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Unopar 6 semestre individual

Por:   •  31/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.817 Palavras (20 Páginas)  •  282 Visualizações

Página 1 de 20

O Negro nas obras de Monteiro Lobato

Por Maíra Althoff De Bettio

Monteiro Lobato apresentava em suas obras a realidade brasileira, que possuía (e ainda possui) características preconceituosas, ou seja, traços racistas em relação aos negros. Diante deste panorama, muitos consideravam o autor em questão preconceituoso. O que chama muito a atenção nas obras do autor é a ambiguidade, justamente o que gera esta discussão acerca do racismo ou não do escritor.

Particularmente, não vejo Monteiro Lobato como um escritor racista, apenas como alguém que representava a realidade brasileira em suas obras. Se ele assim o fosse, não intitularia uma de suas publicações com “Histórias de Tia Anastácia”, que conta com muitos causos populares e folclóricos, contados oralmente pela própria.

Tia Anastácia, como muita gente sabe, é uma das figuras criadas por Monteiro. Negra, trabalha na casa de uma família matriarcal branca e passa a maior parte do tempo na cozinha. Retomando a publicação que leva o nome da personagem, na qual constam desacatos da Emília (boneca de pano que tem vida) com a empregada, segue um exemplo:

“Parecem-me muito grosseiras e até bárbaras - coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não gosto, não gosto, e não gosto!”

Mas a boneca tagarela não é mal-educada apenas com Tia Anastácia, ela passa dos limites com qualquer pessoa que vá de encontro ao seu gosto. Como continuação do exemplo anterior, na passagem em que Dona Benta (dona do sítio em que trabalha Tia Anastácia) censura Emília, esta retruca mostrando-lhe a língua. Aqui, a hierarquia também está presente, tendo em vista que Emília afronta de maneira diferenciada Dona Benta e Tia Anastácia.

Ao mesmo tempo em que Emília faz pouco caso das histórias que ouve de Tia Anastácia, Pedrinho (neto de Dona Benta) enaltece a cultura popular contada pelos negros:

“As negras velhas são sempre muito sabidas. Mamãe conta de uma que era um verdadeiro dicionário de histórias folclóricas, uma de nome Esméria, que foi uma escrava de meu avô. Todas as noites ela sentava-se na varanda e desfiava histórias e mais histórias”

E o menino ainda conclui:

“Tia Nastácia é o povo. Tudo o que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o leite de folclore que há nela”

Lobato utiliza características africanas na construção de outro de seus personagens negros, Tio Barbabé (que também é um sábio dos costumes populares e do folclore), e reconhece a importância desta influência africana na cultura brasileira. Além disso, o autor – no conto “Negrinha” – denuncia crueldades presentes no escravismo.

Fonte:
A Figura do Negro em Monteiro Lobato, por Marisa Lajolo. Disponível em:
http://www.unicamp.br/iel/monteirolobato/outros/lobatonegros.pdf

Monteiro Lobato e a questão do racismo

sex, 19/04/2013 - 10:00

Atualizado em 02/09/2013 - 05:36

NRA

Comentário ao post "As obras e as polêmicas de Monteiro Lobato"

Do Aletria

Monteiro Lobato: um racista fracassado - Leitor errante

A novela Monteiro Lobato há de durar alguns milhares de capítulo, mas a requentada causada pela audiência conciliatória no STJ parece demonstrar que após dois anos, a polêmica continua servindo apenas de plataforma para manifestações políticas e que nenhum dos lados se preocupou em realmente debater a questão, para justificar aquela posição agnóstica que sempre surge durante as polêmicas: ao menos serviu para discutir o assunto.

Por um lado, continuam defendendo Lobato como se o parecer do MEC que causou todo o caos fosse uma proibição da obra de Lobato nas escolas. E do outro lado, continuam ignorando a obra de Lobato para levantar a bola do combate ao racismo, sem conhecerem a obra em questão ou qualquer aspecto mais profundo da obra de Lobato.

