Resenha Filme O Poço
Por: Kaliber • 8/11/2020 • Resenha • 438 Palavras (2 Páginas) • 316 Visualizações
O POÇO. Direção de Galder Gaztelu-Urrutia. Espanha: Netflix, 2019. (94 min.).
O poço é dividido em vários níveis, onde a comida é colocada no nível zero e vai descendo. Aqueles que estão nos primeiros níveis tem acesso a toda comida e costumam se empanturrar o máximo que podem, não se importando se irá sobrar para os que estão nos níveis mais baixos, sendo que alguns desperdiçam e cospem na comida como forma de se vingarem daqueles que estão abaixo e que em um outro momento possivelmente estavam em níveis acima. Isso porque cada dupla permanece num nível por apenas um mês.
Um homem (Goreng) acorda dentro do que parece ser uma prisão vertical de concreto e é cumprimentado por outro mais velho (Trimagassi), que o informa que eles estão no nível 48, e isso não é de todo ruim, pois quanto menor o número melhor. Enquanto conversam, uma luz acende e uma plataforma desce pelo meio da cela, parando por algum tempo no nível em que estão, e trazendo vários pratos de comida com os restos do que sobrou nos níveis superiores, descendo depois de um tempo. Durante o filme, ficamos sabendo que existe uma administração e algumas regras, uma delas é que eles não podem guardar comida, pois se pegarem algo para comer depois, são torturados por frio ou calor e outra é que cada pessoa pode escolher um objeto para levar consigo.
Quando a dupla Goreng e Trimagassi, que até então haviam construído uma relação de amizade, muda para o nível 171, onde a comida não chega e o instinto de sobrevivência fala mais alto, o filme nos leva para baixo, onde as atitudes sanguinárias podem ser justificadas pelo dilema matar ou morrer, nessa hora dá para perceber o quanto o objeto que eles levam consigo pode determinar a sobrevivência.
Com o passar do tempo e o contato com outras pessoas no poço, Goreng acredita que descobriu a lógica do poço, e pensa em um plano que acredita ser capaz de acabar com o mecanismo que mantem o lugar funcionando.
Através da metáfora do poço, o filme busca debater as divisões de classe e a capacidade que temos de abandonar todas as nossas convicções diante do desespero para sobreviver. Os diálogos entre os personagens são muito interessantes e fazem não só o protagonista refletir sobre sua situação, mas também nós, aqui do lado de fora. O poço não é um filme que vai agradar a todos os espectadores, e talvez esse seja o seu intuito, mas ele é importante por nos fazer enxergar de forma drástica situações que estamos vivendo na nossa realidade ou até que possamos viver um dia.
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