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O mundo das organizações

Por:   •  22/10/2016  •  Artigo  •  6.329 Palavras (26 Páginas)  •  259 Visualizações

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QUALIDADE DE VIDA E O ESTRESSE NO TRABALHO

QUALITY OF LIFE AND STRESS AT WORK[a]

NÍDIA MINUSSO[b][c]


Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo desenvolver um estudo sobre a qualidade de vida e o estresse no trabalho, considerando o significado do trabalho e a sua subjetividade nas relações pessoais, bem como o sentido que este assume na vida dos indivíduos, podendo implicar em sofrimento e gerando estressse[d], o que repercute diretamente na qualidade de vida. [e]Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica, através da qual constatou-se [f]que o trabalho é elemento imprescindível [g]para a vida humana, no entanto, muito comumente este implica em causa de sofrimento, gerando situações de estresse, manifestando-se na qualidade de vida do trabalho.[h][i][j]

Palavras-chave: Trabalho. Sofrimento. Estresse.

Abstract

Key-words:

.......[k]

1 O TRABALHO

Dentre suas várias conceituações[l], o trabalho relaciona-se sempre a uma dada cultura ou civilização. O Trabalho humano ao passar dos tempos surge com a intencionalidade das ações humanas juntamente com o desenvolvimento de sua consciência para garantir a sobrevivência individual e coletiva e repassar os ensinamentos de geração em geração (ARRUDA, 2001). [m]No entanto, desde os tempos mais remotos, tanto o conceito social e histórico quanto o conceito etimológico da palavra trabalho, aparecem associados a idéia de sofrimento, tortura, dor, como se o trabalho não fosse uma atividade natural ao ser humano (ALENCASTRO 1997). [n]De acordo com Morin:

O trabalho ao longo do tempo foi adquirindo vários significados para o homem. Concebido como castigo e penitência no início do cristianismo e glorificado na reforma protestante, quando passou a ser visto como virtude e salvação – visões que ainda hoje povoam o imaginário popular –, é ainda na atualidade considerado por grande parte de analista social categoria central para pensar a vida social. (MORIN, 2002, p. 39).[o]

Alencastro (1997) [p]ressalta ainda que etimologicamente, a palavra trabalho aparece ligada a algo conhecido por Tripalium, sendo este um instrumento composto de três paus e com ponteiras metálicas, onde o qual era utilizado para iniciar a manipulação do milho, ou seja, rasgar a casca do mesmo após sua colheita. Ressalta também que o mesmo Tripalium servia como instrumento de tortura em escravos.

Neste sentido Morin (2002, p. 40) destaca que, “o trabalho desenvolvido em certas condições exerce pressão psíquica sobre o trabalhador, gerando sofrimento devido ao embate entre expectativas e projetos de vida do trabalhador e uma dada organização do trabalho que não abra espaço para que eles sejam considerados.”

Trabalhar envolve a mobilização do corpo e da inteligência para um objetivo de produção, em que se objetiva a engenhosidade humana, de tal modo que se produzem no mesmo movimento o trabalho e a si mesmo, engendrando-se aí a potência de transformar o sofrimento em prazer. Enfim, trabalhar define-se como aquilo que o sujeito deve agregar às prescrições para poder atingir os objetivos que lhe são assinalados. Ou ainda, aquilo que deve agregar de si mesmo para fazer face ao que não funciona quando se segue escrupulosamente as prescrições. (DEJOURS; DESSORS; DERIAUX, 1993, p.14).[q]

Na vida sócio cultural a articulação entre indivíduo e coletivo passa, obrigatoriamente, pela dimensão do trabalho, e sua importância e exaltação na sociedade ocidental concedem ao papel de trabalhador um lugar de destaque entre os diversos papéis sociais representativos do eu. Assim, atualmente, pensar o homem é, necessariamente, pensar o trabalho e vice-versa. E mais do que isso, pensar o trabalhador é pensar o homem ligado a organizações através de laços materiais, morais, ideológicos, sócio econômicos e psicológicos (DEJOURS, 1992).

O trabalho, além de ser um meio de prover as necessidades básicas do sujeito, representa uma possibilidade efetiva de promover a organização subjetiva. Conforme Dejours,

 

O trabalho ocupa um lugar muito mais importante na luta contra a doença do que se supunha até agora nas concepções científicas [...] a normalidade é fundamentalmente enigmática. Ela nunca é dada como um presente da natureza: ela supõe uma construção feita por cada um dos sujeitos, uma luta incessante para conquistar o que se perde, refazer o que se desfaz, reestabilizar o que se desestabiliza. Imediatamente descobrem-se a habilidade, a inteligência, a astúcia inacreditável dos homens e das mulheres em inventar estratégias defensivas que lhes permitem permanecer dentro da normalidade. (DEJOURS, 1992, p. 164-165).[r]

O trabalho é fundamental para a constituição da subjetividade humana, por ser uma das fontes de realização de importantes necessidades do homem.[s]

1.1 Trabalho e Subjetividade

Considerando que a vida é uma constante tensão entre o “eu” o projeto que somos [t]e as circunstâncias concretas, o ser humano, encontra-se frente à difícil tarefa de se realizar através das suas atividades.

O trabalho, quando não oprime e aliena, ou seja, quando realiza o desejo e as potencialidades do trabalhador, constitui uma dimensão de interioridade da vida; é um dos caminhos que levam o homem à sua plena realização, à sua felicidade. Mas a luta pela reprodução material impõe ao homem, muitas vezes, a execução de tarefas alheias ao seu desejo às quais ele jamais se habitua (DAVEL; VERGARA, 2001[u]).

Contudo, a alienação dos homens no processo de trabalho, em todas as suas formas, “não é uma consequência necessária da condição humana mas um desequilíbrio, fruto da configuração que tem tomado historicamente as forças produtivas e as relações sociais de produção.” (DAVEL; VERGARA, 2001, p. 42[v]).

Ainda de acordo com Davel e Vergara (2001, p.42[w]) ao considerar a subjetividade no estudo das pessoas nas organizações se está levando em conta a experiência humana no seu modo mais complexo, rico e profundo. Pois no pensamento filosófico grego “subjetividade é aquilo que é fundamental ao ser humano e que permanece subjacente.” Estando relacionado com o interior da pessoa, sua singularidade; enfim, tudo que diz respeito ao modo individual de cada um ser.[x]

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