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O Impacto Dos Custos Para As Empresas Aéreas No Brasil

Por:   •  31/5/2024  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.060 Palavras (9 Páginas)  •  55 Visualizações

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O IMPACTO DOS CUSTOS PARA AS EMPRESAS AÉREAS NO BRASIL

  1. INTRODUÇÃO

A gestão de custo é basicamente um mecanismo de controle de despesas, ela está presente até mesmo nas compras mais banais do dia-dia, mede a relação de custo-benefício de uma aquisição e é questão de sobrevivência. Se você realiza um controle de perto e detalha aquilo tudo que você gasta,então será  possível enxergar desperdícios de maneira inteligente.

Nas empresas não é diferente, imagine, então, a quantidade de custos de uma empresa e o quanto se consome de recursos e de tempo para fazê-la funcionar? Não é novidade ter certas dores de cabeça para fazer o “milagre” acontecer, resultando em geração de valor e satisfação para o cliente. Saber identificar quais são os os tipos de custos que uma certa empresa é o primeiro passo para uma gestão financeira saudável.

Abordaremos sobre os custos variáveis: essa análise permite uma compreensão clara dos custos envolvidos nas operações da empresa, ajudando na definição de preços de venda, cálculo do ponto de equilíbrio e tomada de decisões.

Nas empresas aéreas, por exemplo, existe um custo variável em relação as passagens aéreas. Uma matéria divulgado pela ANAC, aponta que combustível representa 41% dos gastos das cias aéreas. Para compensar um possível aumento dessa despesa, as empresas muitas vezes repassam parte desse reajuste aos viajantes, contribuindo para encarecer, de forma geral, os preços das passagens aéreas.

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O setor aéreo, especialmente a aviação comercial, é considerado estratégico para o Brasil e de grande importância para o dinamismo da economia brasileira, na medida em que favorece a integração nacional e a expansão da indústria do turismo. A Lei 7.565/86 (Código Brasileiro de Aeronáutica - CBA) define o transporte aéreo regular de passageiros como serviço público, sendo delegada à iniciativa privada a prestação desses serviços mediante concessão. (MARTIN; DANN, 2008, p. 1624).

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR, 2022, p. 46), uma prática comum na avaliação dos custos e despesas das empresas aéreas é a divisão do total desses custos pela quantidade de assentos-quilômetros produzidos (ASK). Essa abordagem é aplicável tanto a uma única empresa aérea quanto a um grupo delas. Para uma análise mais aprofundada, os custos e despesas podem ser desagregados em grupos importantes, como combustíveis e lubrificantes, pessoal, tarifas aeroportuárias, seguros, leasing e manutenção, e depreciação. Além disso, uma maneira interessante de avaliar a eficiência operacional é comparar a evolução de cada indicador com o comportamento do índice de inflação do país. A disponibilidade de informações fornecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) é crucial para esse tipo de análise, e destaca-se que apenas no Brasil e nos Estados Unidos essas informações são disponibilizadas publicamente em detalhamento e frequência satisfatórias para estudos do setor. No contexto brasileiro, as demonstrações contábeis padronizadas das empresas aéreas são apresentadas pela ANAC em quase 300 contas e grupos de contas, e são totalizadas trimestralmente. A combinação desses dados com as estatísticas mensais detalhadas também fornecidas pela ANAC possibilita a formulação de conclusões fundamentadas sobre o desempenho das empresas aéreas brasileiras.

Carneiro (2020, p. 14) explica que “o setor de transporte aeronáutico é responsável por um alto movimento monetário, uma vez que as aeronaves, que são instrumento direto da prestação de serviço, têm alto valor. Em contrapartida, é um setor de lucro relativamente baixo.”

De acordo com Gomes e Fonseca (2014, p. 19), um indicador significativo para avaliar uma empresa aérea é a idade média de sua frota. A utilização de aeronaves mais antigas tende a resultar em custos operacionais mais elevados, especialmente em termos de consumo de combustível e manutenção. Além disso, essas aeronaves podem não ser adequadas para atender às demandas do mercado atual da empresa.

[...] foi identificado que os custos do setor aéreo de transportes têm grande concentração em combustíveis, arrendamentos e pessoal, que juntos totalizam, em média, cerca de 70% do total de custos destas empresas. Estes custos possuem relação direta, aparentemente, com variáveis externas (de caráter econômico). Os gastos com pessoal são influenciados pelo INPC de forma a recompor as eventuais perdas inflacionárias no poder de compra dos empregados. Os combustíveis são impactados em duas frentes: cotação do barril de petróleo e efeito do câmbio. Os arrendamentos, responsáveis pela aquisição dos ativos das operações, também são passíveis de influências cambiais. (GUIMARÃES; MARÇAL; MARQUES, 2020, p. 13).

A partir de Diegues (2019, p. 55-56), compreende-se que, em relação aos custos, o principal gasto identificado é o combustível, que inicialmente corresponde a 40% dos gastos totais da companhia aérea. Ao longo do período analisado [2010 a 2017], essa proporção diminui para 36%, principalmente devido ao aumento de outros gastos, em vez de uma redução nos gastos com combustível em si. Observa-se também uma tendência das companhias aéreas em buscar reduzir os gastos que estão mais sob seu controle, como os relacionados à tripulação, pessoal e despesas administrativas, evidenciando uma preocupação em manter uma equipe eficiente e enxuta para garantir margens de lucro adequadas para a continuidade das operações. Além disso, o aumento nos gastos com arrendamento de aeronaves (leasing) pode ser interpretado como uma estratégia para minimizar o investimento inicial necessário para adquirir novas aeronaves, dadas as elevadas cifras envolvidas na compra direta, tornando, em muitos casos, mais viável para a companhia apenas arrendar as aeronaves que opera.

O setor de transporte aeronáutico é responsável por um alto movimento monetário, uma vez que as aeronaves, que são instrumento direto da prestação de serviço, têm alto valor. Em contrapartida, é um setor de lucro relativamente baixo. Segundo estimativa da IATA (2019), as companhias aéreas da América Latina tiveram lucro líquido de US$ 0,2 bilhão em 2019, com US$ 0,50 de lucro por passageiro. Há, portanto, diversas empresas à beira da falência, sendo que, para evitar a medida extrema, algumas recorrem à fusão com outras companhias para se recuperarem, entretanto, a lista das que não tiveram tanta sorte é muito maior (TARVER, 2022). O controle de custos é, nesse cenário, de extrema relevância para a tomada de decisões de uma empresa, ainda mais em um mercado extremamente competitivo como o do transporte aéreo. (CARNEIRO, 2020, p. 14)

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