Contanilidade
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Revoluções tecnológicas, finanças internacionais e estratégias de
desenvolvimento: um approach
* neo-schumpeteriano
Marcelo Arend Doutor em Economia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Professor Adjunto do Departamento de
Economia e Relações Internacionais da
Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), Professor do Programa de Pós-
-Graduação em Economia da UFSC
Resumo∗
A abordagem neo-schumpeteriana enfatiza que a existência de paradigmas tecnoeconômicos sucessivos e distintos na história do capitalismo se deve à ocorrência de revoluções tecnológicas, pois essas trazem consigo reorganização produtiva e mudanças institucionais nas economias capitalistas. As revoluções tecnológicas também afetam a dinâmica das finanças internacionais, por produzirem movimentos de manias, pânicos e “crashes”. Dessa forma, as revoluções tecnológicas originam distintos modos de crescimento ao longo dos tempos, tornando necessário o estabelecimento de originais estratégias nacionais de desenvolvimento para o engajamento a novos paradigmas. Neste artigo, é enfatizado que trajetórias de desenvolvimento sustentado são, frequentemente, alcançadas a partir de ingressos de países nas fases iniciais de novos paradigmas tecnoeconômicos, através de empresas capitaneadas pelo capital privado nacional e pelo Estado. Estratégias de superação do atraso alicerçadas e fortemente atreladas às finanças internacionais tendem a exacerbar a dependência tecnológica e a vulnerabilidade externa, restringindo o crescimento no longo prazo.
* Artigo recebido em jan. 2010 e aceito para publicação em jun. 2012. Revisora de Língua Portuguesa: Valesca Casa Nova Nonnig.
** E-mail: marceloarend@yahoo.com.br
Palavras-chave
Estratégias de catching up; transformação tecnológica; crises financeiras.
Abstract
The neo-schumpeterian approach claims that the existence of subsequent and distinct technoeconomic paradigms throughout the history of capitalism can be traced back to technical revolutions, since they bring about both the re-organization of production and institutional changes in capitalist economies. Technological revolutions also affect the dynamics of the international finances, once they cause movements such as manias, panic and crashes to arise. Thence, technological revolutions give rise to distinct growth patterns over time, thereby making necessary to establish national original development strategies to catch up on new paradigms. In this article, it is argued that sustained development paths are often achieved provided that countries follow the new technoeconomic paradigms right from the start, by fostering firms powered by both private national and state-owned capital. Catching-up strategies, studded by and strongly attached to the international finance, tend to exaggerate technological dependence and external vulnerability, whereupon shrinking the long-run growth rate.
Key words
Catching up strategies; technological change; financial crises.
Classificação JEL: O14, O33.
1 Introdução
Desde Karl Marx, ficou explícito o entendimento de que o sistema capitalista requer o contínuo revolucionar de suas forças produtivas. Joseph Schumpeter (1961) entende o desenvolvimento econômico como um processo evolucionário e de destruição criadora, no qual a criação de novas estruturas dá-se em um sistema sujeito a rupturas e descontinuidades. Neste artigo, é destacada a necessidade de tratar o capitalismo como um processo evolutivo e de incessante mudança técnica, não só incremental como também revolucionária, capaz de estabelecer modos de crescimento diferenciados no transcurso do tempo.
A percepção da ocorrência de modos de crescimento distintos baseia- -se no entendimento de que, a cada revolução tecnológica, emerge um novo paradigma tecnoeconômico, que promove um salto quântico de produtividade e novas possibilidades para trajetórias econômicas nacionais. Cada revolução tecnológica traz consigo não somente a reorganização da estrutura produtiva, mas também uma transformação profunda das instituições governamentais, da sociedade e, inclusive, da ideologia, podendo-se falar da construção de paradigmas tecnoeconômicos sucessivos e distintos na história do capitalismo. Se isso de fato ocorre, é lógico pensar que as estratégias nacionais de desenvolvimento também devam sofrer mudanças ao longo do tempo.
A teoria econômica assentada em modelos de equilíbrio é relevante para análises de curto prazo, mas, como “Schumpeter corretamente definiu- -os, são incapazes de lidar com a inovação e com a mudança econômica causada por rápidas e contínuas inovações [...].” (NELSON, 2006, p. 163). A visão tradicional de progresso como um desenvolvimento linear e cumulativo é tão inadequada quanto a ideia de que a mudança tecnológica é contínua e aleatória. Ambas transmitem a noção de crescimento constante, quando se observa o longo prazo, ignorando grandes ou pequenas variações. Para alguns propósitos, isso pode ser adequado. Entretanto, uma vez que se reconhece o impacto de sucessivas revoluções tecnológicas e se move o foco em direção ao complexo conjunto de mudanças inter-relacionadas implicado por elas, emerge uma compreensão diferente. O desenvolvimento econômico passa a ser entendido como um processo escalonado de enormes ondas, levando a profundas mudanças estruturais e produtivas dentro da economia e em quase toda a sociedade (PEREZ, 2004, p. 46).
O objetivo principal deste artigo é mostrar como mudanças tecnológicas que implicam descontinuidades e rupturas radicais acabam por caracterizar distintos modos de crescimento ao longo dos tempos, afetando a dinâmica de desenvolvimento de países desenvolvidos e dos que buscam a “superação do atraso”. Além disso, mostrar-se-á que a abordagem neo- -schumpeteriana atenta para os efeitos que as revoluções tecnológicas exercem sobre a dinâmica das finanças internacionais, mais especificamente, para o surgimento de bolhas, pânicos e crises financeiras. Sobre estratégias de desenvolvimento, o modelo
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