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Comportamento Organizacional

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Por:   •  22/4/2013  •  1.268 Palavras (6 Páginas)  •  372 Visualizações

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Eu acho que esse programa tem alguns pontos positivos. Especialmente por considerar que as escolas têm uma capacidade de propor organizações curriculares que sejam produto das suas próprias necessidades, construções e debates junto a suas respectivas comunidades.

Por outro lado, a ideia de inovação do programa não é boa em vários sentidos. Ela tem um pressuposto de que o que é novo é bom – e não é necessariamente assim. A ideia de renovação tem alguns problemas. Não se pode associar necessariamente a novidade a algo bom; pode não ser, principalmente quando o que é novo descarta questões ou experiências tradicionais, consolidadas e importantes.

A proposta desse programa surgiu no contexto que foi chamado de “o apagão no ensino médio”, devido às baixas notas do Brasil nas avaliações internacionais. O problema da qualidade do ensino médio estaria [de acordo com o projeto], na obsolescência dos seus currículos, que não despertariam interesse nos alunos, que, por isso, não se comprometeriam a estudar e não teriam o desempenho adequado.

Observatório – Segundo o MEC, o Ensino Médio Inovador quer tornar esta etapa do ensino mais atraente aos alunos. Ele tem cumprido este papel?

Ramos – Há uma certa lógica, tanto no Ensino Médio Inovador quanto no ensino profissionalizante de que o jovem não se interessa pela escola e que temos de torná-la mais interessante.

Acho um senso comum falso, usado inclusive nos argumentos dos governos.

Veja que isso não é um problema da burguesia. Nos melhores colégios do Rio de Janeiro, os jovens não querem sair da escola porque ela é desinteressante, porque elas trabalham com conhecimento científico. Às vezes me parece uma leitura insuficiente da realidade.

Dá uma falsa ideia de que a escola interessante é a escola do lúdico, que fomenta o protagonismo juvenil, ou no sentido oposto, boa é a que prepara pra o mundo do trabalho. Para mim, a boa escola é a que proporciona ao jovem o acesso ao conhecimento.

O âmago da questão é colocar que há a necessidade de ele deixar a escola para trabalhar. Temos que dar meios para que ele fique na escola e adie seu ingresso na atividade produtiva. E, por outro lado, dar acesso ao conhecimento, e isso tem sido negado historicamente às classes trabalhadoras. Qual é o compromisso dessa instituição tão fundamental como a escola com o conhecimento científico?

Não defendo um conhecimento conteudista, mas o conhecimento científico tem uma razão de existir, é necessário que as novas gerações se apropriem dele num processo de integração. As ciências integradas, as dimensões concretas da vida, como o trabalho e a cultura.

Eu acho que a proposta resvala para uma visão um pouco “expontaneísta” da escola. Enquanto isso, O Brasil Profissionalizante

resvala numa visão instrumental. Não convirjo com nenhuma das duas. Se a escola é boa, o jovem também sai instrumentalizado, se há integração.

Observatório – A senhora concorda com a forma com que o governo conduz o programa?

Ramos – O Ensino Médio Inovador foi implantado por meio da adesão. Eu acho que o governo deveria ter, na verdade, uma postura de coordenação política consistente da concepção de ensino médio do país, e não por meio de um projeto por adesão. Ela deveria articular um movimento de organização, apoio e fomento dos sistemas de ensino para a melhoria do ensino médio em todos os aspectos que são pertinentes.

A questão é até que ponto a gente tem uma política pública. Porque, se for uma experiência, a história da educação já está cheia.

Observatório – Ao mesmo tempo que o governo cria o Ensino Médio Inovador, implanta outros programas que vão em outro sentido, como o Brasil Profissionalizado e o Pronatec. Não falta coerência às políticas educacionais?

Ramos – A política do governo Lula avança em vários aspectos, mas tem reiterado essa dualidade, a existência de dois ensinos médios. Um de caráter propedêutico e outro profissionalizante.

Há uma coerência de fundo. O Ensino Médio Integrado, por exemplo, é uma concepção que tem algumas dimensões, como a integração entre ensino médio e educação profissional. Outra é a integração no currículo

do ensino médio, seja profissionalizante ou não, mexendo nos eixos de trabalho, ciência e cultura. Antes de ser um programa, ele é uma concepção. O Ensino Médio Inovador bebeu na mesma fonte do Ensino Médio Integrado, e está na secretaria de educação básica.

Já o Brasil Profissionalizante é uma iniciativa da outra secretaria e que visa fomentar os sistema de ensino a fazer um ensino médio que integre ao ensino profissional. Digamos que cada uma [secretaria] tentou atuar em sua área, um tratando da educação básica e outro na educação profissional.

A secretaria de Educação Básica possui uma política de caráter propedêutica e, do outro lado,

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