Isso não tem nada a ver com educação e literatura.

Tudo começou em 2010, quando Antônio Gomes da Costa Neto fez uma denúncia indicando que a obra “Caçadas de Pedrinho” apresentavam expressões racistas, especialmente relacionadas ao tratamento dispensado à personagem Tia Nastácia.

A polêmica aumentou, pois a revista Bravo havia publicado algumas cartas “bombásticas” mostrando que Monteiro Lobato, entre outras coisas, admirou a Klu Klux Klan e a eugenia. Como de costume, nenhuma reflexão valiosa foi produzida pela matéria, nada além, de alimentar os movimentos que combate o racismo. Assim, a guerra contra “Caçadas de Pedrinho” virou uma guerra contra Lobato.

Paralelamente, os bastiões culturais brasileiros, partiram em defesa ao ator e a obra. A idéia de censura foi levantada e a importância histórica e cultura do autor foram usadas em sua defesa. Não creio que muitos desses autores sequer se lembrassem das leituras da infância. Afinal, não vi muitos argumentos que refutassem que os argumentos favoráveis ao racismo. A principal defesa era: Monteiro Lobato foi um homem do seu tempo.

Com esta defesa que não passa de um apelo à autoridade canônica de Lobato, a ideia do racismo inquestionável de Lobato cresceu. A polêmica ficou congelada até os últimos dias, quando o STJ realizou dois encontros malogrados para avaliar o caso. De um lado, o MEC, disposto a cumprir o recomendado pelo avaliador, do outro o IARA, que de maneira oportunista, exige que algo seja feito além do parecer do próprio MEC, pois estão certos do racismo. É claro que no Brasil, racismo é crime, então pouco entendemos qual é a posição exata da IARA, que prefere aparecer na mídia por conta de um programa do governo do que perseguir efetivamente o crime de racismo. Por outro lado, a posição extremista da IARA fica mais aparente, já que no melhor estilo “caça aos monstros” já começaram a perseguir Monteiro Lobato de maneira direta, ao “denunciarem” o racismo da obra a “A Negrinha”.

A completa falta de dialogo e o oportunismo desonesto de atitudes da IARA pode afetar um bom programa de distribuição de livros. E mais, ao invés de auxiliarem a formar leitores, esses senhores querem, no melhor estilo reacionário que caracterizou o pensamento ignorante que propiciou exatamente o preconceito que dizem combater.

É preciso conhecer a obra e o autor bem para ter a tamanha certeza que vêm demonstrando ao afirmarem com certeza que Lobato era racista, assim como a sua obra.

* * *

Por exemplo, não há dúvida da simpatia de Lobato pela eugenia. O que é falso é que isso faz de Lobato quase um Nazista, coisa sugerida por diversos comentários que ligavam a eugenia à origem do nazismo (outra falsidade, a eugenia era apenas conivente ao pensamento nazista, não uma de suas causas). A eugenia estava naquela época ligada ao conceito da superioridade cultural europeia. Na mixórdia que justificava a eugenia, primava a ideia de que os outros povos não desenvolveram o potencial por uma inferioridade racial, justificada pelo domínio geopolítico europeu. Eram as maravilhas do darwinismo social. As leituras europeias viam o Brasil como um fracasso garantido pelo alto grau de miscigenação que ocorria aqui. A eugenia gozou de grandes simpatias pela elite intelectual, que claramente, tinhas grandes tendências europeias. É essa a eugenia que agrada Lobato, que segue a moda de seus “pares”. Nada tem a ver com a eugenia nazista, com o foco na biologia e manipulação genética. Basta olhar o a principal obra sobre eugenia, “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. A sociedade daquele mundo não só faz o controle genético, mas utiliza drogas e a cultura para criar sua “utopia”. Livros não são permitidos, hábitos de consumo reforçados e os intelectuais convidados ao exílio voluntário. Lobato também não dissociava a cultura da eugenia. Afirmava que a literatura e não os laboratórios seriam seu instrumento para o aprimoramento social.

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