A INTRODUÇÃO
Por: Laila Caroline • 12/5/2019 • Projeto de pesquisa • 698 Palavras (3 Páginas) • 121 Visualizações
A autora relata a convivência com supostos agentes da violência urbana onde muitas vezes os vemos como uma ameaça e um motivo para se sentir amedontrado, mas não sabemos da onde esses indivíduos vieram, o que passaram e qual é sua história de vida. Com base nisso, ela passa a frequentar os lugares onde eles moram e escuta suas histórias e explicações, tentando não julgar, mas sim entender o que se passa a partir dos relatos, tanto dos moradores quanto dos bandidos. Ela também conta sobre a experiência que teve a partir do contato com a população de uma das áreas consideradas mais perigosas da zona sul do Rio de Janeiro, onde bandidos assumidos e moradores foram entrevistados, e analisa os motivos para tal escolha de vida e os aspectos sociais em relação ao aumento da crimilidade.
O desemprego é um desses motivos e é mais grave para trabalhadores mais jovens e sem experiência, que precisam entrar no mercado de trabalho cedo para ajudar sua família e dificilmente encontram a inclusão no mercado de trabalho. O resultado disso, são crianças vendendo doces nas ruas, sinais e frentes de supermercados para ajudar a família e assim, afastados da família se formam os bandidos, com suas próprias leis, constituídas pela luta diária pela sobrevivência e conflitos e são esses mesmos jovens que de usuários, passam a comerciantes ou empresários do tóxico adotando métodos violentos que tem uma visão negativa do trabalho.
Assim, diz que, sem serem formados por escola ou um ambiente que lhes passem um ensinamento rigoroso se negam ao mundo do trabalho, onde hoje são se tornaram jovens perigosos e armados. Ela relata que o recrutamento para a "vida de bandido" começa por volta dos 10 anos, e termina por volta dos 25 anos, ou seja, eles preferem a fama, poder, dinheiro fácil desde cedo do que a alternativa de ter que trabalhar duro, onde dizem que serão mal pagos e assim, suas vidas acabam de forma cedo e de forma violenta.
Pensando pelo lado dos trabalhadores, é inevitável a convivência com os que optaram pela vida criminosa, já que cuidam dos seus filhos e inventam estratégias para a sobrevivência. Com a polícia, a população local mantém uma relação ao mesmo tempo de medo e bajulação, porque é exposto o uso da tortura e violência física pela parte da polícia que não se preocupa se a pessoa apreendida é culpado ou não, por isso, a polícia para eles é uma figura temida, onde a mesma mata covardemente, pelas costas, sem avisar e por motivos desconhecidos. Já os bandidos, quando matam, é para se vingar de alguma traição ou defender sua honra e espaço.
Para a população existem diferentes tipos de bandidos, onde ora ele aparece como vingador do seu povo e ora como quem arrasta outros jovens para más influências e eles podem ser diferenciados como: bandidos formados, bandidos sanguinários, perversos, bandido porco, pivete etc e cada um deles mexe com coisas e pessoas diferentes.
A violência urbana está nas ruas e nos jornais diários, mas não somos atingidos por essas diferentes fontes de informações igualmente, isso é refletido com base na classe social que pertencemos, o local que moramos e isso definirá o modo que pensamos sobre esse tipo de violência. A diferença entre classes sociais é evidente, as necessidades e prioridades são outras e assim, muitos definem as escolhas do bandido como ética de trabalho ainda valorizada.
Por fim, os bandidos não são reformistas e nem revolucionários, suas ações podem ser interpretadas como uma mistura de resistência à sociedade capitalista, onde recusam o trabalho duro que seria destinado a população pobre e vão atrás de formas para mudar esse fato afim de enriquecerem e se tornarem uma força política montando um sistema de poder no local que moram criando suas quadrilhas, sua forma de arrumar dinheiro, seja ele por tráfico, roubo, furto ou relação com outras quadrilhas.
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