O BPM e Sustentabilidade

Sustentabilidade

A humanidade enfrenta hoje mudanças políticas, econômicas, sociais e ambientais que colocam em dúvida o modelo de gestão de governos e empresas (Costa, Maria). Desastres ambientais e sociais, como o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (2015) e barragem Mina do Feijão em Brumadinho (2019) são exemplos de sistema que não comporta mais produção com foco apenas em crescimento.

Em razão disso, atualmente, cresce o número de empresas que demonstram iniciativas em prol da sociedade, considerando aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa (Pacto Global da ONU, 2021) (ESG - sigla inglesa para envinronmental, social and governance, que no Brasil assume a sigla ASG - ambiental, social e governança corporativa) e de investidores que incorporam tais práticas em suas tomadas de decisão.

Em novembro de 2021, 10.384 empresas de 148 países, pertencentes a 49 diferentes setores constavam na lista da rede de signatários ativos do United Nations Global Compact (Pacto Global da ONU, 2021), uma iniciativa das Nações Unidas que tem por objetivo mobilizar a comunidade empresarial sobre questões relacionadas aos direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção (PACTO GLOBAL, 2021). O Brasil figura como terceiro país com maior número de empresas compromissada à iniciativa (636 empresas), atrás da Espanha (1.472 empresas) e França (1.137 empresas), vide Figura 1 e Figura 2.

Fonte: elaboração do autor.

Em paralelo a esse movimento empresarial, os investidores também se mobilizaram para demonstrar seus compromissos com o desenvolvimento sustentável. Em novembro de 2021, o PRI (sigla ingles para Principles for Responsible Investment) contava com 3.826 signatários que juntos representavam 121,3 trilhões de dólares de ativos sobre gestão (PRI, 2021). É importante observar que a evolução dos signatários do PRI acompanhou o crescimento do Pacto Global, vide Figura 3.

Conforme pesquisa realizada pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) em 2016 sobre o nível de incorporação de aspectos de ESG na decisão de investimentos das gestoras de recursos brasileiras, 70% dos respondentes disseram que utilizavam algum critério ESG em seu processo de avaliação de investimento, sendo governança corporativa o mais utilizado (ANBIMA, 2016).

Busch & Bassen (2015) revisaram empiricamente mais de dois mil estudos sobre a relação entre desempenho socioambiental e desempenho financeiro e evidenciaram que não há uma relação negativa entre eles, mas resultados positivos em sua maioria.  As empresas que melhor conduziram a questão da sustentabilidade registraram desempenho superior na crise pandêmica de 2020 segundo a maior gestora de fundos de investimentos do mundo Black Rock (2021). Dada a sua importância, representatividade em volume de investimentos, e seu papel de condutora de movimentos de mercado, a gestora Black Rock (2020) tem incorporado em seus investimentos a ideia de investimento sustentável, um conceito macro composto por rígidos critérios ESG. Segundo a gestora “as empresas administradas com foco na sustentabilidade devem estar mais bem posicionadas em comparação com seus pares menos sustentáveis para enfrentar condições adversas, enquanto ainda se beneficiam de ambientes de mercado positivos” (Black Rock, 2020).

Têm-se, portanto, um movimento claro, e em aceleração, no qual somente os resultados financeiros no curto prazo não serão mais suficientes para atração de novos investimentos, dado que no longo prazo, haverá inclusive custos inerentes desta visão desconectada das atuais demandas da sociedade. Podendo levar, no limite, à própria exclusão do mercado. Clarke (2020) afirma que as “corporações podem salvar-se ao reimaginar suas responsabilidades”, sustenta ainda a necessidade premente de que sejam estabelecidas “estratégias, metas e medidas claras de responsabilidade socioambiental”.

A sustentabilidade se tornou uma força motriz em nossa sociedade. As preferências dos consumidores por produtos e serviços de caráter sustentável levaram as organizações a valorizar uma imagem de green business. Outros são obrigados a cumprir os regulamentos para ter permissão para operar, como é o caso de empresas que exploram recursos naturais. Finalmente, alguns perceberam que as práticas de sustentabilidade podem realmente trazer benefícios financeiros (Saul, 2010). Brown e Ratledge (2011) definem green business como um estabelecimento que possui uma produção verde. Embora existam alguns autores que acham que os negócios verdes são o caminho para incluir ações mais sustentáveis, contribuir para o meio ambiente e para o bem-estar humano ao mesmo tempo em que obtém lucro dentro do crescimento econômico (Chen, 2016).

Revisão BPM

Por outro lado, as organizações buscam cada vez mais aprimorar a implementação da estratégia, alinhando suas ações e objetivos organizacionais para aumentar sua eficiência e eficácia, enfrentando diversos desafios diários de gerenciamento e gestão. Neste contexto, os processos e a forma como o trabalho é executado para entregar valor aos clientes é fator chave de sucesso.

Processo é um conjunto de atividades e comportamentos executados por humanos ou máquinas para alcançar determinados resultados (ABPMP, 2013). O gerenciamento de processos de negócio, mais conhecido pelo termo em inglês Business Process Management (BPM) é uma abordagem de gestão que contribui para esse propósito (Bernardo et al., 2017).