O despertar da Internet

Décima primeira conexão - Despertar da internet

        Movido pela missão de desenvolver um sistema de comunicação capaz de sobreviver a um ataque nuclear, Paul Baran, empregado no instituto de pesquisa da Califórnia, percebeu a vulnerabilidade do sistema de comando da década de 1950 escondida na topologia da rede de comunicação existente. Na concepção de Baran, a arquitetura ideal, em termos de sobrevivência, era uma rede distribuída em forma de malha, semelhante a um sistema rodoviário, suficientemente redundante para que mesmo se alguns nós fossem derrubados, vias alternativas mantivessem a conexão entre o restante deles.

        As ideias de Baran, derrotadas a cada passo pela indústria e pelos militares foram redescobertas apenas dez anos mais tarde, quando a Agência de Pesquisas em Projetos Avançados (Arpa), desconhecendo os resultados a que ele chegara, formulou a mesma concepção por contra própria.  Nessa época, no entanto, a Internet já seguia seu curso de desenvolvimento.

        Na década de 1960, a Arpa já financiava pesquisas em computação em larga escala. Ela possuía diversos computadores em seu portfólio de pesquisa, hospedados por laboratórios em todo país. O problema era que mesmo computadores que se encontravam na mesma sala não conseguiam se comunicar. Bob Taylor teve uma brilhante ideia: por que não conectar de alguma forma esses equipamentos incompatíveis ? A ideia de conectar computadores também ocorreu a Donald Davies, diretor de ciência da computação em Tenington. Trabalhando arduamente para transformar seu plano em realidade, Davies reinventou pacotes e comutação de pacotes muito antes de tomar conhecimento do trabalho preexistente de Baran. Logo se tornou patente a todo mundo que a comutação de pacotes em linhas mais rápidas era a tecnologia exigida para criar uma rede de comunicação realmente eficiente. Por fim, a visão de uma década de Baran começou a se materializar. E assim nascia a rede que hoje chamamos de Internet.

        Há importantes razões práticas para tentar obter um mapa global da Internet. Sem conhecer a topologia da Internet, é impossível projetas ferramentas e serviços de maneira mais adequada. Enquanto os biólogos levaram décadas imaginando como são as proteínas e como interagem entre si, todos os detalhes concernentes aos componentes da Internet estão plenamente disponíveis para o tomógrafo da Internet. O que nem os cientistas da computação nem os biólogos sabem é como a estrutura de larga escala emerge quando se dá o acoplamento das partes.

        Três irmãos, cientistas gregos da computação, os irmãos Faloutsos, verificaram que a distribuição de conectividade dos roteadores da Internet obedece a uma lei de potência. Os irmãos Faloutsos não tinham conhecimento das descobertas paralelas das leis de potência na topologia da Web. De par com esses desenvolvimentos, a descoberta deles revestiu novo significado, retirando a Internet do mundo das redes randômicas e inserindo-a na colorida fauna das topologias sem escala. Um resultado bastante inesperado. Afinal, a internet é composta por linhas físicas e de roteadores. É totalmente hardware. Como essas dispendiosas conexões de cobre pesado podem obedecer às mesmas regras que os humanos quando estabelecem contatos sociais amenos ou adicionam URLs a suas Webpages ?