El nino e La nina
Por: Yan Paulo • 11/7/2017 • Trabalho acadêmico • 2.543 Palavras (11 Páginas) • 752 Visualizações
INTRODUÇÃO
O El niño e La niña são fenômenos climáticos de caráter atmosférico-oceânico que acontecem no oceano pacífico (a oeste da América do Sul), principalmente na costa peruana até a costa leste da Austrália e Indonésia. O El niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano pacífico e ele acontece devido ao enfraquecimento dos ventos alísios, e a La niña tem um efeito inverso, sendo caracterizada pelo resfriamento anormal dessas águas. O fenômeno do El niño acontece em períodos de um a dez anos e pode alternar com o La niña entre dois e sete anos. Sempre que eles acontecem, tem características diferenciadas aos que aconteceram em anos anteriores.
Esses fenômenos afetam e influenciam o clima das regiões do planeta, assim como também a agricultura, economia e a qualidade de vida das pessoas. É importante ressaltar que eles acontecem independentes da ação humana. Neste trabalho, objetiva-se deixar claro o que são esses fenômenos, como eles ocorrem e quais são as suas consequências ao redor do planeta.
EL NIÑO
O fenômeno do El niño (também conhecido como ENOS, abreviação de El niño oscilação sul) recebeu esse nome por pescadores peruanos que observaram, durante alguns anos, a diminuição da quantidade de peixes na costa peruana devido ao aumento da temperatura do mar, o que dificultou a sobrevivência dos mesmos. Como tal fato ocorria sempre perto do Natal, eles o batizaram de El niño (“menino” em espanhol) em referência ao nascimento do menino Jesus (comemorado na época do natal).
Apesar de só ter sido registrado no século XIX (1877) como El niño, há indícios da sua existência desde, pelo menos, o século XVI, por isso há muitas controvérsias sobre a sua origem.
Atualmente existem quatro teses sobre a origem do fenômeno. São elas:
- A tese dos astrônomos: Mostram a ligação do fenômeno com os ciclos solares de 11 anos.
- A tese dos oceanógrafos: Defendem que a origem do El niño é interna ao próprio oceano pacífico. Para eles, o fenômeno resulta do acumulo e permanência de águas quentes na porção oeste desse oceano, pela intensificação prolongada dos ventos de leste nos meses que antecedem o El niño e faz com quem o nível do mar se eleve alguns centímetros. Com o enfraquecimento dos ventos alísios de sudeste, a água desliza para o leste, bloqueando as aguas frias provenientes do sul.
- A tese dos geólogos: Sustentam que o fenômeno do El niño é decorrente das erupções vulcânicas submarinas ou continentais. As cinzas vulcânicas na troposfera influenciariam e alterariam o balanço de radiação na superfície e consequentemente na circulação atmosférica.
- A tese dos meteorologistas: Eles relacionam o fenômeno do El niño com as variações das áreas de baixa pressão atmosférica no Oceano Índico diminui assim a ação dos ventos alísios no Oceano Pacífico.
Essas teses são apenas especulações a respeito da origem do fenômeno, mas pode-se supor que o El niño seja resultado do conjunto desses fatores.
O que normalmente ocorre sobre as aguas do mar da faixa tropical do pacífico são os ventos alísios soprando de leste para oeste em direção à Austrália, fazendo com que a porção mais quente das águas do oceano vão para oeste do globo. Isso deixa o nível do mar da Indonésia, em média, meio metro mais alto do que no Equador. A parte costeira que teve essa locomoção de agua quente é compensada com águas fria, tornando a temperatura do mar na costa sul-americana cerca de 8ºC mais fria. Essa água mais fria é rica de nutrientes importantes para o ecossistema marinho. Ela resulta num aumento de cardumes e, portanto é uma boa época para o setor pesqueiro nessa região.
Em anos em que o fenômeno El Niño ocorre é diferente, os ventos alísios de leste para oeste chegam enfraquecidos, em algumas regiões do pacífico ocorre até a inversão dos ventos, ficando de oeste para leste (em direção a América). Consequentemente, a superfície quente do oceano pacífico não se locomove em direção a Austrália, mas sim, fica “parada” no meio do oceano ou mais próxima da América do Sul. Isso faz com que a agua da costa oeste da América do sul fique com temperaturas acima da média e as da região norte/nordeste da Austrália e Indonésia fiquem abaixo da média. Essa porção de agua quente vai liberando evaporação e formando nuvens que precipitam com intensas chuvas e tempestades no Pacífico Equatorial Ocidental. Na faixa tropical há um deslocamento do ar deixando áreas menos chuvosas (como Indonésia e Austrália) com índices de chuva mais elevados e áreas mais chuvosas (oeste da América do sul) com índices de chuvas menos elevados, e também há o efeito mais direto e imediato que é na pesca, pois as águas mais quentes dificultam a sobrevivência dos peixes nessas regiões.
Com a mudança no local de formação destas nuvens, é gerada modificações no padrão de circulação do ar e da umidade na atmosfera. Com isso, o clima no mundo inteiro é afetado.
O fenômeno do El niño ocorre em um período de um a dez anos, podendo durar de 12 a 18 meses, em média e a temperatura da superfície do mar pode chegar a ficar 4,5ºC acima da média.
Há 33 registros de ocorrência do fenômeno de acordo com o centro de previsão de tempo e estudos climáticos (CPTEC). Quatro no século XIX, 25 no século XX e quatro no século atual. O país que sofre mais diretamente impacto do fenômeno é o Peru, pois há uma redução dos fitoplanctos que eram trazidos pelas águas frias (em condições normais, sem o El niño) e devido à temperatura superficial do mar estar muito quente devido ao fenômeno, os peixes tem dificuldade para sobreviver nessa região e se afastam durante 18 meses. Isso desencadeia a morte dos pássaros que se alimentavam desses peixes e consequentemente afeta a produção de guano, que servem de matéria prima para a indústria de fertilizantes. Constatou-se esse impacto quando ocorreu o El niño do ano de 1957-1958, onde cerca de 20 milhões de pássaros morreram na costa peruana.
Até hoje o El niño com impactos mais severos foi o de 1982-1983, onde caíram trombas d’agua sobre as costas orientais do Pacífico, ciclones devastam a Polinésia francesa, e na Austrália, Indonésia e o norte e sul da África sofreram com uma seca extrema que deixou cerca de 60 mil mortos na Etiópia e provocou incêndios na vegetação. Nas Ilhas Christmas, 95% dos pássaros desapareceram e as fábricas de farinha de peixe do Peru pararam ao mesmo tempo em que epidemias assolavam a região. Por outro lado, boa parte da América do sul sofreu com enchentes, sendo as fortes inundações no centro-sul do Brasil responsáveis pela maior parte dos 30 mil desabrigados nessa área.
...