O Desafio Da Sustentabilidade Na Construção Cívil
Por: Ayala Rios • 21/5/2017 • Resenha • 2.035 Palavras (9 Páginas) • 877 Visualizações
Resenha crítica
- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Agopyan, V; John, V.M. O desafio da sustentabilidade na construção civil, Editora Blucher, 2011.
- CREDENCIAIS DOS AUTORES
Vahan Agopyan é engenheiro civil, PhD, professor titular da Escola Politécnica, pró-reitor de Pós-Graduação da USP, conselheiro da Fapesp e fundador e membro do Conselho do CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, ocupou inúmeros cargos na área de pesquisa, inclusive o de presidente do IPT, diretor da Escola Politécnica da USP e coordenador de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.
Vanderley John é engenheiro Civil, mestre e doutor em Engenharia, com pós-doutorado. Professor associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, é também membro da coordenação das Engenharias da Fapesp, do Comitê Assessor da Engenharia Civil do CNPq e da Câmara Ambiental da Indústria da Construção do Estado de São Paulo. É fundador e membro conselheiro do CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, bem como coordenador do Comitê de Materiais.
- RESUMO DA OBRA
Esta obra é o 5º volume da Série Sustentabilidade, editada pelo professor José Goldenberg. O livro é constituído por sete capítulos, onde os autores apresentam uma visão inovadora, discutindo o desenvolvimento sustentável na construção civil sob do ponto de vista da cadeia produtiva setorial.
No capitulo inicial os autores realizam uma apresentação do tema, mostrando que o desafio da sociedade é fazer a economia evoluir, atendendo as suas expectativas e mantendo o ambiente sadio, e através da conciliação desses aspectos, ter então a sustentabilidade.
A construção civil é responsável pala transformação do ambiente natural, e a dimensão da mesma implica em impactos ambientais. Por possuir a consciência ambiental há pouco tempo, o setor é visto como agente produtor dos ambientes construídos. O aumento da sustentabilidade da área depende de soluções articuladas dentro de uma visão sistêmica, que afetam diretamente o consumo de recursos naturais e energia.
Buscando ser menos agressiva à natureza, a construção civil vem tomando decisões importantes para obter uma redução real dos impactos socioambientais, e mesmo em países com a economia não estabilizada a sustentabilidade pode ser possível.
O desafio do desenvolvimento sustentável é a busca de um equilíbrio entre justiça social, viabilidade econômica e proteção ambiental. Os profissionais preparados para esses desafios possivelmente terão mais sucesso, e para enfrenta-los é necessário à inovação.
O segundo capítulo traz um breve histórico da sustentabilidade na construção civil, mostrando que apesar do setor ser a indústria que mais consume os recursos naturais e gera resíduos, demorou a começar a discutir e enfrentar os problemas da sustentabilidade.
Historicamente a construção civil é considerada como uma atividade “suja”, mas apenas na década de 1990 a indústria foi colocada com problemas de sustentabilidade. Os resultados de estudos sistemáticos associados à atividade de construção surpreenderam os pesquisadores e os lideres da indústria que ainda procuram recuperar o tempo perdido.
Em 1994 em Tampa, Flórida, ocorre o First International Confere on Sustainable Construction um dos primeiros eventos organizados para discutir especificamente a construção civil sustentável. Nos anos seguintes vários outros eventos concentraram-se no tema.
No ano de 1999 foi lançada a Agenda 21 on sustainable construction, no ano seguinte foi traduzida para o português. Segunda a mesma os principais desafios da construção civil envolvem: a) processo e gestão; b) execução; c) consumo de materiais, energia e água; d) impactos no ambiente urbano e no meio ambiente natural; e) as questões culturais e econômicas. O destaque da publicação é a cadeia produtiva e os clientes, atribuindo responsabilidades a todos os envolvidos. A Agenda 21 encerra afirmando que o maior desafio é o de tomar ações preventivas imediatas e preparar toda a cadeia produtiva para mudanças que são necessárias ao processo construtivo.
Os conceitos de sustentabilidade na construção civil chegaram ao Brasil somente em 2000, quando o Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP organizou o simpósio do CIB sobre construção e meio ambiente- da teoria para a prática. Nesse evento, foi exposta uma proposta para a sustentabilidade no Brasil, que serviu de contribuição para a Agenda 21 da construção sustentável dos países em desenvolvimento, proposta essa que inclui oito itens:
- Redução das perdas de materiais na construção;
- Aumento da reciclagem de resíduos como materiais de construção;
- Eficiência energética nas edificações;
- Conservação de água;
- Melhoria da qualidade do ar interno;
- Durabilidade e manutenção;
- Redução do déficit de habitações, infraestrutura e saneamento;
- Melhoria da qualidade do processo construtivo;
Atualmente a construção sustentável já é um tema bem discutido no Brasil, o que falta é que os princípios da construção sustentável sejam colocados em prática.
O terceiro capítulo apresenta as influências da construção civil para as mudanças climáticas. Ações humanas estão interferindo no clima do planeta, pois tem como resultados o aumento da concentração de gases poluentes. As mudanças no solo são grandes responsáveis para a o aumento desses gases na atmosfera, assim como a destruição das matas nativas.
A indústria da construção civil também tem uma parcela significativa na emissão desses gases, como por exemplo, a decomposição de carbonatos, especialmente calcário, que ocorre principalmente nos fornos de cimento, de aço e da cal. A extração de madeira nativa de forma ilegal merece destaque na emissão de gases do efeito estufa no Brasil, mas nem toda emissão do desmatamento é atribuída à construção civil, o agronegócio é o principal responsável.
O uso dos edifícios no mundo é responsável por 25% da emissão de CO2, incluindo emissões diretas e indiretas. No Brasil os edifícios não têm maiores contribuições para a emissão de CO2, a queima de combustíveis fósseis é responsável por 60% das emissões, e são fundamentalmente relacionadas a atividades na qual a construção tem pouca ou nenhuma influência. Uma parcela importante das emissões do setor está associada ao movimento de materiais de construção.
Essa indústria é responsável por uma pequena parcela de emissões, no entanto a economia de energia é importante em qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável. Assim, uma estratégia eficaz para redução de gases poluentes no setor da construção demanda uma ação setorial que inclua as cadeias produtivas de materiais de construção. À inovação e adaptação ás mudanças climáticas é parte dessa estratégia.
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