qualquer semelhança com os problemas registrados com empresas como Enron ou WorldCom, garantindo que no caso da Xerox a mudança resultou de negociação com a SEC durante mais de um ano e meio.

Após as revelações de massivos erros contábeis na WorldCom, problemas maiores do que o esperado na Xerox representam outro caso de uma grande empresa americana inflando seus resultados por meio de informações contábeis falsas. Em abril, a SEC estimou impropriedade contábil que aumentou o lucro antes dos impostos da Xerox em US$ 1,5 bilhão de 1997 a 2000. A Xerox fez um acordo com a SEC em abril e pagou uma multa de US$ 10 milhões, a maior da história por violações aos informes financeiros

A Xerox informou que entregraria ontem à SEC uma nova versão de seu relatório anual de 2001, revertendo US$ 1,9 bilhão em receitas passadas. O formulário inclui ajustes referente ao período de 1997 a 2001 e reflete mudanças na conta de leasing da companhia. Entre 1997 e 2001, a Xerox estornou um total de US$ 6,4 bilhões em receita com venda de equipamentos, sendo que US$ 5,1 bilhões foram reclassificados e lançados como receita sobre serviços, aluguel, terceirização e financiamento. O lucro antes dos impostos durante o período de cinco anos recuou US$1,4 bilhão no total, dos valores divulgados anteriormente.

Bush afirmou ontem que o Departamento de Justiça vai tomar as medidas necessárias contra os responsáveis. Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, “o sistema internacional, essas grandes empresas estão com controle frouxo”. Ele destacou, entretanto, que o problema verificado não é do Brasil.

No momento em que os efeitos da crise econômica mundial começam a se dispersar, surge a necessidade de entender os motivos e fatores que levaram a sua ocorrência e aos escândalos financeiros que dela fizeram parte. É certo que um único fato não é responsável por deflagrar a crise, mas um movimento de vários fatos similares nos leva a indagar sobre a real situação financeira das entidades empresariais.

Em qualquer país do mundo existem, órgão, agências, conselhos ou secretarias que tem por finalidade fiscalizar e acompanhar o mercado financeiro, e se assegurar que as regras contábeis definidas estão sendo aplicadas.

Para a elaboração da informação contábil, existem normas a seguir que não podem deixar de incluir elementos de subjetividade e cuja aplicação requer em muitos casos a realização de estimativas por parte da empresa, abrindo assim a possibilidade de uma mesma realidade ser refletida de formas diferentes. A isto deve ser acrescentada a própria flexibilidade presente nas normas contábeis, mais em alguns países que em outros, o que permite utilizar diversos critérios para contabilizar um mesmo fato econômico.

Neste contexto, surge a denominada manipulação contábil, que abusa da intencionalidade das empresas em aproveitar a existência da subjetividade, das alternativas existentes e da vaga regulamentação de alguns aspectos contábeis, com a finalidade de obter demonstrações financeiras que representem a imagem desejada. Sendo de magnitude e complexidade crescente. A sofisticação cada vez maior das estruturas financeiras das empresas e a competitividade do mundo dos negócios exercem uma importante pressão nos dirigentes das empresas, o que alimenta e favorece a distorção intencional da informação contábil contida nas demonstrações financeiras.

As consequências da utilização de práticas desta natureza afetam diretamente todas as partes interessadas nas informações geradas pela contabilidade, podendo vir a trazer distorções significativas na interpretação dos dados pelos usuários.

Caso Xerox

Para análise, e melhor visualização das manipulações contábeis, utilizaremos o caso de fraude descoberto em 2002, com a empresa estadunidense Xerox.

A Xerox Corporation é uma empresa estadunidense que atua no setor de tecnologia da informação e documentação. É mundialmente conhecida como a inventora da fotocopiadora, embora também desenvolva e fabrique outros produtos, como impressoras e papel. Atuando também no ramo de serviços de aluguel de equipamentos, terceirização de documentos e receitas financeiras. Ingressando posteriormente no mercado de ações, vendendo títulos vinculados a sua empresa.

A empresa admitiu ter inflado as receitas durante cinco anos, declarando erroneamente vendas de equipamentos e contratos de serviços. Declarou ainda ter registrado US$ 6,4 bilhões como receitas de venda, sendo que US$ 5,1 bilhões desse montante foram na realidade recebidos por aluguel de equipamentos, serviços, terceirização de documentos e receitas financeiras.

A manipulação da contabilidade teve como objetivo apresentar a Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, resultados onde a companhia cumpria as previsões de lucros. Uma vez tendo a aprovação do órgão americano, a companhia poderia ter acesso a empréstimos, financiamentos e renovação de contratos com outras grandes empresas e governos pelo mundo.

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