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A relação da motivação para o trabalho com as metas do trabalhador

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Por:   •  15/8/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  5.901 Palavras (24 Páginas)  •  419 Visualizações

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A relação da motivação para o trabalho com as metas do trabalhador

RESUMO

O objetivo central deste artigo é propor um modelo para aprimorar programas de motivação no trabalho a partir do perfil motivacional do trabalhador. O pressuposto básico é que as estratégias de motivação laboral são mais eficientes quando correspondem diretamente a metas e valores do trabalhador. Para tanto, são discutidas brevemente as principais teorias que explicam a motivaçãono trabalho, bem como suas aplicações em programas motivacionais concretos. É apresentada uma moderna teoria dos valores, verificada empiricamente em mais de 60 países, que identifica a estrutura motivacional das pessoas. Com base nos resultados destes estudos, é introduzido o conceito deperfil motivacional do trabalhador e discutida a sua forma de avaliação nas organizações. É igualmente apontada a correspondência entre diversos aspectos do perfil motivacional e diversos motivadores utilizados na prática organizacional. Conclui-se que o conhecimento do perfil motivacional do trabalhador possibilita o desenvolvimento de programas diferenciados de motivação dentro da organização, visando à atender a metas de trabalhadores diversos.

Palavras-chaves: motivação no trabalho; perfil motivacional do trabalhador; teorias de motivação.

INTRODUÇÃO

A complexidade do trabalho nas organizações, as suas múltiplas e variadas demandas, os novos ambientes de produção e a competitividade crescente no mundo dos negócios têm como corolário a necessidade de valorizar os empregados e de criar condições favoráveis para maximizar o seu desempenho e a sua satisfação no trabalho. Atualmente, observam-se na pesquisa e na prática organizacionais, mudanças importantes nas estratégias motivacionais utilizadas nas organizações. A tendência é substituir as estratégias centradas na recompensa associada ao desempenho esperado (Steers e Porter, 1991; Schiehll e Morissette, 2000) por um estilo de vida organizacional que promova o bem-estar e a felicidade do empregado no trabalho (Erez, Kleinbeck e Thierry, 2001). A motivação laboral é uma das áreas em pesquisa e gestão de recursos humanos, que tem sido sempre orientada por uma abordagem positiva e humanizadora do ambiente de trabalho, procurando encontrar caminhos para ajudar o trabalhador a satisfazer as suas necessidades no trabalho e a se realizar profissionalmente nele. As teorias motivacionais podem ser entendidas como uma tentativa incessante e progressiva para identificar fontes de prazer que o trabalhador encontra ou pode encontrar no seu ambiente de trabalho. Essas fontes parecem encontrar-se no próprio trabalhador, no ambiente de trabalho e na interação entre os dois.

Este artigo tem como objetivo analisar e propor um modelo de motivação no trabalho a partir do perfil motivacional do trabalhador. O pressuposto básico é que as estratégias de motivação laboral são mais eficientes quando os motivadores adotados correspondem diretamente às metas e valores do trabalhador. Este estudo envolve dois conjuntos de conceitos centrais - teorias motivacionais do trabalho e perfil motivacional do trabalhador - e a tentativa de articulá-los teórica e pragmaticamente. Quanto aos fins, o estudo pode ser classificado como exploratório. Quanto aos meios, foi realizada pesquisa bibliográfica. O artigo estrutura-se nos seguintes tópicos: motivação no trabalho; perfil motivacional do trabalhador; e motivação para o trabalho a partir do perfil motivacional do empregado.

MOTIVAÇÃO NO TRABALHO

A relação da motivação com o comportamento e com o desempenho é estabelecida espontaneamente tanto pelos cientistas como pelas pessoas leigas. O comportamento é percebido como sendo provocado e guiado por metas da pessoa, que realiza um esforço para atingir determinado objetivo. A maioria dos autores considera a motivação humana como um processo psicológico estreitamente relacionado com o impulso ou com a tendência a realizar com persistência determinados comportamentos. A motivação no trabalho, por exemplo, manifesta-se pela orientação do empregado para realizar com presteza e precisão as suas tarefas e persistir na sua execução até conseguir o resultado previsto ou esperado. Geralmente, salientam-se três componentes na motivação: o impulso, a direção e a persistência do comportamento (Mitchell, 1982; Kanfer, 1990, 1992; Katzel e Thompson, 1990; Locke e Lathan, 1990; Vallerand e Thill, 1993).

O estudo da motivação no trabalho recebe interesse considerável na literatura internacional devido, provavelmente, à sua estreita relação com a produtividade individual e organizacional. O problema da motivação no trabalho situa-se, inevitavelmente, no contexto da interação dos interesses da organização com os interesses do empregado. As duas partes envolvem-se numa parceria, na qual cada uma delas apresenta, explicita e/ou implicitamente, as suas exigências e demandas. Da parte da organização, existem demandas explícitas e bastante precisas relacionadas ao desempenho do empregado e às normas de comportamento na empresa. Em relação ao desempenho, a empresa exige que os seus membros executem tarefas bem delimitadas, em períodos determinados de trabalho e com padrões de quantidade e qualidade previamente estabelecidos. Todas estas atividades fazem parte do papel atribuído ao empregado e são, geralmente, regidas pelo próprio contrato de trabalho. Para a execução das tarefas, a empresa fornece aos seus empregados o equipamento e o material necessário, este último podendo, muitas vezes, não corresponder às exigências das tarefas e da própria organização.

As demandas da organização referem-se também ao cumprimento de normas de comportamento que regulam o convívio dos seus membros, à própria execução do trabalho e à tramitação interna dos processos ou projetos organizacionais. Além disso, existem expectativas ou demandas implícitas da empresa quanto a comportamentos espontâneos do empregado. Trata-se de comportamentos altruísticos dos empregados, que são de vital importância para o bom funcionamento da organização (Katz e Kahn, 1974). De forma geral, pode-se dizer que são atos extra-papel, que os trabalhadores executam espontaneamente e que são benéficos para o sistema organizacional. Vários comportamentos deste tipo têm sido estudados, tais como: cidadania organizacional (Smith, Organ e Near, 1983), comportamentos extra-papel (Pearce e Gregersen, 1991), comportamentos pró-social (George, 1991), espontaneidade organizacional (George e Brief, 1992) e civismo organizacional (Porto e Tamayo, 2002; Siqueira,

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