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INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA

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Por:   •  17/9/2014  •  9.553 Palavras (39 Páginas)  •  368 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Num momento de profundas transformações sociais e tecnológicas, vivenciadas na sociedade contemporânea — comumente chamada de Sociedade do Conhecimento e da Informação — crescem as desigualdades propiciadas entre os que têm e os que não têm acesso ao modem. Desse modo, os que possuem são bombardeados por informações, através de imagens, sons, textos, e se vêem diante de um grande desafio: o de receber muitas informações em tão pouco tempo e ainda ter que decodificá-las, ressignificando códigos, signos, em função do que surge no contexto vivido. Já aqueles que não têm acesso, ao modem, ao telefone e a outros bens de consumo aumentam as estatísticas dos grupos chamados excluídos. Constituem grupo dos que hoje são chamados de excluídos digitais ou analfabetos digitais. Estes últimos têm sido desafiados a lutarem por uma sociedade justa e igualitária, que lhes garanta o acesso ao conhecimento, em todos os sentidos; a alfabetização digital é apenas um deles. Como oportunamente nos lembra Schwartz (2000 apud SILVEIRA, 2001, p.26) “A exclusão digital não é ficar sem computador ou telefone celular. É continuarmos incapazes de pensar, de criar e de organizar novas formas, mais justas e dinâmicas, de produção e distribuição de riqueza simbólica e material”.

Neste mesmo sentido, Silveira (2001) contribui para esta discussão, ao apontar novas possibilidades para a inclusão digital, o combate à pobreza do conhecimento, a necessidade da alfabetização tecnológica. Este autor descreve, ainda, dois tipos de analfabetismo: o funcional e o digital. E anuncia que, para combatê-los, seriam necessários maiores investimentos em políticas públicas, que viabilizassem o acesso a computadores e à Internet nas escolas. Assim, seria possível criar novos modos de inserção e estímulo à leitura, e ao domínio dos signos digitais ou não. Dessa forma, destaca Silveira (2001):

A educação que cultiva a idéia do saber consolidado deve ser substituída pela que ensina e prepara a pessoa para o aprendizado permanente. Agora a escola é apenas um pólo de orientação diante do dilúvio de informações gerado e constantemente alimentado pela rede mundial de computadores (p.28).

Nesta perspectiva, demanda-se a consolidação de novas metodologias que visem à formação dos sujeitos para a compreensão do mundo, de tal modo que estes sejam capazes de interpretar, de forma crítica, o papel que as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação têm desempenhado no processo de globalização. Outro aspecto importante da inclusão digital é o de saber fazer uso destas novas tecnologias, com outras formas de interação homem/máquina, criando oportunidades de acesso e conhecimento para os que vivem o apartheid digital/mental.

Em pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2001, foi apontado que cerca de 90% da população brasileira não tem acesso a computador em casa e que apenas 8,31% dos brasileiros se conectam à Internet. Estes indicadores demonstram a fase embrionária do processo de inclusão digital no Brasil, exigindo esforços cada vez maiores de cidadãos, de governos, de empresários e organizações civis não governamentais, para a inserção de todos na era da tecnologia digital (MARTINS, 2005).

Também os dados do Sistema de Avaliação Básica do Ministério da Educação (Saeb), de 1997, a respeito da infra-estrutura física das escolas, referentes à presença de equipamentos diretamente ligados a sua tarefa pedagógica (TV, vídeo, laboratório de ciências, computadores e biblioteca), revelam que “[...] os resultados obtidos para o uso das bibliotecas das escolas públicas são desoladores. De acordo com os dados apontados pela avaliação aproximadamente metade dos alunos freqüenta escolas que não contam com biblioteca ou contam com bibliotecas precárias em termos de acervo” (Brasil, 1997). Isto evidencia que a realidade das escolas no Brasil oferece à maioria de seus alunos um ensino que não privilegia a pesquisa e a informação. Neste sentido, muito cedo, as crianças são privadas do acesso aos recursos tecnológicos e digitais antigos/atuais que podem potencializar os processos de aprendizagem.

Então, a pergunta que não quer calar: como pensar em assimilação das tecnologias mais recentes na escola, se a mais antiga, o livro, ainda não chegou a todas? Levy (1999), ao referir-se aos papéis do professor e alunos frente ao processo de ensino-aprendizagem com/sem o uso das tecnologias, afirma:

Não se trata aqui de usar a qualquer preço as tecnologias, mas acompanhar conscientemente e deliberadamente uma mudança de civilização que recoloca profundamente em causa as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas edificativos tradicionais e notadamente os papéis de professor e aluno (p.172).

Desse modo, o que se propõe é a utilização consciente e contextualizada dos recursos tecnológicos para a resolução de problemas no dia-a-dia que são descobertos nos fazeres cotidianos de professores e alunos. Esta perspectiva, contudo, esbarra em um dos grandes implicadores para sua efetivação, que diz respeito à falta de formação e qualificação de professores e gestores, para utilizarem e/ou se apropriarem da tecnologia como ferramenta que auxilia na aprendizagem. Foi do ponto de vista de minha posição de educadora que enfrentei/enfrento tais dilemas que o percurso investigativo começou a delinear.

Assim, em minha trajetória de vivências profissionais, especificamente como professora, o ensino à distância tem sido alternativa na minha busca por novos saberes. Isto tem ocorrido, por compreender que o uso das recentes tecnologias de informação e de comunicação favorece a formação continuada e atinge segmentos hoje marginalizados. Além disso, percebo a possibilidade de ampliar as possibilidades de formação, de trocas crescentes na rede, e-mails, chats, fóruns. E mais, com o uso de redes, o ensino à distância tem assumido uma conotação de interação/troca/cooperação de dimensões mais amplas.

Entre 1995 e 2000, além de dar aulas de Matemática, para alunos de Ensino Médio em uma escola pública de Uberlândia, tornei-me parceira da equipe pedagógica da 40ª Superintendência Regional de Ensino (SRE). Esta parceria consistia em ministrar cursos de atualização e orientação metodológica, para professores do 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, de escolas públicas e particulares, de Uberlândia e de cidades vizinhas.

Entre 1998 e 2003, passei a me dedicar, também, ao Programa Nacional e Estadual de Informática Aplicada à Educação . Especializei-me em Informática na Educação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), passando a

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