Impactos do refino de petróleo na poluição atmosférica.

Universidade Federal do ABC

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Impactos do refino de petróleo na poluição atmosférica.

Prof. Dra. Lucia Helena Gomes Coelho

Prof. Dra. Cláudia Boian

SANTO ANDRÉ

Abril de 2016

Sumário

1.        Introdução        

1.1.        O processo de refinamento        

1.2.        Impactos ambientais        

1.3.        Refinarias no Brasil e no mundo        

2.        Emissão de Poluentes no Refino do Petróleo        

3.        Efeitos dos Poluentes na Saúde e Meio Ambiente        

4.        Controle de Emissão dos Poluentes        

4.1.        Controle de Emissões de Poluentes Gasosos        

4.1.1.        Controle por Diluição na Atmosfera devido a Dispersão        

4.1.2.        Absorção de Gases        

4.1.3.        Adsorção de Gases        

4.1.4.        Combustão        

4.2.        Controle de Emissões de Material Particulado        

4.2.1.        Ciclones        

4.2.2.        Filtros        

4.2.3.        Coletores Úmidos        

4.2.4.        Precipitadores Eletrostáticos        

4.3.        Outros mecanismos para Reduções de Emissão        

5.        Estudo de Caso        

6.        Conclusão        

7.        Bibliografia        

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1. Introdução

1.  O processo de refinamento

O petróleo é composto por uma mistura de hidrocarbonetos, com a presença de substâncias variadas como enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais. No seu estado bruto, são poucas as aplicações do petróleo, servindo sendo basicamente a utilização como óleo combustível. Para extrair do petróleo seu máximo potencial energético, este é submetido ao processo de refinamento, que gera como resultante seus derivados, que são a matéria-prima para a manufatura de diversos bens de consumo, essenciais na vida das pessoas.

No processo de refino, o mineral bruto passar por uma série de beneficiamentos para a obtenção dos derivados, que são os produtos de grande interesse comercial. Prmeiramente, o petróleo passa por etapas físicas e químicas de separação, que originam as grandes frações de destilação. Estas frações passam por outras etapas de separação e conversão que resultam nos derivados finais do petróleo. Deste modo, são obtidos os produtos vendáveis.

Sendo assim, são dois os objetivos básicos que uma refinaria pode ter, ao ser construida:

- produção de produtos energéticos (combustíveis e gases em geral);

- produção de produtos não-energéticos (parafinas, lubrificantes, etc.) e petroquímicos.

A produção de produtos energéticos constitui a maior parte dos casos, pois a demanda por este tipo de material é muito grante no mercado. Desta forma, são obtidos combustíveis como GLP, gasolina, diesel, querosene e óleo, entro outros.

O segundo objetivo, não tão comum, destina-se a produção de frações básicas lubrificantes, parafinas e matérias-primas para a indústria petroquímica. Estes produtos contribuem muito mais na rentabilidade das empresas, pois possuem valores agregados muito superiores ao dos combustíveis. Por outro lado, os investimentos também são muito maiores.

O refino de petróleo passa por três processos principais:

• Destilação – o petróleo é submetido a altas temperaturas até evaporar. Após resfriar, este vapor volta ao estado líquido em diferentes níveis dentro da torre de destilação. Em cada nível há um recipiente que coleta um determinado subproduto do petróleo.
• Conversão – é a transformação das partes mais pesadas e de menor valor do petróleo em moléculas ainda menores, resultando em derivados mais nobres, o que aumenta o aproveitamento do petróleo.
• Tratamentos – adequam os derivados à qualidade exigida pelo mercado. Como exemplo, em um desses processos, é feita a remoção do enxofre.

1. Impactos ambientais

As refinarias são grandes geradoras de poluição, com impacto relevante no meio ambiente. Os principais fatores que contribuem para isto são:

• Grande consumo de água
• Grande consumo de energia
• Produção de despejos líquidos
• Liberação de gases poluentes
• Produção de resíduos sólidos
• Eventuais acidentes com impactos no meio

Desta forma, as refinarias possuem potencial para afetar todos os recursos ambientais: ar, água, solo e, conseqüentemente, seres vivos.

Alguns fatos históricos envolvendo refinarias no Brasil ocorreram por exemplo, nas décadas de 70 e 80, quando o entorno da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, era conhecido como “Vale da Morte”, e representava um símbolo da poluição industrial no país. A poluição era gerada pelo pólo petroquímico ali existente, do qual a refinaria faz parte, e provocava doenças respiratórias na população. Vários casos de bebês nascidos com problemas de má formação foram registrados na época. A poluição também causava a precipitação de chuvas ácidas, responsáveis pela degradação da paisagem do local. A vegetação da Serra do Mar foi seriamente afetada pelas chuvas ácidas, tendo havido a necessidade da realização de obras de contenção de encostas para evitar desmoronamentos.

A Reduc (Refinaria de Duque de Caxias) foi responsável por um histórico de acidentes maiores e menores. Em 1972, ocorreram três grandes explosões em três tanques de gás, causando a morte de 42 trabalhadores e deixando mais 40 feridos. O acidente provocou chamas de trezentos metros de altura e um dos tampões dos tanques (peça de 23 m de diãmetro) foi arremessado a um quilômetro de distância. Em 2014 foram mais duas ocorrências: Um grande incêndio em janeiro e a emissão de vultosa nuvem de fumaça no dia 30 de abril, que se estendeu até a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.