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Campo de Estratigrafia

Por:   •  12/4/2015  •  Resenha  •  7.678 Palavras (31 Páginas)  •  298 Visualizações

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ESTRATIGRAFIA

-        Tempo como Dimensão

Durante a época medieval, não se tinha idéia da proporção gigantesca que o Tempo podia assumir se comparado com a vida humana. Assim, devido à falta de instrumentos e métodos para medi-lo, acreditava-se que o tempo não era muito extenso, que o passado mais remoto não ultrapassava as épocas descritas em escritos hebraicos (aproximadamente 6.000 anos) e que o futuro não era longo. Como durante este período de nossa história acreditava-se que a Terra era um corpo celeste estático que habitava o centro do universo (Geocentrismo), os conceitos de tempo ficavam restritos, já que o planeta não poderia ter-se formado em época muito antiga, nem que sobreviveria por muito tempo, bem como se mantinha estrito o espaço que rodeava o planeta.

No início do século XVII, com Keppler e Galileu, o modelo Geocêntrico do universo foi sendo substituído pelo modelo Heliocêntrico, no qual a Terra já apresentava um movimento em torno do Sol, que passava a ser o centro do sistema celeste que cerca a Terra e que perde a idéia primitiva de redução para tornar-se vasto, ou até mesmo infinito. Tal modelo, já visualizado por Copérnico, ganhou força pelo aperfeiçoamento das técnicas utilizadas para a observação espacial, como, por exemplo, o surgimento do telescópio.

Com o passar dos anos, com o aumento do conhecimento científico, o surgimento de novas técnicas e instrumentos para tais estudos e de pesquisas realizadas por cientistas, a idéia de tempo vai se modificando e cada vez mais assumindo o caráter atual. Com o Uniformitarismo, primeiramente apresentado por Hutton e posteriormente implantado por Lyell, com os estudos de Darwin sobre o tempo e a evolução das espécies e com a contribuição de muitos outros fatores, aderiu-se à idéia de tempo infinito. Com as novas técnicas de datação cronológicas (relativas ou absolutas) das rochas formadoras da crosta terrestre, pôde-se determinar com grande precisão a idade real do planeta e, a partir de então, ter-se o tempo como uma medida mensurável, como algo que podia ser contado e, portanto, como uma DIMENSÃO.

-        Conhecimentos Estratigráficos dos Séculos XVIII e XIX

Mesmo com o modelo Heliocêntrico sendo aceito cientificamente, era difícil para os naturistas do séc. XVII a visualização de um tempo de dimensões grandiosas e, portanto, a teoria de um tempo terrestre curto ainda perdurava, apesar de o planeta ter-se tornado dinâmico. Assim, devido à “falta de tempo” que o planeta tinha para se formar, parecia aos estudiosos da época que a Terra havia sido modelada durante os acontecimentos conturbados de sua criação, o que compreendia uma teoria catastrófica para a modelação das paisagens terrestres.

No final do séc. XVIII, houve o que os historiadores denominam de apogeu da “Idade da Razão”, que afirmava que o “universo é racional e tudo nele submete-se a uma inalterável lei natural.”

⇒ Werner e o Netunismo

A idéia básica do Netunismo é a de que antes a Terra era completamente coberta por águas de um gigantesco oceano. As rochas formadoras da crosta terrestre seriam então produtos de depósitos deste antigo oceano, sendo que a seqüência de deposição das rochas no fundo deste oceano se teria dado de forma definida. Quando a água abaixou (nunca se explicou para onde teria ido), a crosta terrestre em sua atual configuração teria aparecido. A terra seria, assim, como uma “cebola”, com “camadas” (chamadas por Werner de séries) de rochas bem definidas que podiam ser encontradas em toda a superfície terrestre (com exceção das duas últimas que, apesar de não recobrirem toda a superfície terrestre, existiriam em todo o planeta).

Apesar de não parecer muito convincente, o Netunismo teve grande aceitação no universo científico do séc. XVIII por dois motivos básicos: concordava com a idéia religiosa do dilúvio bíblico e era advogado em aulas por Werner, considerado grande mestre em sua época.

O interessante desta teoria é o fato de que remanescentes seus, até hoje, influenciam interpretações estratigráficas como, por exemplo, o fato de que todas as rochas, em qualquer parte do globo, podem ter sua idade determinada por sua composição.

Apesar de tão bem aceito na época, o Netunismo começou a encontrar obstáculos intransponíveis: para onde teria ido a imensa quantidade de água do oceano primitivo quando este “abaixou”? Como podiam todas as rochas ser fruto de processos de sedimentação, se o basalto fora tão veementemente estudado e, em todos os estudos, o resultado era ele tratar-se de rocha de origem ígnea? Estes entre outros obstáculos levaram à descrença do Netunismo e, em conseqüência, à descrença de toda a sua filosofia. Ainda assim, suas idéias eram lecionadas, pelo fato de não haver outra filosofia capaz de concorrer com a sua.

        ⇒ James Hutton e o Uniformitarismo

 A idéia básica apresentada por Hutton no final do séc. XIX mostrava uma Terra dinâmica, na qual os processos de formação se davam de forma lenta durante períodos longos de tempo e que a proporção entre as terras emersas e as águas do planeta permanecia sempre constante. Segundo Hutton, enquanto uma parte das montanhas expostas aos processos intempéricos era desgastada com o tempo, outra porção era formada pelos processos de carregamento e deposição de sedimentos nos fundos oceânicos, para compensar as terras perdidas, no mesmo tempo.

Hutton acreditava que a idéia existente em seu tempo de que grandes catástrofes teriam modelado a superfície terrestre não se ajustavam à idéia de um universo racional. Ele construiu sua teoria baseando-se em observações que efetuou em sua terra natal, a Escócia e, ao contrário de muitos outros pesquisadores contemporâneos, enfatizava seu ponto de vista apresentando evidências que comprovavam suas palavras (“Desde o topo da montanha à praia do mar... tudo está em estado de mudança”, e “Não há uma só etapa em todo esse progresso...” – de erosão, transporte e deposição de sedimentos montanhosos para o mar – “... que não seja realmente percebida”). Ele ainda afirmou “O que pode existir? Nada, senão tempo”, o que implantou a idéia de tempo ilimitado.

        O Mapeamento de Smith

Smith utilizou-se de fósseis, pela teoria da irreversibilidade da evolução (que diz que um animal que já tenha existido e que deixou de existir não poderia voltar a existir), para mapear um conjunto litológico e, assim, implantou o método para Datação Relativa das rochas, através dos fósseis.

⇒ Lyell e a Aceitação do Uniformitarismo ( Atualismo)

No final do séc. XVIII e início do séc. XIX, Lyell conseguiu coordenar de maneira clara e objetiva as idéias de Hutton e pôs de uma só vez em prática o Atualismo (que diz basicamente que o presente é a chave do passado). Assim, ele fundou a moderna Geologia Histórica e implantou de uma vez por todas a idéia de tempo ilimitado. Entretanto, a idéia de Uniformitarismo de Lyell ainda não era a ideal, devido à restrição de técnicas e das possibilidades de estudos serem escassas.

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