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Flexibilidade nos Sistemas de Produção1

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Por:   •  21/9/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  7.168 Palavras (29 Páginas)  •  260 Visualizações

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vFlexibilidade nos Sistemas de Produção1

Henrique L. Corrêa, Ph.D.

Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Palavras-chave: flexibilidade, sistemas flexíveis, estoques estratégicos.

Introdução

A partir do início dos anos 80, uma nova ênfase tem sido dada para a importância do

critério "Flexibilidade" para a competitividade dos sistemas de manufatura. Esta nova ênfase é

baseada em alguns fatores, que podem ser resumidos em dois principais:

a) O ambiente no qual as empresas de manufatura têm atuado tem sido crescentemente

turbulento - a concorrência tem sido mais e mais competente, os mercados têm demandado uma

variedade crescente de produtos com ciclos de vida cada vez mais curtos e os fornecedores nem

sempre atingem níveis desejados de qualidade dos produtos e nível de serviços oferecidos por

estarem, eles também, lutando com suas próprias dificuldades no mesmo mercado turbulento.

Esta situação leva a uma condição de limitada previsibilidade e estabilidade e, portanto, demanda

uma capacidade crescente de responder bem a mudanças, ou, em outras palavras, de

desenvolver flexibilidade.

b) O desenvolvimento de novas tecnologias de processo - o desenvolvimento de novas

tecnologias de processo tem se dado em tal proporção que a taxa de desenvolvimento

tecnológico pode ter ultrapassado a habilidade de as pessoas utilizarem plenamente as

tecnologias ou mesmo entenderem plenamente o seu potencial. O resultado é uma provável

"sub-utilização" das novas tecnologias, que, potencialmente, "oferecem" flexibilidade a qualquer

organização que consiga transformar este "potencial" em flexibilidade real. Grandes esforços

têm sido despendidos na tentativa de se entender como fazer isso eficazmente.

No sentido de contribuir com o esforço de se obter um melhor entendimento do conceito de

flexibilidade dos sistemas de manufatura, uma pesquisa de 3 anos foi desenvolvida junto a

empresas inglesas e brasileiras. O objetivo principal da pesquisa como um todo foi o de analisar

as relações entre as variáveis incerteza, variabilidade das saídas e flexibilidade em sistemas de

produção. A seguir são apresentados alguns dos resultados desta pesquisa, particularmente

aqueles que dizem respeito à modelagem analítica da flexibilidade dos recursos estruturais de

produção (equipamentos e pessoas). Os resultados detalhados da pesquisa como um todo podem

ser encontrados em (Corrêa, 1992).

O método de pesquisa

A abordagem geral usada nesta pesquisa pode ser classificada como de "estudo de

casos". Para detalhes a respeito da metodologia, veja (Corrêa, 1992). Oito empresas (incluindo o

1 Publicado na RAE da FGVSP vol 33 numero 3, 1993.

2

estudo piloto) foram escolhidas e estudadas em profundidade. O processo de escolha das

empresas não foi aleatório. Ao contrário, o critério usado na seleção das empresas foi baseado

na potencial contribuição de cada uma para o processo de análise das três variáveis

mencionadas acima: incerteza, variabilidade de saídas e flexibilidade. O método básico de coleta

de dados foi o de extensivas visitas às organizações e entrevistas (utilizando questionário semiestruturado)

com membros dos seus quadros gerenciais (pelo menos quatro gerentes foram

formalmente entrevistados por empresa), além do estudo de documentação fornecida por eles.

O nível de análise

Como Gerwin (1986) esclarece, um aspecto básico no tratamento analítico da flexibilidade

de sistemas de produção é o nível de agregação no qual a pesquisa se baseia, se no nível das

máquinas em particular, do sistema de produção, se no nível da empresa como um todo e assim

por diante. O nível de análise considerado nesta pesquisa é o nível dos recursos constituintes dos

sistemas de produção, particularmente os recursos estruturais, que serão definidos no decorrer

do artigo. A sua inter-relação com o nível do sistema produtivo também é brevemente

comentada.

A escolha das empresas

Na metodologia de estudo de casos, os casos não são escolhidos aleatoriamente, mas

selecionados de forma a prover exemplos polares e se encaixar em categorias teóricas

(Eisenhardt, 1988; Pettigrew, 1988; Yin, 1988). Os casos para esta pesquisa foram selecionados

entre empresas brasileiras e inglesas. Uma "amostra" mista foi selecionada pelas seguintes

razões: o ambiente industrial brasileiro, notoriamente, tem um alto nível de incerteza ou

imprevisibilidade. De acordo com Pettigrew (1988), faz sentido pragmático escolher uma

situação extrema como esta para a análise de incerteza ambiental. Empresas inglesas, por outro

lado, são em princípio mais aptas a prover dados valiosos

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